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Vereador de Nova Odessa (SP) atende animais no gabinete

13 de agosto de 2014
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O vereador José Cláudio Schooder (PDT), o Leitinho, assumiu ontem durante o uso da tribuna na sessão da Câmara de Nova Odessa que realiza atendimento médico a cães em seu gabinete. Leitinho é médico veterinário e alegou que, da mesma forma que atende a população, também não poderia deixar de exercer sua outra profissão. O presidente da Casa, Vagner Barilon (PSDB), afirmou que vai pedir que a Procuradoria Jurídica do Legislativo avalie a legalidade do ato. Especialistas contestam a atitude.

Leitinho, vereador em Nova Odessa, afirmou que não cobra pelos atendimentos. (Foto: Claudeci Junior | TodoDia Imagem)
Leitinho, vereador em Nova Odessa, afirmou que não cobra pelos atendimentos. (Foto: Claudeci Junior | TodoDia Imagem)

Leitinho relatou que não vê motivo para não fazer isso e que, no final de semana, cuidou de um cachorro encontrado na rua. “Peguei três na mata com a mãe, consegui doar um e um ficou no meu gabinete o final de semana. Sou médico veterinário e não posso deixar o cachorrinho morrer na rua. Luto pela população e pelos animais também”, informou.

O cachorro que estava em seu gabinete foi doado ontem, após receber atendimento médico na própria Câmara. “Dei medicamentos porque estava fraco, dei vitamina, dei vermífugo e hoje (segunda-feira) consegui uma adoção para ele. Isso aí que é importante, trabalhar para ajudar a população, fazer o papel de fiscalizador e também fazer minha profissão que é veterinário”, contou.

Segundo Leitinho, se ele atende a população, pode atender cachorro também. “Para mim não faz diferença, mas para os outros políticos faz, porque o animal não vota. Se estou no gabinete e a pessoa trouxer o cachorro doente, com certeza vou mandar subir e vou atender ele, com todas as normas de higiene que a gente sabe que deve ter”, afirmou.

Higiene

A questão higiênica foi apontada pelo médico sanitarista Roberto Mardem Soares Farias, que atua no Distrito Leste em Campinas, como inadequada. “É uma situação esquisita, porque não sei exatamente que tipo de atendimento ele dá. Não parece adequado atender animais no mesmo lugar em que recebe pessoas, pois podem circular vírus e bactérias e ser problemático para as pessoas”, finalizou.

Barilon se mostrou surpreso e disse que não tinha conhecimento do assunto. “Essa é uma informação nova para mim e grave. A Câmara não foi feita para isso. Essa não é a função do poder Legislativo, por mais que eu goste e tenha animais domésticos”, afirmou.

Barilon disse ainda que vai consultar o jurídico da Câmara. “O Tribunal de Contas vai apontar que você não pode usar uma estrutura legislativa para fazer atendimento que cabe, se for feito, ao poder executivo. Vou tomar as devidas providências para que, se estiver ocorrendo, pare de acontecer”, garantiu.

Para o advogado e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo Eduardo Arruda Alvim, as dependências da Câmara não devem ser usadas para este fim. “O atendimento em si não é ilegal, mas usar as dependências da Câmara para este fim não está parecendo correto. Digo em termos genéricos, já que não conheço as particularidades do caso”. Para o advogado Daniel Willian Granado, o uso da Câmara para esta finalidade não parece legal.

Problema

Leitinho contou ainda que Nova Odessa não possui um local destinado ao tratamento e adoção dos animais, somente o Canil Municipal. “Tem o Canil Municipal, da Associação Protetora dos Animais, que a prefeitura repassa uma verba, mas está superlotado e tem muito vírus. Você leva um filhote para lá e duas, três semanas, está morto. Então prefiro o animal no meu gabinete, tentando uma adoção ou em alguma casa provisória, do que levar para o canil, que é a mesma coisa que levar para a morte”, afirmou.

De acordo com Leitinho, todo o atendimento é gratuito, independente se for um animal abandonado ou de alguma família humilde. “Faço de graça. Se tenho o medicamento, eu dou, se não tenho, indico para comprar”, finalizou.

Fonte: Todo Dia

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