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Lobos sofrem massacre no Canadá por interesse da indústria de petróleo

24 de fevereiro de 2015
6 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Care2
Foto: Care2

Um massacre desumano de lobos está ocorrendo nas mãos do governo de Alberta, no Canadá. A matança é consequência da exploração de petróleo e gás, e da extração de madeira industrial, que colocam em perigo também as renas caribu. As indústrias e o governo de Alberta transformaram o habitat boreal das renas em uma paisagem que não pode mais fornecer a comida, a proteção e a segurança que estes animais necessitam para sobreviver.

Em vez de resolver o problema, ou seja, a destruição do habitat sustentável, Alberta escolheu os lobos como bode expiatório, muitos dos quais estão agora utilizando uma extensa rede de novas estradas e corredores, gerada pela indústria, para chegar a números cada vez menores de renas. As informações são do Huffington Post.

Há uma década, o governo de Alberta vem contratando biólogos, junto com o equivalente a matadores, para matar mais de 1.000 lobos via tiro aéreo de helicópteros, envenenamento com estricnina, e estrangulamento com laços no pescoço. Eles também usam armadilhas, colares, e criam os chamados lobos “Judas”, que são usados para trair a localização de outros membros do bando através de um colar no pescoço. Depois de matar todos os membros do bando, exceto o lobo com o colar, os matadores são levados por esse lobo “Judas” para mais lobos, que também são mortos. Segundo informações da Care2, mais de 1.000 lobos já foram mortos.

Além de tiro aéreo, a estricnina é colocada para envenenar os animais. Muitas outras espécies também comem o veneno e igualmente morrem de maneira excruciante.

Outra forma de tortura são as armadilhas de laço. Informações até 2012 mostram que na região de Little Smoky, em Alberta, principalmente as armadilhas de pescoço mataram um mínimo de 676 outros animais, além de lobos. Ironicamente, as renas caribu estavam entre os animais “não-alvo” que foram mortos.

O governo de Alberta tem mais controle letal planejado para Little Smoky e outras partes do caminho do petróleo. Em novembro de 2014, a província emitiu uma “RFP” (projeto de proposta) para contratar “serviços de helicóptero para o rastreamento de renas, capturas, rádio-encoleiramento, e para o rastreamento de lobos, capturas, rádio-encoleiramento e atividades de controle letais até 31 de março de 2015”. Destaca-se, dentre os objetivos do projeto indicados na RFP, o “controle letal de lobos – eutanásia de lobos a partir do ar, usando armas de fogo”. São requeridos conhecimentos especializados para rastrear, localizar e matar os lobos, com e sem colar, a partir do espaço aéreo.

O tiro é considerado um “método eficaz de sacrifício humanitário” de animais selvagens, segundo diretriz de 1993 do Canadian Council on Animal Care (Conselho de Cuidado Animal do Canadá – CCAC), “se realizado por peritos e se o animal for baleado à queima-roupa”. A bala deve atingir o cérebro, pois alega-se que assim o animal se tornaria “imediatamente insensível à dor” ou, de forma “menos favorável”, o coração e os pulmões. Essa diretriz do CCAC, que é aprovada pelo governo, é tão abjeta e absurda quanto a atitude de se perseguir e atirar em um animal que corre de um helicóptero.

Com a estricnina, condenada conforme diretriz do próprio CCAC de 1973, o animal morre por asfixia causada por paralisia dos músculos respiratórios.

Armadilhas de laço são as mais desumanas, legalmente permitidas, em uso. Os laços podem pegar animais pelo pescoço, barriga, ou por um membro. Conforme o animal se esforça para se libertar, o fio fica mais apertado em torno de seu corpo. Isso pode resultar em pernas quebradas, órgãos esmagados, e asfixia. Animais capturados nessas armadilhas morrem devagar. O uso de armadilhas de laço para matar lobos é uma violação de um tratado internacional, o “The Agreement of International Humane Trapping Standards” (Acordo de Normas Internacionais para Armadilhagem Humana), do qual o Canadá é signatário e que entrou em vigor em 1 de junho de 1999.

Os especialistas em carnívoros de grande porte da Raincoast Conservation Foundation, Dr. Heather Bryan e Dr. Paul Paquet, junto com colegas da Universidade de Calgary e de Bar-Ilan, em Israel, foram autores de um artigo científico, publicado na revista britânica Functional Ecology, sugerindo que lobos que são muito caçados ou sujeitos a controle letal intensivo (como o massacre de Little Smoky) experienciam significativos estresses social e fisiológico. Os cientistas usaram pequenos tufos de pelo para medir os hormônios cortisol, testosterona e progesterona em lobos sujeitos a diferentes pressões de caça no Canadá.

Embora os efeitos a longo prazo do estresse cronicamente elevado e da alteração de hormônios reprodutivos sejam desconhecidos, existem potenciais implicações para a saúde da vida selvagem, para o bem-estar, comportamento e a sobrevivência a longo prazo. Os efeitos do estresse são muitas vezes sutis, mas o mal que se segue pode ser agudo, crônico e permanente, por vezes durante gerações.

A matança de lobos em Alberta é emblemática de um paradigma de gestão da vida selvagem anacrônico e prejudicial, muito prevalente em todo o Canadá. Ela também reflete a escolha da sociedade em manter o curso da extração de combustíveis fósseis em escala industrial insustentável, que é a causa raiz da caça massiva dos lobos na região.

Espelhado em Alberta, o governo de British Columbia acaba de anunciar um plano para matar cerca de 200 lobos nas regiões de South Selkirk e South Peace da província que anuncia ostensivamente o salvamento das renas caribu. A matança em B.C. vai empregar helicópteros para atirar nos lobos antes do derretimento da neve.

Em entrevista ao The Tyee, Dr. Chris Darimont, diretor de ciência da Raincoast e professor de geografia na Universidade de Victoria, disse: “Esta é uma última trincheira, um derradeiro esforço para salvar as renas caribu não por causa dos lobos, mas por causa do desenvolvimento, e desenvolvimento agressivo, pelo ser humano em seu habitat por algumas décadas”. Citando a pesquisa sobre a matança de lobos em Alberta, Darimont, especialista em carnívoros, disse que a maneira de lidar por parte do governo de British Columbia “provavelmente não vai funcionar…estas paisagens não vão favorecer as renas novamente por um tempo muito longo. O dano que tem sido feito é maior do que a capacidade delas em se recuperar, mesmo com a intervenção agressiva”.

Os exercícios macabros de futilidade representados pelos massacres de lobos em Alberta e British Columbia mascaram a recusa obstinada em reconhecer a causa final de declínio das renas caribu em ambas as províncias. “Os governos e as indústrias mais responsáveis pela morte do ambiente natural do Canadá têm perversamente e consistentemente desviado a responsabilidade e a prestação de contas para os outros, incluindo os lobos cinzentos”, disse Paul Paquet, cientista sênior da Raincoast.

Para se manifestar contra a atitude do governo de Alberta e ajudar a impedir a matança de ainda mais animais da região, assine a petição.

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