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Coliseu de touros é demolido na cidade peruana de Conceição

3 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Helena Barradas Sá (da Redação)

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (29), em um ato histórico, a cidade de Conceição demoliu o Coliseu de Touros, fundado há mais de 50 anos. Assim, sagrou-se como a primeira cidade antitaurina do Peru (ou seja, contra qualquer forma de exploração animal em eventos de corridas de touros), iniciativa que promove o respeito à vida de todas as espécies na população. As informações são do AnimaNaturalis.

“A tauromaquia (arte de tourear) significa morte e sofrimento de centenas de animais anualmente, e são atos injustificados. É uma das consequências, mas não a única, de uma sociedade que não respeita os animais. Todos nós somos responsáveis pela mudança”, afirmou Jesús Chipana, prefeito de Conceição, cidade considerada modelo na consciência ecológica e na preservação do meio ambiente.

A arena tem meio século de existência e foi construída com material rústico, suas paredes foram feitas de tapume, que apresentam umidade severa e rachados graves devido a infiltração. As arquibancadas e o teto estão com muitos buracos também. O local, portanto, está em situação de risco, porque apresenta forte deterioração em vários pontos da construção, o que compromete a estabilidade e coloca em perigo a integridade física, saúde e a vida das pessoas que se encontrem ali.

No lugar do coliseu, será construído um espaço para eventos culturais e esportivos. A decisão da prefeitura obteve reconhecimento internacional e elevou o Peru à altura de outros países que também têm avançado significativamente na luta contra essas tradições cruéis, fortalecendo-se com outras atividades que colocam em evidência a formação ética das famílias.

Em carta dirigida ao prefeito Chipana, Maru Vigo, Coordenadora Geral do AnimaNaturalis no Peru, disse: “Esta é a terceira oportunidade em que me dirijo a você, e o teor de nossas cartas é sempre para parabenizar sua perseverança e compromisso com o seu povo. Como autoridade pública, celebramos o fato de que sempre tem em vista o bem-estar moral de seu povo. Atualmente, Conceição se alça não somente como exemplo para os municípios de nosso país, mas também como modelo a ser seguido a nível mundial. Muito obrigada por considerar o bem-estar dos animais e o progresso ético dos habitantes de seu belo país”.

Protesto em Lima

Protestos contra a exploração de animais em eventos relacionado à prática de corridas de touros aconteceram em Lima, capital do país, quando uma ativista invadiu a arena da Praça de Touros de Acho, e levou escrito em seu corpo “toureiro, me mate”. O motivo foi a Feira Taurina do Senhor dos Milagres, evento de promoção da dita “arte de tourear”, que, segundo ativistas, não passa de uma prática anacrônica, cruel e com público já decadente.

(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

Os ativistas foram retirados violentamente pela polícia da cidade, que também utilizou bombas de gás lacrimogênio e jatos d’água para reprimir a manifestação de centenas de pessoas do lado de fora da Praça.

As touradas

Os eventos com exploração de touros faz parte da cultura de alguns países, como México, Peru, Espanha e Portugal, mas isso não justifica sua persistência até hoje. São eventos cruéis onde os touros são perfurados por instrumentos pontiagudos em locais próximos a sua espinha, que atravessam seus órgãos internos, como pulmão e estômago.

Para que os animais estejam agressivos ao entrarem na arena, os animais são submetidos a seções de torturas e provocações antes do início do evento por meio de aguilhões elétricos, que infringem choques em seus testículos.  Isso demonstra que nada do que é visto na arena é “natural”. Não há um touro “naturalmente” feroz, agressivo, sedento por sangue, e um toureiro que pratica uma “arte” envolta em perigos e cheia de técnicas, mas que não passa de uma luta justa, onde ele apenas se defende da ferocidade do animal.

Na verdade, o touro é continuamente exposto à diversas situações de dor, sofrimento, estresse e provocações que o causam extrema tensão. A agressividade é somente o resultado disto. O toureiro, por sua vez, não pode ser tratado como um artista, mas sim como um assassino frio que, sob o véu da “cultura”, da “arte”, mata animais indefesos por um pouco de fama e prestígio.

Após toda a seção de tortura e violência o touro é morto, já o toureiro, o autor deste frio assassinato, é aplaudido pelo público como um herói.

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