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Biólogos monitoram saúde de baleias-brancas pelo hálito

2 de novembro de 2013
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

À pedido de seu cuidador, uma baleia-branca com pele de alabastro chamada Naku colocou o queixo no convés da piscina ao ar livre e expirou o ar várias vezes, emitindo um som oco a cada respiração. O vapor subiu até uma placa de petri que um pesquisador segurava sobre o espiráculo do animal.

Essas pequenas gotas contêm inúmeras informações, ao que parece. Pesquisadores dos Estados Unidos, e de outros lugares estão aprendendo a usar a respiração, ou o “sopro” das baleias e golfinhos, para extrair e medir hormônios, micro-organismos, DNA e subprodutos do metabolismo.

Segundos pesquisadores de Mystic, Eles têm como objetivo não apenas melhorar a saúde dos cetáceos em cativeiro, como Naku, mas também desenvolver uma técnica poderosa e não intrusiva para estudá-los. Embora o sangue seja o padrão na pesquisa fisiológica, pode ser difícil extraí-lo – e quase impossível no caso de baleias grandes. Três novos estudos descrevem avanços na análise da respiração, o que pode vir a se mostrar uma alternativa melhor e mais ética.

“Suspeito que tudo o que está no sangue está no hálito, só que em concentração muito menor, um pouco mais difícil de medir”, disse Kathleen Hunt, pesquisadora do New England Aquarium, em Boston. “Todos os tipos de coisas interessantes sobre as quais tanto poderíamos aprender sobre esses animais, mas que até hoje não conseguimos acessar”.

Os médicos há muito sentem a respiração dos seus pacientes para diagnosticar uma série de doenças. Em breve, porém, haverá aparelhos que poderão substituir o nariz. Estão sendo desenvolvidos testes químicos de hálito para uma série de doenças humanas, incluindo asma, câncer, diabetes e tuberculose.

Cuidadores e veterinários que trabalham com baleias e golfinhos em cativeiro também costumam sentir o hálito dos animais rotineiramente. O hálito normal dos golfinhos tem um cheiro de peixe; o aroma de ovo podre indica problemas digestivos e doces pneumonia bacteriana, de acordo com Sam Ridgway, veterinário e neurobiólogo da Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos, em San Diego.

Avanços nas áreas de sensoriamento químico, computação e análise do hálito humano motivaram a equipe de Ridgway e algumas outras a voltarem a levar o hálito dos cetáceos a sério. Em 2009, pesquisadores relataram a detecção dos hormônios progesterona e testosterona no sopro da jubarte e baleias francas do Atlântico Norte – possíveis indícios de seu sexo e estado reprodutivo. O estudo, publicado no periódico “Marine Mammal Science”, mostrou que a análise do hálito pode realmente funcionar.

Alguns meses mais tarde, outra equipe que utilizou um helicóptero de controle remoto para coletar amostras de sopro relatou a descoberta de bactérias potencialmente patogênicas no hálito de cinco espécies de baleias.

“Em comparação com o que normalmente se faz com os animais selvagens – contenção, captura e coleta de amostras – essa abordagem me parece ser a menos invasiva possível”, disse a pesquisadora-chefe, Karina Acevedo-Whitehouse, epidemiologista molecular da Universidade Autônoma de Querétaro, no México. O trabalho, publicado no periódico “Animal Conservation”, rendeu aos seus autores o satírico, mas cobiçado Prêmio Ig Nobel da revista “Annals of Improbable Research”.

Fonte: O Tempo

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