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Vaga-lumes usam artifício curioso para 'caçar' no Parque das Emas

17 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Com o final do período de seca, os animais e insetos que vivem no Parque Nacional das Emas, que fica na região sudoeste de Goiás, na divisa com o Mato Grosso do Sul, encontram fartura de alimentos. Entre os meses de outubro e dezembro, com a chegada das chuvas, a região se transforma e as folhagens escurecidas começam a dar espaço ao verde. Com essa mudança, até as larvas de vaga-lume usam um artifício curioso para atrair suas presas.

O parque é uma das principais reservas de cerrado do país e é cercado de lavouras por todos os lados. Nesse cenário, existem cerca de dez milhões de esculturas de terra espalhadas em mais de 132 mil hectares entre as cidades de Mineiros e Chapadão do Céu, em Goiás, e em Costa Rica, no Mato Grosso do Sul. Tratam-se dos cupinzeiros, que além da própria espécie, servem de abrigo para vaga-lumes.

Larvas de vaga-lumes se escondem em cupinzeiros para 'caçar' (Foto: Reprodução)
Larvas de vaga-lumes se escondem em cupinzeiros para ‘caçar’ (Foto: Reprodução)

Os insetos costumam depositar seus ovos bem na parte de baixo dos cupinzeiros. Quando nascem, as larvas ocupam os pequenos buracos formados ao longo do monte de terra. Lá permanecem até a vida adulta e não saem nem para se alimentar, segundo o diretor do Parque Nacional das Emas, Marcos Cunha.

Quando chega a noite, os vaga-lumes refletem suas luzes esverdeadas, que são resultado de uma combinação de enzimas, chamadas de bioluminescência. Esse brilho atrai outros insetos que gostam de ficar perto da luz e eles acabam virando alimento para as larvas. Esse ritual de “caça” das larvas pode ser visto apenas três meses por ano.

“Esse fenômeno ocorre justamente na época da grande incidência da enxameação de inseto. Ele é uma oportunidade de alimentação para várias espécies, não só o vaga-lume, que está em estado larval, mas também para pássaros e outros animais, que dependem dessa vida que surge do fundo da terra. Ela é a base de alimentação de inúmeros seres vivos aqui no parque”, destacou o diretor.

Mas nem sempre as larvas de vaga-lume conseguem fisgar suas presas, pois quando elas são grandes demais, acabam indo embora. Mas como a fatura é grande, não demora muito para que outra “vítima” seja atraída pelas luzes.

Animais

Mas não são apenas os insetos que encontram um lar seguro no parque. A região, que tem o dobro do tamanho de Goiânia, abriga diversas espécies, como as Emas, aves que dão nome a reserva, serpentes, veados-campeiros, onças-pintadas, entre outros.

Cerca de 40 onças pintadas adultas vivem atualmente na reserva (Foto: Reprodução)
Cerca de 40 onças pintadas adultas vivem atualmente na reserva (Foto: Reprodução)

Desde 2001, o local é considerado Patrimônio Natural da Humanidade. Com tantas riquezas, a reserva é conhecida mundialmente e atrai pesquisadores de diversos países. É o caso das voluntárias Mary Jane e Judy Johanson, que vieram dos Estados Unidos para acompanhar o trabalho do Instituto Onça Pintada, que estuda como vive a população das onças da região. “É tudo muito bonito e estamos aprendendo muito com as diferentes vidas do cerrado”, disse Mary Jane.

Para acompanhar de perto os animais, o instituto espalhou câmeras ao longo de toda a reserva. “A cada dois anos a gente cobre o parque com os equipamentos para entender toda a fauna de mamíferos de médio e grande porte, especialmente as onças pintadas. Com as armadilhas fotográficas a gente tem o registro e consegue identificar cada um desses indivíduos, já que cada onça tem um padrão diferenciado de malha. Isso ajuda a contabilizar quantos animais vivem no parque”, explicou a bióloga do instituto, Natália Mundin Torres.

Veados-campeiros também vivem no Parque Nacional das Emas (Foto: Reprodução)
Veados-campeiros também vivem no Parque Nacional das Emas (Foto: Reprodução)

De acordo com a bióloga, atualmente, cerca de 40 onças pintadas adultas circulam pela reserva. “Até agora as informações que temos é a de que a população está estável. Isso é uma boa notícia”, afirma Natália, que ressalta a importância da preservação da região para a preservação das espécies ameaças de extinção.

Fonte: G1

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