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Animais especiais ganham nova vida após adoção

31 de março de 2014
7 min. de leitura
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Foto: Divulgação
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Eles são cegos, doentes, deficientes e, muitas vezes, traumatizados com um passado de abandono e agressões. Mas, ainda assim, surpreendem pela capacidade intacta de amar e retribuir gestos de compaixão com muitos latidos, miados boas lambidas e a fidelidade de sempre. A adoção de animais especiais, no entanto, ainda é um constante desafio no trabalho dos “protetores” de Belo Horizonte e da região metropolitana. Este grupo, que ganha cada vez mais adeptos no trabalho de resgate de animais abandonados, tenta driblar o preconceito e garantir cada vez mais finais felizes.

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Luck, Lilith, Malu, Maria, Arthur: exemplos de cães e gatos que contaram com o afeto de quem deixou os medos de lado e decidiu dar uma casa nova para um animal especial. Quase todas essas histórias de sucesso tiveram a participação direta ou indireta da analista de ensino à distância, Cláudia Almeida. São 20 anos de dedicação no trabalho de protetora, que renderam inclusive a criação da ONG Gato Uai. A motivação, segundo ela, vem da vontade de dar uma “vida digna” à todos eles.

“Eles sentem fome, frio, medo, tudo o que sentimos. E também ficam doentes como nós. Acredito que a condição humana inclua amor a todos os seres, já que compartilhamos o mesmo mundo.”

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A paixão pelos animais começou em casa, onde sempre viveu rodeada pelos animais. Cães, gatas, galinhas, tartaruga e até pombos fizeram parte do cotidiano de Cláudia. Morando atualmente com o marido, ela está cercada por seus sete animais: seis gatos e uma cachorra. Entre seus “filhinhos”, como costuma chamar, está Joaquina: “linda, forte, saudável, carinhosa e ativa”, a gatinha de cerca de três anos não parece se afetar pelo fato de ser cega dos dois olhos desde que nasceu. Ela foi adotada no Rio de Janeiro, pelo marido de Cláudia e hoje é a “princesinha” da casa. A experiência com Joaquina só aumentou a vontade da protetora em ter mais animais especiais, que tenta espalhar essa ideia.

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“O preconceito ainda é grande, mas o que nós, protetores, tentamos mostrar, é que esses animais podem dar carinho e amor como todos os outros considerados ‘perfeitos’. Então, como em qualquer adoção, é legal que a pessoa que vai adotar pense no espaço que tem, no tempo que tem pra dedicar ao animal e que tenha consciência de que eles, assim como nós, precisarão de cuidados médicos em algum momento.”

Assim como Cláudia, a recepcionista Miriene Fernanda Viana, de 25 anos, também mudou a vida de uma gatinha. Lilith foi encontrada sangrando na rua e diagnosticada com fratura na coluna e na bacia: segundo Miriene, “nove entre cada dez” veterinários a orientaram a optar pela morte induzida da gata, que estava paraplégica. A jovem, no entanto, não desistiu: encontrou um profissional que operou Lilith e hoje, com ajuda de Fisioterapia, ela já começa a dar os primeiros passos. Feliz com o resultado, a recepcionista comemora a vida normal de Lilith.

“Ela se acha uma rainha, é muito folgada, muito feliz porque agora tem uma casa, tem amiguinhos.”

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A veterinária Andrêssa De Marco, de 29 anos, também contrariou qualquer prognóstico negativo para o cãozinho Luck, resgatado na rua com um tumor na orelha. Diante da gravidade da doença, ela decidiu retirar a orelha direita do animal e conter o avanço do câncer com oito meses de quimioterapia intensa. Hoje, faz exames de rotina e se declara “mãe babona”.

“Sempre quis adotar um cachorro que precisasse muito de mim. Clinicamente, ele tá ótimo, superfeliz. O fato de ele ter tido essa doença só me fez apaixonar ainda mais por ele”.

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Há cerca de dois anos, Andressa ainda ajudou a cadelinha Mel. Resgatada com machucados característicos causados pela leishmaniose, ela hoje tem uma casa nova e um tutor que se dedica à manter todos saudáveis. Segundo Andressa, cerca de uma semana depois de retirar Mel das ruas, ela recebeu o telefonema do candidato. Mesmo diante do diagnóstico, ele não se abalou. Já tinha outros animais que passaram por essa situação e fazia questão de cuidar da cachorra.

“Ela negativou para leishmaniose e hoje convive com os outros dois, que são tratados e fazem o controle da doença direitinho.”

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Para Fúlvia Macnog, o significado de “especial” não se refere ao fato de ter adotado uma cadelinha que tem três patas, mas sim por ter aprendido com a pequena Malu “quanto é simples ser feliz”. Ela conta que a cachorra nunca demonstrou tristeza ou qualquer alteração de personalidade devido à deficiência. Pelo contrário, “apronta trambicagens inacreditáveis”. Pula, corre, brinca e abre portas com a pata da frente

Tutora apaixonada, Fúlvia acredita que somente a indiferença e a falta de amor afetam a personalidade dos animais. Ela manda ainda um recado para quem tiver a chance de adotar um animal que precisa de cuidados especiais.

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“Não tenha pena dele. Ele é igual aos outros, apenas esperando uma oportunidade para ser tudo que quer ser: o melhor amigo que você terá.”

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A história de Luiza Papini e Victória, uma cadelinha de aproximadamente dois anos, começou há pouco tempo, mas foi “amor à primeira vista”. Victória foi encontrada pelo irmão de Luiza, em uma rodovia próxima à Sabará, região metropolitana. Cambaleante, assustada e toda machucada, ela resistiu ao resgate e tentou escapar, com medo de ser agredida. Diagnosticada com quadro grave de sarna e desnutrida, Vic superou tudo e, em apenas três meses, a melhora é “gritante”, segundo Luiza

O histórico de Luiza na aproximação com cães abandonados vem de longe: em 1996, ela adotou Lobinho, um Lulu da Pomerânia cego. Ela tirou o cachorro aos quatro meses de um canil e vem cuidando dele nestes 18 anos de vida.

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“Eu costumo dizer que ele é o homem da minha vida!”.

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Histórias como as de Lilith, Lobinho, Victória, Malu, Joaquina e tantos outros ainda não são unanimidade, mas, cada vez mais se repetem. A médica Glória Araripe, integrante da ONG Gato Uai assiste à desfechos felizes todos os dias e participa ativamente da mudança na vida destes animais. Na casa dela, são 60 gatos e quatro cachorros, além de oito que vivem temporariamente no imóvel. Além de Arthur, que perdeu uma das patas após ser atropelado, ela ainda convive com Maria, uma gatinha cega. As dificuldades, no entanto, não impedem os bichos de serem felizes e, de acordo com Glória, o comportamento do animal é reflexo do carinho que ele recebe.

“Se a pessoa tiver um tempo e amor para dar, o animal percebe isso e passa a aceitar a ser diferente, ele se modifica.”

Fonte: R7

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