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Cadáveres de baleias são encontrados no litoral de Gana

10 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Helena Barradas Sá (da Redação)

Vinte baleias mortas foram encontradas no litoral de Gana. (Foto: Reprodução)
Vinte baleias mortas foram encontradas no litoral de Gana. (Foto: Reprodução)

Os cadáveres de baleias encontrados recentemente na costa de Gana preocupam as associações ligadas ao meio ambiente pela possibilidade da indústria petroleira estar pondo em risco a fauna marinha da região. As informações são do El Universal.

No total, vinte baleias mortas foram encontradas no litoral de Gana nos últimos quatro anos, oito delas desde setembro. A causa da morte ainda é desconhecida.

Entidades de defesa do meio ambiente expressaram sua preocupação principalmente pela proximidade entre os cadáveres desses animais e as atividades da indústria petroleira no litoral do país africano.

“O nosso temor aumenta por conta do fator que pode ser o responsável pela morte das baleias”, afirmou Kyei Kwadwo Yamoah, coordenador da ONG de defesa do meio ambiente Amigos da Nação.

As pessoas que vivem no litoral “querem saber se isso pode trazer-lhes consequências ruins ou não, para poderem ficar tranquilos”, acrescentou.

O vigésimo cadáver de baleia foi encontrado na semana passada em uma praia remota da Região Ocidental, local em que há maior extração de petróleo no país, declarou Yamoah.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

“Gana iniciou a produção de petróleo em 2010, mas a exploração já havia sido intensificada no ano anterior”, afirmou.

O petróleo é oriundo de uma jazida no oceano Atlântico conhecida como Jubilee, que foi descoberta em 2007 pela companhia norte-americana Kosmos. Atualmente, a empresa anglo-irlandesa Tullow é a principal operadora desta jazida.

A produção ganesa atual atinge os 115 mil barris diariamente, muito abaixo dos dois milhões de barris diários que a Nigéria pode alcançar. Junto com a Angola, a Nigéria é um dos grandes produtores de petróleo da África subsaariana.

A companhia Tullow se negou a comentar a morte das baleias e afirmou que as perguntas relativas ao caso devem ser encaminhadas para a Agência de Proteção Ambiental de Gana (EPA).

A porta-voz da EPA, Angelina Mesah, afirmou que já havia uma investigação sobre a morte das baleias, mas não respondeu às outras perguntas que havia recebido por e-mail.

Depois de encontrar cinco baleias mortas no ano passado, a organização EPA afirmou que a situação era “muito preocupante”, mas que havia precedentes para o ocorrido. “A frequência da aparição de baleias arrastadas pelo mar até a praia não é um fenômeno que ocorre exclusivamente em Gana, é mais abrangente”, acrescentou em um comunicado.

No entanto, choques com barcos, contaminação da água ou atividades sísmicas devido às perfurações petroleiras também podem matar ou desorientar as baleias, afirmou Patrick Ramage, do Fundo Internacional para o Bem-estar dos Animais (IFAW).

Sonares

Em setembro, o anúncio de uma revista científica determinou que a aparição de cetáceos nas praias de Madagascar em 2008 estava diretamente relacionada com o uso de um sonar de alta frequência da companhia petroleira ExxonMobil. Não obstante, no momento, não é possível afirmar que o mesmo tenha acontecido em Gana. “Precisamos de análises mais minuciosas que a convergência entre a atividade industrial e os cadáveres arrastados pelo mar até a praia”, acrescentou Ramage.

Um painel de revisão científica independente descobriu que os sistemas, utilizados principalmente para o mapeamento subaquático, foram responsáveis ​​pelo encalhe em massa de 100 baleias cabeça de melão em Madagascar, em 2008.
Um painel de revisão científica independente descobriu que os sistemas, utilizados principalmente para o mapeamento subaquático, foram responsáveis ​​pelo encalhe em massa de 100 baleias cabeça de melão em Madagascar, em 2008.

Cem baleias-cabeça-de-melão encalharam em 2008 nas praias de Madagascar e, apesar de denúncias de ativistas mesmo antes deste encalhe em massa, somente um estudo atual conseguiu definir que os sistema sonares utilizados por navios as desorientam devido a alta frequência de seu sinal.

Este tipo de sistema sonar é utilizado por diversas indústrias na região de Madagascar e, apesar dos detalhes sobre o encalhe serem desconhecidos, o estudo afirma que é “plausível e provável gatilho comportamental para os animais inicialmente entrarem no sistema de lagoa”.

Em relatório encomendado após o estudo é apresentado a importância de manter-se atento ao uso dos sonares. “O potencial de respostas comportamentais e danos indiretos ou mortalidade com o uso de SMF semelhantes [sistemas da sonda multi-feixe] deve ser considerado em futuras avaliações ambientais, planejamento operacional e decisões regulatórias”, afirma o relatório.

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