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A Revista VEJA e o Movimento pelos Direitos Animais

1 de novembro de 2013
2 min. de leitura
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Conceição Lizidatti
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A revista VEJA desta semana traz uma série de artigos a respeito da polêmica nacional sobre os direitos dos animais desencadeada desde que ativistas protestaram contra os testes em animais realizados na unidade do Instituto Royal em São Roque – SP. O enfrentamento terminou com a invasão dos laboratórios, a retirada dos animais pelos manifestantes e a destruição parcial do patrimônio da empresa. O que para a empresa constituiu roubo de ferramentas de trabalho, os manifestantes chamam salvamento de criaturas vivas que estavam sofrendo abusos e o que para a empresa constituiu depredação, os manifestantes creditam a grupos infiltrados no movimento (apesar de reconhecerem que são bens construídos a partir de crueldades praticadas ao longo de anos com dezenas de milhares de animais).

O lamentável é encontrarmos nas páginas de VEJA um estereótipo dos ativistas de Direitos Animais. Não somos naturebas sem noção como os textos fazem parecer. Se não compactuamos com uma ordem social que dilapida o planeta, tortura e mata bilhões de seres senscientes anualmente e acaba com a saúde humana é porque, acreditem, estudamos (e muito) o assunto. Portanto, isto não nos torna estúpidos. Cito aqui algumas das inúmeras simplificações encontradas nos textos que contribuem para que o leitor forme uma imagem equivocada do movimento pelos Direitos dos Animais:

1º Nossa “bíblia” não se intitula “Liberdade Animal” (página 91) e sim Libertação Animal, que não tem o mesmo significado. Seu autor, o filósofo australiano Peter Singer, é catedrático de bioética da Princeton University (EUA) desde 1999, tem mais de 20 livros publicados e foi eleito em pesquisa da revista Time uma das cinco pessoas mais influentes do mundo em 2005.

2° Os animais não “se sacrificaram por nós” (página 104). Eles foram sacrificados, já que não escolheram fazê-lo.

3º O Greenpeace também merecia ter sido tratado mais respeitosamente pois os ativistas profissionais que a Revista alega aparecerem em poses “aventurescas” não usam dublês e realmente se arriscam na mira dos abusadores dos animais e do planeta. Métodos pacíficos de mobilizar a opinião pública contra interesses particulares que ameaçam a natureza e as criaturas vivas são tão essenciais para o Greenpeace que deram origem ao nome da Organização e a fizeram perder importantes lideranças que fundaram outras ONGs com propostas bem mais radicais de enfrentamento das ameaças. A ideia que sustenta as ações do Greenpeace é a de que a informação pode mudar o mundo. Se os editores de VEJA não a enxergam ou não acreditam nela, sinceramente, deveriam mudar de ramo.

Conceição Silva Lizidatti
Bióloga M. Sc. Biologia Animal
GAVAS

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