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Cabo Frio (RJ) integra rede de pesquisa do Projeto Albatroz

25 de novembro de 2013
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(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

A relevância de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, para a preservação das espécies marinhas ganhou novo destaque. A Universidade Veiga de Almeida (UVA), que possui campus no município, foi convidada pelo Projeto Albatroz, com sede em São Paulo, para gerir o núcleo de pesquisa com este grupo de aves marinhas no estado do Rio de Janeiro. Os trabalhos serão realizados em duas frentes, com a observação das espécies durante cruzeiros de pesquisa em alto mar e coleta de dados nos pontos de desembarque de pescados.

A parceria foi anunciada durante visita da bióloga Tatiana Neves, coordenadora geral do Projeto Albatroz, ao campus Cabo Frio. Na ocasião, a coordenadora destacou que a expertise desenvolvida pelo Grupo de Estudos da Pesca (GEPesca/UVA), coordenado pelo professor Eduardo Pimenta, como um dos pontos relevantes para esta parceria. Os pesquisadores integram o comitê científico brasileiro na Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT), onde o professor Pimenta defende medidas de preservação para os peixes-de-bico.

Professor Pimenta lembra que os albatrozes, oriundos da Patagônia, preferem lugares frios e são incomuns em locais com temperaturas tão elevadas como a costa do Rio de Janeiro. “Mas o fenômeno da ressurgência, que é a subida das águas geladas das fossas abissais do assoalho do oceano, e a abundância de alimento acabam atraindo estas aves até aqui”, aponta. As aves ocorrem do limite Sul do Brasil até o Espírito Santo e quanto mais intensa for a atividade pesqueira, maior pode ser a densidade das espécies.

Albatrozes estão na Lista Vermelha da União

Os albatrozes na realidade constituem um grupo de 22 espécies, além dos petréis (ou pardelas), que são semelhantes. Destas, 17 espécies estão na Lista Vermelha da União para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo seis ameaçadas de extinção. “São as aves mais ameaçadas do mundo inteiro”, enfatizou Tatiana Neves, acrescentando que o Brasil é signatário de acordos internacionais para a preservação das espécies e deve adotar medidas mitigatórias e de educação ambiental, além da obrigação de monitorar continuamente a população.

A captura incidental dos albatrozes, por meio do espinhel usado na pesca de atuns e espécies afins, estão entre os fatores que contribuem para a mortandade das aves. Ao perceber o movimento das iscas (geralmente sardinhas vivas), a ave acaba se prendendo nos anzóis, afundando com a soltura do mesmo. “É um prejuízo tanto para a natureza, quanto para o pescador, que tem sua capacidade de captura reduzida”, analisa Tatiana, explicando que uma medida conhecida como toriline (que consiste num cabo de cerca de 130 metros, repleto de fitas coloridas, que funciona como um espantalho marinho), possui um custo relativamente baixo e tem se mostrado eficiente. Outras propostas são adaptações na forma de prender o anzol na linha para que afunde mais rápido e incorporar a largada noturna, pois a maioria das espécies é mais ativa durante o dia.

“As três medidas juntas possuem um efeito sinérgico, que levam a uma redução significativa nas perdas”, explicou Tatiana Neves, acrescentando que a educação ambiental também é relevante. De acordo com o Projeto Albatroz, das cerca de 300 mil aves que morrem por ano em decorrência da pesca oceânica, um terço corresponde a albatrozes. Se considerada apenas a frota brasileira que atua nas regiões Sul e Sudeste – área prioritária para a preservação -, são mais de 10 mil mortes por ano.

A parceria com a Universidade Veiga de Almeida para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas e também de tecnologias para minimizar a captura acidental foi ressaltada pela coordenação do projeto. “Esta parceria corrobora para a consolidação dos trabalhos já desenvolvidos pelo GEPesca, no diagnóstico de problemas e proposição de medidas que subsidiam a tomada de decisão assertiva, visando a exploração sustentável dos recursos marinhos”, enfatizou o professor Pimenta.

Petrobras Ambiental

O Projeto Albatroz existe há mais de duas décadas e, além da sede no litoral paulista, possui núcleos de pesquisa nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo, ao qual se juntam os esforços da equipe de Cabo Frio. O projeto possui aporte da Petrobras Ambiental, por meio do qual disponibilizará uma bolsa de iniciação científica para o aluno que for selecionado para realizar o trabalho de campo.

Fonte: G1

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