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Publicação independente pela libertação ‘de humanos e outros animais’ circula em praias de SP

12 de março de 2014
3 min. de leitura
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Por Renata Mondini Takahashi (em colaboração para a ANDA)

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Desde o Carnaval, circula pelo litoral norte de SP a primeira edição do fanzine “O Abolicionista – Pela libertação dos humanos e de outros animais”. Em 20 páginas, a edição traz temas como manipulação midiática, direitos animais, meio ambiente, benefícios do uso da bicicleta, entre outros. O zine busca ir direto ao ponto, numa tentativa de comunicar ideias libertárias a jovens, adultos e crianças.

Na internet é possível ter acesso a um bom acervo de textos, filmes, livros e imagens que fazem críticas à sociedade moderna. Mas além do fato de nem todos terem acesso à internet, o internauta normalmente opta por acessar conteúdos relativos a temas com os quais ele já tenha familiaridade e interesse. Somado a isso há a concentração dos meios de comunicação de massa (como rádio e TV), o que dificulta a propagação de pensamentos anti-hegemônicos. Sendo assim, é importante que publicações independentes como os zines circulem nas ruas, e não apenas em guetos virtuais. Por isso, “O Abolicionista” tem sua versão impressa distribuída em locais públicos pelos próprios colaboradores.

O leitor interessado paga a contribuição que quiser pela publicação, no valor mínimo do preço de custo (o equivalente a 5 fotocópias frente e verso, que não ultrapassa um real). O trabalho coletivo de composição do zine (redação, diagramação, etc.) é voluntário e o dinheiro arrecadado que excede a cobertura das despesas de impressão fica na caixinha para as próximas edições, além de possibilitar que alguns exemplares sejam entregues de graça, para artistas e pessoas em situação de rua, por exemplo. Desta forma, “O Abolicionista” busca ser visto pelos mais diversos olhares, agradando-os ou não.

Levando os conceitos de “viral” e “copyleft” para fora da internet, “O Abolicionista” incentiva seus simpatizantes a fotocopiarem o zine parcial ou integralmente para distribuí-lo (dentro dessa ética do “pague quanto pode”), inclusive para ajudar a financiar coletivos e movimentos sociais alinhados aos valores libertários da publicação. Os PDFs para leitura e impressão também podem ser baixados pela página da revistinha no Facebook (https://www.fb.com/oabolicionista)

O nome “O Abolicionista” é referência a um jornal que circulou no Rio de Janeiro entre os anos de 1880 e 1881, que se posicionava a favor da abolição da escravidão negra, algo extremamente ousado para a época, uma vez que os jornais daquele tempo pertenciam à elite econômica que se beneficiava dessa infame organização do trabalho. Do mesmo modo, o novo “Abolicionista” se posiciona contra novas formas de exploração e violência naturalizados nos dias de hoje, como a exploração animal, a desigualdade social e o abuso do poder econômico no processo político.

O visual em preto-e-branco é composto por imagens de stencils, fotos modificadas e outras figuras que circulam nos muros das cidades e na internet, além de referências estéticas indígenas, como os padrões usados nas bordas das páginas.

O que é um FANZINE?

Fanzine (ou apenas “zine”) é uma publicação produzida e distribuída de forma independente. Normalmente as reproduções são fotocópias (xerox), e as tiragens não são grandes, na maioria dos casos não passam de mil. É comum que abordem temas subversivos, ignorados pela mídia. Muitos zines apresentam mensagens contra a propriedade, o consumismo, o machismo, o especismo, o capitalismo e contra a própria mídia convencional. Seu caráter quase sempre subversivo ao status quo é natural. Tendo em vista o complô midiático que controla a difusão da informação, os fanzines acabam cumprindo, ainda que de forma tímida, o papel de difundir a contracultura em um mundo empesteado pela publicidade, onde imprensa é empresa, onde ética e responsabilidade socioambiental vêm sempre depois do dinheiro.

Um zine não é uma publicação comercial, que visa o lucro. Sua finalidade se concentra na mensagem que quer passar adiante. Daí sua liberdade total em termos de linguagem e editoração gráfica, podendo mesclar páginas feitas no computador e ilustrações e textos feitos à mão.

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