EnglishEspañolPortuguês

Tartaruga da Amazônia corre risco de desaparecer em rio do Amapá

11 de março de 2014
4 min. de leitura
A-
A+

 

Apenas cinco pares de tartaruga da Amazônia foram encontrados em Oiapoque (Foto: Rubens Portal/Ibama)
Apenas cinco pares de tartaruga da Amazônia foram encontrados em Oiapoque (Foto: Rubens Portal/Ibama)

Um levantamento do Instituto de Meio Ambiente (Ibama) no Amapá constatou que a espécie tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) pode desaparecer do Rio Cassiporé, em Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá. O estudo, realizado em 2013, catalogou apenas cinco pares (macho e fêmea) de tartarugas. O número está muito abaixo do ideal para a sobrevivência estável do ciclo da cadeia reprodutiva, que seria de 200 pares do animal.

O levantamento faz parte do programa “Quelônios da Amazônia”, que visa promover em nove estados brasileiros a preservação de 18 espécies de quelônios. No Amapá, o projeto protege dez espécies desses animais.

Para especialistas, a pesca  somada à poluição do Rio Cassiporé, provocada pela atividade ilegal de garimpos no município de Oiapoque, são os causadores do desequilíbrio da cadeia da espécie.

“A tartaruga está sofrendo um risco muito grande e tende a desaparecer. Primeiro por causa da poluição do rio e depois pela pressão de consumo sobre o quelônio”, comentou o analista ambiental do Ibama Rubens Portal.

Projeto visa promover em nove estados brasileiros a preservação de quelônios (Foto: Eliazar Bezerra/Ibama)
Projeto visa promover em nove estados brasileiros a preservação de quelônios (Foto: Eliazar Bezerra/Ibama)

Para fomentar a reprodução da espécie em rios do Amapá, o Ibama estendeu o ‘Quelônios da Amazônia’ até a região do município de Oiapoque. A metodologia de preservação das espécies é baseada no uso de mecanismos considerados sustentáveis, como é o caso da transferência dos ovos depositados nas covas às margens dos rios para lugares mais altos, método chamado de ‘translocação’.

A transferência dos ovos tem o objetivo de proteger os ninhos de fatores ambientais e predatórios, como a incidência de inimigos naturais, principalmente de raposas e gaviões. Na Amazônia, a desova das tartarugas acontece entre os meses de agosto a dezembro.

No entanto para obter resultados no Rio Cassiporé, de acordo com o analista ambiental, seria necessário um longo período. Em Afuá, por exemplo, uma das áreas abrangidas pelo Ibama no Amapá, demorou 20 anos para conseguir estabilizar a cadeia da tartaruga da Amazônia. Nesse período, houve um aumento de 40 para mais de 1 mil pares da espécie.

No caso do Amapá, o tempo seria maior. A demora é decorrência do índice de sobrevivência dos animais. Somente cerca de 10% da espécie consegue chegar à fase adulta, quando elas podem alcançar mais de 80 centímetros de comprimento e 60 quilos de peso.

“Partindo de cinco pares vamos precisar de algo em torno de 30 anos para chegarmos a 200 pares. Para isso, precisamos envolver o município, que também é responsável pela conservação do meio ambiente”, mensurou Rubens Portal.

Resultados

Nas demais áreas protegidas pelo programa ‘Quelônios da Amazônia’ no Amapá, segundo o Ibama, foram soltos mais de 1 milhão de quelônios entre 1979 e 2012. O número é o menor entre os estados abrangidos pela iniciativa. O maior saldo é do Pará, com 23 milhões de filhotes soltos em água doce durante o mesmo período.

Em Afuá, no Pará, área protegida pelo Ibama do Amapá, foram soltos mais de 100 mil quelônios (Foto: Eliazar Bezerra/Ibama)
Em Afuá, no Pará, área protegida pelo Ibama do Amapá, foram soltos mais de 100 mil quelônios (Foto: Eliazar Bezerra/Ibama)

A maior incidência de soltura realizada pelo Ibama do Amapá aconteceu na região do estado do Pará, no município de Afuá, com 600 mil tartarugas. Pracuúba a segunda maior soltura no período: 400 mil.

“Em 2013, soltamos mais 105 mil filhotes, sendo 104 de tartarugas da Amazônia e mais 1 mil de tracajás”, frisou o analista do Ibama Rubens Portal.

A soltura acontece com conjunto com as populações que vivem às margens dos rios, chamadas de ribeirinhas. Essas comunidades são diretamente afetadas pelo fato de os animais incubados serem incorporados aos estoques naturais pré-existentes.

“No fim do ciclo de incubação, 90% soltamos com a equipe de especialistas, e 10% com a população como se fosse uma espécie de prestação de contas com a comunidade ribeirinha da região onde o projeto é desenvolvido”, concluiu o analista.

Fonte: G1 

Você viu?

Ir para o topo