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Cientistas usam tecnologia a laser para proteger ursos polares

24 de dezembro de 2013
4 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: USFWS
Foto: USFWS

As tocas onde fêmeas de urso polares criam seus filhotes durante os severos invernos do Alasca poderão ser identificadas com o uso de tecnologia a laser, segundo um novo estudo. As informações são da Mother Nature Network.

Trata-se de um monitoramento remoto que se utiliza da nova e avançada tecnologia a laser chamada “lidar” (“light detection and ranger” ou a combinação de “light” e “radar”). Um pequeno estudo piloto mostrou que a técnica pode revelar 90 a 95% das tocas, um grande avanço com relação a métodos do passado.

Saber onde os ursos polares criam seus filhotes pode ajudar a protegê-los dos perigos trazidos pela exploração de petróleo e gás, e pode também demonstrar como a paisagem se altera em resposta às alterações climáticas, de acordo com o estudo apresentado no encontro anual da União Geofísica Americana, ocorrido no dia 13 de Dezembro em São Francisco.

“Grande parte da exploração de petróleo e gás acontece no inverno – que é quando ursos estão em suas tocas, criando seus filhos”, disse Benjamin Jones, co-autor do estudo e geógrafo pesquisador do Centro Científico de Pesquisas Geológicas do Alasca.

Tocas de urso escavadas em Howe Island, Prudhoe Bay, em 2009. (Foto: USFWS)
Tocas de urso escavadas em Howe Island, Prudhoe Bay, em 2009. (Foto: USFWS)

Espécie Ameaçada

Mudanças climáticas têm ameaçado os ursos polares por toda a região do Ártico. O encolhimento das geleiras força os ursos a nadar muito para encontrar gelo estável no qual possam caçar e sobreviver.Devido a estas mudanças, a proteção da próxima geração de filhotes é ainda mais importante para a sobrevivência das espécies, declarou George Durner, co-autor do estudo e também zoologista do Centro de Pesquisas Geológicas do Alasca.

As tocas são tipicamente escavadas em montes de neve íngremes, com inclinação de aproximadamente 30º, disse Jones.

“Os ursos polares entram nas tocas em November e deixam-nas em final de Março ou início de Abril”, informou Durner à LiveScience.

Os filhotes nascem em Janeiro e são completamente vulneráveis. Dentro das tocas, a temperatura é relativamente amena (0º Celsius), e os filhotes se amontoam ao lado de suas mães. Mas, do lado de fora, os ventos uivam e a temperatura é frequentemente entre -29º e -34° Celsius), disse Durner.

Os primeiros meses de tempo ininterrupto na toca são cruciais para a sobrevivência dos filhotes, segundo Durner. Mas o inverno também é o “horário nobre” para a exploração de petróleo e gás. O gelo permanente e as estradas de gelo estáveis tornam mais fácil para caminhões e outros equipamentos chegarem a locais remotos.

O ruído pode forçar as mães urso a saírem para fora de suas tocas, e os veículos podem, às vezes, passar por cima de uma toca, acrescentou Durner. No passado, pesquisadores usaram radar ou fotografia aérea de alta resolução – com leitores individuais que usavam aparato estereoscópico – para verificar a vasta e congelada extensão do Alasca, habitat do urso polar.

Tocas potenciais foram então confirmadas por levantamentos terrestres. Mas essas técnicas não conseguiram distinguir os detalhes na paisagem, ou seja, os métodos perderam muitas das encostas íngremes de áreas de tocas de primeira linha, disse Jones à LiveScience.

Foi por isso que a equipe decidiu usar os dados a partir da tecnologia “lidar”, que permitiu a descoberta de mais tocas em relação aos métodos antigos.

E com isso tiveram conhecimento também de outros fatos. A mudança climática já alterou o comportamento de entocamento dos ursos, afirma Durner.

“O gelo nos mares de Beaufort e Chukchi está se tornando mais fino”, diz ele, “e em resposta, os ursos foram forçados a fazer as suas tocas mais para o interior”, acrescentou.

Nota da redação: Mais importante que a descoberta de novas tecnologias para rastrear ursos polares seria a interrupção imediata de ação humana nesses ambientes. O paliativo de encontrar tocas de ursos para tentar não afetá-los na exploração de petróleo equivale a “enxugar gelo”, gelo este que quase não há mais, e em breve não haverá, se o homem continuar explorando, desmatando, poluindo, consumindo, degradando, queimando combustíveis, e a lista segue longa. Cada indivíduo tem o poder de fazer a sua parte. Deixar de consumir, usar menos, gastar menos combustível, parar de ingerir carne, recusar-se a usar descartáveis, educar e cobrar as autoridades são algumas atitudes que podem ajudar muito.

 

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