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Cientistas revelam detalhes da peculiar respiração dos lagartos

15 de dezembro de 2013
3 min. de leitura
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O ar flui dentro dos pulmões dos lagartos em uma única direção, uma descoberta que pode levar os cientistas a repensar como algumas espécies evoluíram depois da grande extinção, que varreu os dinossauros da Terra, destacou um estudo publicado nesta semana.

Os seres humanos e a maioria dos animais são dotados do sistema respiratório bidirecional. Nele, o ar é sugado para os pulmões até que chega a um beco sem saída, ou melhor, a cachos de células denominados alvéolos. Ali, o oxigênio é transportado para a corrente sanguínea e trocado por dióxido de carbono, que por sua vez é exalado junto com o ar usado.

(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

As aves, no entanto, são uma exceção notável. Sua respiração é predominantemente unidirecional: o ar entra na traqueia, flui para os pulmões em uma direção e depois sai por onde entrou.

Este padrão respiratório incomum despertou muito debate entre os biólogos.

Uma das teorias aventadas é que o fluxo unidirecional é uma forma altamente eficiente de fornecer oxigênio para uma atividade vigorosa: ajuda as aves no esforço de voar e a lidar com concentrações menores de oxigênio quando estão em altitude.

Mas, segundo um novo e surpreendente estudo, os lagartos, um grupo de animais vagarosos com as patas bem fincadas no chão, também podem ser incluídos no clube.

(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

A bióloga C.G. Farmer, da Universidade de Utah, chefiou uma equipe que submeteu a exames com escâner tridimensional lagartos monitores da savana (“Varanus exanthematicus“) e, então, implantaram medidores de vazão em cinco animais para ver como o ar se movia dentro do seu corpo.

Os cientistas descobriram que o ar entra pela traqueia dos lagartos e se divide em duas vias aéreas, uma para cada pulmão. Em seguida, em cada pulmão, o ar avança por uma série de caminhos, passando por paredes perfuradas antes de voltar. O gás usado retorna para a traqueia.

Um fluxo unidirecional similar também parece existir nos jacarés americanos, que os ajuda a literalmente segurar o fôlego estando debaixo d’água ou não, explicou Farmer em entrevista por telefone.

Se for assim, alguns conceitos sobre a respiração unidirecional, de que ela ajuda a sustentar um metabolismo elevado, precisam ser descartados.

“Penso que provavelmente não se trata de uma adaptação que permite a um animal ser ativo”, disse Farmer.

Ao contrário, “de fato, (provavelmente é) uma adaptação para permitir que se sente calmamente por longos períodos de tempo sem se mover, sem respirar”, afirmou.

Como o fluxo unidirecional se estabeleceu em algumas espécies e em outras não?

Não há uma resposta clara, mas uma pista pode residir na extinção maciça que ocorreu 251 milhões de anos atrás, na fronteira entre os períodos Permiano e Triássico.

Quase todas as espécies marinhas e dois terços dos vertebrados terrestres foram varridos da face da Terra por algum evento catastrófico ligado a uma queda drástica e prolongada do oxigênio atmosférico.

Os animais que tinham um fluxo de ar unidirecional ou o precursor dele podem ter tido uma vantagem no ambiente pobre em oxigênio do Triássico inferior, sugeriu Farmer.

Os ancestrais das aves e dos crocodilos “podem ter entrado no período Triássico com um pulmão que já tinha um fluxo unidirecional”, afirmou.

“E uma vez que este fluxo se estabeleceu, pode ter sido uma pré-adaptação para organizar os vasos sanguíneos de uma forma que os animais se tornaram mais eficientes em extrair oxigênio quando não havia muito oxigênio disponível no ar”, concluiu.

Fonte: Em

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