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Aumenta frequência de ursos polares famintos em cidade canadense

28 de dezembro de 2013
4 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: The Guardian
Foto: The Guardian

Um vídeo divulgado pelo The Guardian na semana passada revelou que os ursos polares estão se tornando visitantes cada vez mais frequentes na pequena cidade canadense de Churchill, em Manitoba, o que têm deixado incomodados os moradores e as autoridades.

O aumento da presença dos ursos se dá pela incursão destes mamíferos marinhos à terra unicamente em busca de comida, de acordo com o vídeo.

À medida em que eles parecem tentar, cada vez mais, estabelecer moradia em Churchill ao invés do gelo do mar Ártico, funcionários da prefeitura estão trabalhando para manter esses animais na baía e devolvê-los ao seu habitat natural. Mas, é importante que se diga, esse trabalho das autoridades não é algo suave. Para isso, eles estão empregando táticas de intimidação destinadas a ensinar os ursos polares que os seres humanos são uma ameaça e que eles devem se manter longe dos mesmos.

Urso sendo capturado para ser levado à "prisão". Foto: Getty Images/Yale Environment 360
Ursos sendo capturados para serem levados à “prisão”. Foto: Getty Images/Yale Environment 360

Essa intimidação, conforme já publicado anteriormente, consiste em manter esses ursos em espécies de “prisões”, sem alimento e apenas recebendo água durante meses. A intenção é provar aos ursos que os humanos são criaturas más, para que estes não tentem retornar a Churchill. Na reportagem passada foi dito que os ursos mais impertinentes receberiam “punição extra” – naturalmente se tratando de agressão física.

Em agosto de 2011, uma família de ursos polares que foi vista revirando latas de lixo na cidade tornou-se notícia. Os animais foram levados à tal prisão e, segundo promessa das autoridades, ficariam lá por meses até serem levados de volta ao habitat.

Muitos desses animais, enquanto vagam pela cidade à procura de comida, acabam sendo alvejados e mortos, como se fossem criminosos.

A presente reportagem conta que na cidade, que é considerada a “capital mundial do urso polar”, existe um programa de alerta quanto aos ursos e outros protocolos para facilitar a sua presença, mas um número recorde de incidentes nas últimas semanas colocou a cidade em estado de alerta. Nesta reportagem, não se comenta quais foram esses incidentes; no vídeo, comenta-se de modo superficial que um urso supostamente teria atacado duas pessoas.

O governo canadense vem enfrentando críticas por ter listado esses ursos apenas como uma espécie “em atenção” – uma classificação que não implica em muita importância para uma espécie tão adversamente afetada pelas mudanças climáticas. No ano passado, o Centro de Diversidade Biológica questionou a decisão do Canadá em negar o status de espécie “ameaçada” aos ursos polares.

Na resposta que veio apenas na semana passada, o Secretariado da Comissão pela Cooperação do Meio Ambiente recomendou uma investigação sobre a classificação na listagem. A Comissão tem agora 60 dias para rever a questão e para determinar se há justificativa para considerar uma proteção adicional aos ursos polares. O Canadá abriga 60 a 80% da população mundial de ursos polares, que está hoje com um número de 22 mil a 25 mil indivíduos, segundo levantamentos das autoridades.

Urso polar passa por lata de petróleo na Baía de Hudson, no Canadá. Foto: Paul J. Richards/AFP/Getty Images
Urso polar passa por lata de petróleo na Baía de Hudson, no Canadá. Foto: Paul J. Richards/AFP/Getty Images

As mudanças climáticas e o degelo do Ártico estão acelerando o declínio da espécie. Esses animais dependem do gelo do oceano Ártico para caçar, e devido ao crescente derretimento das calotas polares, eles têm tido que nadar a distâncias cada vez maiores para encontrar alimento – fato que leva à perda de peso e a dificuldades de reprodução, de acordo com a Federação Nacional de Vida Selvagem.

Além disso, um relatório de 2009 emitido pela IUCN junto ao SSC Polar Bear Specialist Group divulgou que, das 19 subpopulações de ursos polares existentes ao longo do Canadá, da Dinamarca, da Noruega, do Alasca e da Rússia, oito estavam apresentando declínio. O Serviço Geológico dos EUA estima que dois terços dos ursos polares “serão perdidos para a mudança climática” até 2050.

O vídeo a seguir fala do assunto. Ele é repleto de imagens tristes, que retratam exatamente a realidade atual: as cenas que nele importam são as de ursos solitários e famintos vagando em meio à cidade, próximos a carros parados, e, principalmente, animais com o olhar perdido andando entre partes de terra descongeladas onde se vê mais terra que gelo. Essas são as cenas que deveriam de fato importar, não só às autoridades canadenses mas a todo o mundo que também pode se considerar responsável por essa degradação em todos os sentidos.

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