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Mais de 50 mamíferos encalharam no Ceará em 18 meses

18 de julho de 2014
3 min. de leitura
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Em todo o litoral cearense, 53 mamíferos marinhos foram localizados encalhados de janeiro de 2013 até junho deste ano, entre animais vivos e mortos, segundo levantamento do projeto Manatí, que integra o Programa de Conservação de Mamíferos Marinhos da ONG ambiental Aquasis.

Foram 47 cetáceos, entre espécies de golfinhos e baleias, e seis sirênios – os peixes-bois marinhos, de acordo com a coordenadora do Manatí, Ana Carolina Meirelles, bióloga doutora em Ciências Marinhas Tropicais. “Esses encalhes aconteceram principalmente no litoral leste, nas regiões de Aracati e Beberibe”, afirma.

Esses números são menores do que os registrados nos anos de 2010 e 2011, período em que, segundo a bióloga, houve um número ápice de casos, porém, ainda são preocupantes. “O Ceará tem o triste recorde de ser o estado em que o peixe-boi marinho mais encalha no Brasil”, informa Ana Carolina.

Quinta e sexta-feira, profissionais do projeto, que conta com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental e apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), vão realizar a terceira expedição do ano de monitoramento e educação. O trecho será da da Praia de Iparana, na Caucaia, até o Caça e Pesca.

Além da busca por mamíferos marinhos vivos e carcaças de animais que vieram a óbito nos locais, a equipe, composta por um biólogo e um engenheiro de pesca, vai divulgar os telefones emergenciais de resgate da Aquasis.

“Apresentamos o projeto, explicamos nosso trabalho, passamos orientações sobre como proceder e prestar primeiros socorros aos animais encalhados vivos, e também como reportar em caso de óbito”, esclarece a bióloga e primeira vice-presidente da Aquasis, Cristine Negrão.

Desafios

Em Fortaleza, conforme conta Ana Carolina, há uma população de 40 botos-cinza, que sofrem com a pesca acidental, poluição e modificação do habitat. “A gente tem vários espigões, aterros, píer, que foram construídos ao longo do tempo e que geram impactos”, cita.

Ela reforça a importância do trabalho de monitoramento do litoral. “São indicadores da riqueza das espécies, que podem ajudar a gente a delinear ações pra conservação dos mamíferos”. Entre as pistas fornecidas pelo material, ela exemplifica: dados biológicos, como hábitos alimentares, reprodutivos, áreas habitadas e principais causas de mortalidade dos animais encontrados. O monitoramento é um começo. Depois, explica a coordenadora, várias outras pesquisas são feitas, das amostras provenientes do material encalhado.

Serviço

Contatos emergenciais de resgate da Aquasis

Telefone: (85) 3318 4911

Celular: (85) 9675 0665

Mais informações: www.projetomanati.blogspot.com.br

Saiba mais

Desde 2010, quando foram iniciadas as atividades de monitoramento, já foram realizadas mais de 20 viagens e resgatados mais de 250 mamíferos marinhos, principalmente golfinhos e filhotes de peixe-boi marinho.

A equipe do Projeto Manatí monitora toda a costa do Ceará periodicamente, cobrindo trechos pré-determinados.

Em 2014, foram percorridos, em março, os trechos entre Pontal das Almas, Barroquinha até a Praia de Almofala, Itarema e, em maio, o trecho entre a margem leste do Rio dos Torrões, Amontada até a Praia do Icaraí, Caucaia.

Nestas expedições foram encontradas três carcaças, todas de boto-cinza, mamífero marinho com maior número de encalhes no Estado, que sofre com a captura acidental em redes de pesca.

Em 13 de dezembro de 2012, o boto-cinza (Sotalia guianensis) foi declarado Patrimônio Natural de Fortaleza. Conforme a lei, cabe ao poder público e à coletividade a proteção da espécie e seu habitat. Além disso, 8 de junho, dias dos oceanos, foi instituído o dia do boto-cinza em Fortaleza.

Fonte: Jornal de Hoje

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