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Abrigo salva ouriços expulsos de seu habitat na Polônia

28 de julho de 2014
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O ativista polonês Andrzej Kuziomski, criador da Fundação Kuziomski Igliwiak, o único centro de tratamento para ouriços na Cracóvia, segura em suas mãos Smoky, que foi envenenado com pesticidas

Muito fraco para ficar de pé depois de engolir veneno para matar lesmas de jardim, o ouriço Smoky ainda tem chances de sobreviver graças a um polonês que criou um abrigo para ouriços.

Andrzej Kuziomski é o dono do primeiro e único abrigo para esses animais na Polônia. Ele teve a ideia de criar o espaço enquanto trabalhava como entregador de encomendas. Durante seu leva-e-traz de bicicleta, ele costumava se deparar com centenas de animais mortos no caminho.

“[O ouriço] Smoky não comeu nada durante dias… Ele pesa menos de metade do que deveria”, afirmou Kuziomski, enquanto acariciava as costas espinhentas do animal, em entrevista à agência de notícias AFP.

O refúgio, localizado nos arredores de Cracóvia, tem espaço para até 50 ouriços doentes ou feridos. Expulsos de seu habitat pela rápida urbanização e vítimas de envenenamento pelo uso de pesticidas, os onívoros tiveram que se mudar gradativamente para a cidade.

Embora temidos por seus espinhos, os ouriços não têm proteção contra os pneus dos carros. Mesmo seu ‘mecanismo’ natural, que lhes permite virar uma bola, não contribui para salvá-los das pragas urbanas.

De acordo com Kuziomski, os ouriços entrarão na lista de animais em risco de extinção na Europa dentro dos próximos 20 anos. “Se nós não fizermos algo agora, em breve nossos filhos só vão ler sobre esses animais em livros”, diz o ativista.

Cortadores de grama, cães e jardineiros

Em cidades e subúrbios, ouriços também são “picados por cortadores de grama, atacados por cães, ou mesmo queimados vivos por jardineiros, que ateiam fogo em pilhas de folhas nas quais os ouriços gostam de dormir”, acrescenta Kuziomski.

A paixão desse polonês pelas criaturas espinhosas começou em 2007, quando passava pelas ruas de Cracóvia como mensageiro de bicicleta. “Todos os dias, eu via dezenas de ouriços esmagados por carros. À noite, tinha pesadelos. Foi quando decidi fazer alguma coisa”, diz ele.
Kuziomski encontrava animais muito debilitados, envenenados por pesticidas ou herbicidas, desmembrados ou queimados, como foi o caso de uma fêmea que resgatou e trouxe para o abrigo. “Ela parecia mais um frango assado recém-saído do forno do que um animal vivo”, relembra.

“Graças a várias operações, ela sobreviveu, mas nunca mais estará apta para ser liberada para a natureza. Vai ter de ficar no abrigo até o fim de seus dias.”

Desde 2010, Kuziomski já salvou dezenas de ouriços, a maioria liberados após tratamento de volta à vida selvagem, longe das cidades e de seus perigos.

Assim como os ouriços, que são criaturas noturnas, Kuziomski espera o sol se por para cuidar dos animais, levando comida, medicamentos, tratando feridas e limpando gaiolas.

De dia, ele dedica sua energia para angariar fundos para Igliwiak, fundação que criou para financiar o abrigo por meio do site.

Apesar do trabalho duro e fora do horário convencional, o único arrependimento de Kuziomski é ter pouco tempo livre para encontrar e ajudar mais ouriços. O abrigo vive apenas de doações e os custos para manter o espaço são elevados. Além dos gastos veterinários, ele compra cerca de 70 quilos de larvas por mês, que fica em torno de R$ 560.

Veterinários de uma clínica de Cracóvia que foram procurados para ajudar no tratamento de Smoky estão preocupados. “Nós vamos alimentá-lo por via intravenosa e tentar desintoxicar seu sistema,” afirma Przemyslaw Baran, após uma análise de seu estado de saúde. “Espero que ele sobreviva”.

Fonte: Boa Informação

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