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A empatia é um colete salva-vidas diante de um mar de indiferença

19 de setembro de 2014
2 min. de leitura
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Em entrevista publicada no jornal La Repubblica, no dia 17 de setembro de 2014, o oncologista e ex-ministro da Saúde italiano, Umberto Veronesi, afirmou que as pessoas devem parar de comer carne, porque tem muita coisa importante em jogo nessa maneira de se alimentar. Ele disse: “Devemos revolucionar nosso estilo de vida. É necessária uma nova ética de responsabilidade. Hoje um bilhão de pessoas passam fome enquanto outros dois bilhões sofrem de doenças causadas pelo excesso de comida. É necessária uma alimentação mais saudável e mais respeitosa do planeta. Por exemplo, nos convencendo de que devemos parar completamente de comer carne. Começamos comendo menos. Talvez uma vez por semana em vez de duas vezes ao dia. Não ganharemos só saúde. Foi calculado que para produzir um quilo de carne são necessários 20 mil litros de água. Não será mais possível isso no futuro. Devemos esquecer essa maneira de se alimentar”.
Ele próprio vegetariano, Dr. Veronesi não contou nenhuma novidade para mim nem para muitos adeptos da alimentação sem carnes. Mas declarações como essa não deixam de causar efeito, pois é um médico oncologista e ex-ministro da Saúde, o que rende muita credibilidade à informação e, consequentemente, acaba convencendo um monte de gente a se tornar vegetariana. Na Itália, onde moro, 6 milhões de pessoas se declaram vegetarianas e isso me enche de esperanças, porque acredito que o vegetarianismo seja o primeiro passo em direção a um mundo mais empático, mais justo. Uma pessoa capaz de mudar seus hábitos alimentares e permanecer nele por amor aos animais, por respeito ao planeta e por saber que o espaço ocupado por um rebanho poderia alimentar muito mais gente se fosse ocupado por vegetais é uma pessoa empática. É uma pessoa capaz de se colocar no lugar de outro ser vivo que tem capacidade de sentir e reagir ao que acontece ao seu redor. Não tenho dúvidas de que a empatia seja a ferramenta mais poderosa contra qualquer tipo de indiferença.
O problema é que aparentemente estamos vivendo em um oceano de indiferença. Até quando muitos de nós, animais humanos, vamos continuar indiferentes ao sofrimento alheio e ao desastre ambiental que essa gula por carnes está provocando? Quando ouço alguém falando que os animais não sofrem e que os vegetarianos são sentimentalistas baratos (“porque os animais estão aí para serem usados”), não me pergunto o que essa pessoa tem no coração, mas sim na cabeça. Afinal, ser vegetariano não tem a ver apenas com um conceito (racional) de justiça em relação à vida e à liberdade dos animais, mas é também uma maneira de encarar os fatos e colocar em prática uma atitude a favor de um mundo melhor.

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