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Comissão no Senado espanhol rejeita iniciativas contra touradas

5 de novembro de 2013
3 min. de leitura
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Por Simone Gil Mondavi (da Redação – Argentina)

O Partido Popular rejeitou nesta quinta-feira (31) durante as reuniões com o Comitê de Cultura do Senado, as emendas e os vetos registrados pela oposição contra o projeto de lei para a regulamentação das touradas como patrimônio cultural na Espanha. As informações são do EuropaPress.

Foto: divulgação
Foto: divulgação

No total, foram apresentadas 57 emendas, das quais quatro foram retiradas pelo grupos trabalhista, e um total de cinco vetos, todos rejeitados.

Também foi aprovado por 16 votos a favor, três contra e sete abstenções, o texto enviado pelo Congresso dos Deputados, de modo que será debatido no Senado na quarta-feira (06) em uma plenária o status de patrimônio cultural das touradas, antes da aprovação final.

O porta-voz popular Sebastián Ruiz Reyes explicou que a rejeição das emendas apresentadas se deu porque elas não respondem ao “espírito da proposição”, que se refere ao impasse “se o feriado nacional e as touradas são conjunto de toda uma herança cultural e se tem valor como tal”.

A este respeito, observou que a resposta do seu grupo é a mesma que a dos 580 mil espanhóis que assinaram a Iniciativa legislativa Popular (ILP), a partir da qual emergiram esta proposta de lei. Entretanto, 76% dos espanhóis não aprovam a vigência das touradas como eventos culturais.

Enquanto isso, Joan Bagué, do organismo CiU, indicou que o seu veto se deve à “clara imersão de competência” da proposta, já que entende que “não corresponde ao Estado a regulação das touradas”. Segundo Bagué, este tipo de regulamentação deve fazer parte das obrigações das cidades autônomas. Diversas cidades já proibiram esta prática, porém muitas outras ainda não discutiram o assunto. Uma lei de proibição que seja válida para todo o país e que tenha autoridade do próprio Estado, juntamente com fiscalização e aplicação de multas a nível nacional, seria o ideal para proteção dos animais, já que não é possível esperar a decisão de cada cidade sobre o assunto.

Entenda o caso

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

No início de outubro o Congresso espanhol propôs emendas para modificar o status das touradas em “patrimônio cultural”. Grupos de defesa animal demonstraram sua desaprovação de maneira contundente. Segundo a associação de diversos grupos de proteção internacionais, esta não passa de “uma tentativa cínica do setor que se aproveita economicamente da exploração de touros, desesperado por assegurar um futuro para este esporte moribundo”.

A proposta havia sido aprovada por um comitê do Congresso e foi autorizada para votação no Senado. Com sua aprovação, as touradas – e todos os eventos com corridas de touros – receberiam incentivo público para a realização. A baixa popularidade que o evento vem tendo, junto com a crise econômica que assola toda a Europa, faz de incentivos estatais a última opção dos realizadores de touradas.

Segundo Philip Mansbridge, CEO da Care in the Wild International, “quando a Espanha irá aprender que a cultura não pode ser desculpa para a crueldade? A Espanha é um belo país mas isto é uma vergonha. É uma tentativa de desviar o ataque às touradas e de conseguir mais que os 130 milhões de euros por ano em subsídios que a União Europeia já obtém dos nossos impostos. Enquanto o mundo se move contra a crueldade animal, o governo da Espanha está se segurando ao passado cruel por razões financeiras e não culturais”.

O prestígio e a popularidade das touradas diminuem a cada ano, em conjunto com o aumento das críticas pelos meios de comunicação, e a tentativa de transformá-la em um patrimônio cultural parece estar diretamente relacionada com a manutenção de uma indústria de entretenimento sem escrúpulos, que visa somente a continuidade de seus lucros. O argumento sobre a importância cultural das touradas não pode ser usado como véu para os interesses econômicos que guiam essas medidas.

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