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Marsupiais são jogados de cima de telhado em tradição de Ano Novo

31 de dezembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Flavia Velloso Bruschi (da Redação)

A “queda do possum”, anual na Carolina do Norte, tem sido uma tradição de Ano Novo nos últimos 20 anos em Brasstown e vai acontecer novamente, depois de um regulamento ter sido anulado no tribunal no início deste mês.

Foto: One Green Planet/Reprodução
Foto: One Green Planet/Reprodução

Aparentemente, esta tradição bizarra foi criada pelo proprietário da loja Logan Corner Store, Clay Logan, há aproximadamente 22 anos.

O Roadtrippers relata, por um post em um blog no The Huffington Post, que a ideia surgiu depois que Logan “concluiu que o possum era a mascote oficial de Brasstown”. Possum é um marsupial parecido com um gambá.

O evento é certamente uma das mais exóticas tradições de Ano Novo em qualquer lugar e atualmente atrai milhares de pessoas de todos os lugares incluindo também outros eventos, como uma votação para a “Rainha dos Possuns” da cidade e uma salva de tiros de mosquetes de pólvora.

O PETA esteve presente no evento e processou Clay, alegando que se trata de uma prática cruel e que as “luzes, barulho e a multidão podem arruinar os nervos e saúde de um possum”, conforme a Associated Press reportou via The Review Journal.

Primeiramente, um juiz decidiu que Clay não tinha “uma permissão adequada para exibir o animal”, relata o Roadtrippers, mas a decisão foi anulada em seguida e o evento está de volta.

Enquanto o possum for supostamente manuseado humanamente e não realmente “jogado”, mas ao invés disso, abaixado lentamente em uma gaiola de vidro, a recente decisão do juiz em favor do evento ainda encoraja o uso dos animais na “tradição”, o que é a maior questão no centro desta discussão.

Várias pessoas podem argumentar em favor do evento, uma vez que o possum não está sendo ferido, contudo, ele ainda está sendo usado em nome do divertimento e de uma tradição – um sinal de que sua vida é considerada sem valor, que o divertimento e a nostalgia de um grupo são mais importantes que o fato de que uma outra vida está literalmente sendo interrompida temporariamente apenas para satisfazer a uma “tradição.”

É verdade – há várias outras indústrias onde uma variedade de outros animais sofrem severamente, como nas fazendas de criação de animais, por exemplo. Contudo, não se trata de relatar e discutir contra um e não contra outro. Ao invés disso, trata-se de questionar e examinar o por quê de as pessoas fazerem o que elas fazem para trazer esta reflexão para a luz em todas as áreas da vida.

Continuando, se chamamos uma coisa de “tradição”, automaticamente aumentamos esta atividade para um nível mais alto de aceitação – o que é um problema quando a “tradição” inclui o uso (e, em muitos casos, o abuso) de animais.

A Snapperfest de Indiana também foi chamada de “tradição”, nela, um cágado era retirado de um tanque pelo participante, que então corria carregando-o pela cauda e então o agarrava pelo pescoço, girando-o e batendo-o violentamente no chão. O resultado final? O cágado colocava sua cabeça para fora da carapaça.

Foto: Pugetsoundblogs/Reprodução
Foto: Pugetsoundblogs/Reprodução

Este é obviamente um exemplo mais extremo que a queda do possum de Brasstown, mas as ideias subentendidas são as mesmas – que os animais podem ser usados de qualquer maneira que quisermos sob o pretexto de se tratar de uma “tradição”.

Vemos isto se repetir de tempos em tempos com outros tipos de abusos, desde touradas a rinhas de galos. Estes eventos podem ser rotulados como preferirem – “tradição”, “evento anual”, “entretenimento”, “necessário para a cultura” – mas, basicamente, estamos usando os animais como produtos nestas ocasiões quando, na verdade, eles são realmente muito importantes para os ecossistemas que habitam, no caso de animais selvagens, e deveriam ser respeitados por nós, em todos os casos.

E, finalmente, a pergunta permanece: como nos sentiríamos se estivéssemos no lugar dos animais que usamos (e abusamos)?

A maioria das pessoas provavelmente não quer ser arrancada de seus lares, enfiada em uma caixa de vidro e derrubada em meio a uma multidão. Então, por que fazer isso com os outros?

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