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O Confronto: “a humanidade mostra sua face”

4 de agosto de 2014
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O cinema está lotado. “Planeta dos Macacos: O Confronto” se desenvolve cativando a atenção dos presentes, especialmente crianças acompanhadas dos pais e adolescentes. César, o chimpanzé que venceu a barreira genética da fala, se comunica com a palavra, machucado pela duplicidade da conduta dos humanos, afirma “macaco não mata macaco”. Porém, os humanos agem diferente, “os humanos traem”. A plateia dá um som coletivo de aprovação àquela afirmação.

No desenrolar do filme, há humanos bons, que procuram um acordo com os primatas não humanos, e outros que planejam a morte de todos os não humanos.

César, o líder da comunidade dos grandes símios que moram nos bosques perto de São Francisco, após terem escapado de zoológicos e laboratórios de tortura médica, foi criado por humanos, não tem o ódio que seus comandados têm dos humanos, que os torturaram e mantiveram prisioneiros anos a fio. Quando os comandados, liderados pelo chimpanzé Koba, descobrem que a traição ao acordo está sendo gerada, se antecipam e atacam os humanos, eclodindo uma guerra, muito parecida com a que hoje acontece no mundo entre humanos.

É algo parecido ao que nós vivenciamos diariamente no Santuário. Nós temos um grupo de chimpanzés criados por nós, que têm uma consciência e uma vivência de vida com os humanos, bem diferente da outra metade, que sofreu indizíveis padecimentos em mãos de humanos em zoológicos e circos. Eles não entendem o lado rebelde dos que sofreram privações e dor em mãos dos humanos que conheceram. Os chamados “os nossos” se comunicam com a gente, nos entendem, e nós os entendemos, e dificilmente farão algum dano aqueles em quem confiam. Os machucados pela humanidade que os explorou são uma “bomba relógio” a explodir em qualquer oportunidade.

Apesar dos humanos do filme serem um punhado de sobreviventes de uma pandemia de gripe símia, que escapou dos laboratórios de tortura médica e liquidou grande parte da população, ainda têm aquele dom dominante, violento e controlador do território que pisam. E usam a força bruta, especialmente as armas da tecnologia humana, para fazer valer seu domínio e erradicar seres que consideram inferiores.

O dilema que o filme dirigido magistralmente por Matt Reeve coloca em cena é a cruz que a humanidade carrega diariamente, destruindo tudo em sua volta para continuar sendo, erradamente, a espécie dominante.

Em poucos anos mais – talvez 2030 ou muito antes, se a epidemia de EBOLA que afeta a todos os primatas não for contida – todos os grandes símios terão desaparecidos da vida livre. Seu habitat terá sido substituído por humanos que só pensam em enriquecer rapidamente, dominando seus pares em cada centímetro quadrado deste Planeta, que deveria ser de todos nós, humanos e não humanos, que terminarão se autoaniquilando.

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