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Novas espécies na lista de ameaçadas de extinção causam preocupação

30 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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O Sarothrura ayresi (White-winged Flufftail), uma ave da família da galinha-d’água, uma reservada e discreta ave subsaariana, é a mais recente espécie a juntar-se à crescente lista das aves à beira da extinção. A destruição e degradação do seu habitat (a drenagem, a conversão para agricultura, a extração de água, o sobrepastoreio e o corte da vegetação dos pauis) constituído por pastagens húmidas de alta altitude tem conduzido a espécie a uma situação bastante precária. Neste momento, é fundamental uma ação urgente na Etiópia e na África do Sul para compreender melhor a ecologia da espécie, avaliar as suas ameaças e salvá-la da extinção.

A BirdLife International a e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alertam esta semana para o novo alcance máximo histórico do número de aves listadas como “Em perigo crítico” com a publicação da “Lista Vermelha das Aves”. (Foto: Divulgação)
A BirdLife International a e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alertam esta semana para o novo alcance máximo histórico do número de aves listadas como “Em perigo crítico” com a publicação da “Lista Vermelha das Aves”. (Foto: Divulgação)

“Cerca de 200 espécies de aves apresentam atualmente um perigo real de se perderem para sempre” segundo o Dr. Leon Bennun, o Diretor da Ciência, Política e da Informação da BirdLife Internacional. “Estão a ser tomadas várias medidas. A perda de habitat, as mudanças na agricultura, as espécies invasoras e as alterações climáticas são as principais ameaças. Se estes problemas não forem resolvidos, esta lista continuará a crescer dramaticamente”.

“Em perigo crítico” é a categoria máxima da Lista Vermelha da IUCN das espécies ameaçadas, que inclui as que estão em risco extremo de extinção na natureza.

A população de Emberiza aureola (Yellow-breasted Bunting), uma espécie da família das escrevedeiras, tem decrescido drasticamente nos últimos anos devido ao pisoteio exagerado na sua área de invernação no sul da China e Sudeste da Ásia. Esta espécie, que já foi comum no passado e que foi listada como “Pouco Preocupante” até o ano de 2000, subiu na passada década três patamares e está agora listada como “Em Perigo”, apenas a um passo de ser adicionada à lista das espécies “Em Perigo Critico”.

Contudo, existem boas notícias e autênticos sinais de que o trabalho de conservação funciona: duas espécies de albatrozes – uma das famílias de aves mais ameaçadas do planeta – apresentam um menor risco de extinção após se ter verificado um aumento das suas populações.

“O albatroz-de-sobrancelha (Thalassarche melanophris) e outra espécie de albatroz que não passa por Portugal, denominado em inglês por Black-footed Albatrosses (Phoebastria nigripes) desceram para uma categoria mais baixa da Lista Vermelha”, segundo Andy Symes, Técnico do Programa Global de Espécies da BirdLife. “Contudo ainda existe muito por fazer, mas isto dá-nos esperanças de mudar o destino de outros albatrozes.”

“As capturas acidentais na pesca são a principal ameaça destas espécies, mas estão a desenvolver-se esforços em muitas frotas de espinhel e redes de arrasto por todo o mundo para reduzir o número de mortes. Se conseguirmos manter este esforço, existe uma esperança real de que estes dois albatrozes sejam um exemplo a seguir”.

Na ilha Rodrigues, no oceano Índico, duas espécies – o Foudia flavicans (Rodrigues Fody), uma ave da família dos tecelões e o Acrocephalus rodericanus (Rodrigues Warbler) da família das felosas – viram também o seu grau de ameaça a diminuir devido aos esforços de conservação.

A proteção do habitat e a reflorestação, estimulados pela necessidade de proteção das bacias hidrográficas, foram essenciais para a recuperação destas espécies, ajudados pela recente ausência de ciclones catastróficos.

Apesar de muita reflorestação ter envolvido árvores exóticas, a reabilitação dos ecossistemas foi iniciada em vários locais. Muitos destes locais foram vedados, para evitar a entrada de gado e de madeireiros; foram retiradas as plantas exóticas; e foram plantadas espécies nativas, todo isto acompanhado de uma campanha de sensibilização pública.

“A Lista vermelha de este ano é uma mistura de boas e más notícias, mas uma vez mais mostra como as equipas de conservação pelo mundo alcançaram o sucesso e salvaram espécies e evitaram extinções – e o compromisso com estes esforços precisa de ser alargado a uma escala mais abrangente”, concluiu Dr. Bennun.

Para a SPEA, o trabalho em espécies em vias de extinção é uma prioridade. Segundo Luís Costa, Diretor Executivo da SPEA, “o trabalho de conservação com o priolo nos Açores provou que é possível inverter a tendência de extinção. Para isso é preciso investir na preservação das espécies”.

Atualmente, a SPEA combate a possibilidade de extinção de três espécies em São Tomé e Príncipe (o íbis, o picanço e o anjolô) e da laverca-do-raso em Cabo Verde.

*Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

*Esta notícia foi, originalmente, escrita em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores .

Fonte: Naturlink

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