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Zoológico mexicano chamado de "fábrica de animais" é denunciado por maus-tratos

29 de outubro de 2013
6 min. de leitura
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Por Simone Gil Mondavi (da Redação – Argentina)

Foto: divulgação
Foto: Divulgação

O zoológico da cidade de Tehuacán, no Estado de Puebla no México e propriedade de um funcionário do governo, foi denunciado por maus-tratos aos animais. Além disso, ele também foi acusado de ser utilizado como “fábrica de animais”, foi denunciado pela falta de medidas de segurança em relação as espécies, que não são amparadas por nenhuma intervenção das autoridades estatais, municipais ou federais dos departamentos de saúde, proteção civil ou ecologia. As informações são de E-Consulta.

O espaço é de 80 por 60 metros e está localizado em uma área residencial da região central e muito acessível. No exterior do prédio se pode perceber a quantidade extrema de moscas no lado de fora, o cheiro de urina e fezes dos animais.

O jornal informou que os rugidos e gemidos de alguns mamíferos são o preâmbulo para entrar no zoológico, que é conhecido nas redes sociais como  “O bestiário de Tehuacán”, onde  sem controle e cuidado dos animais, as espécies se exibem.

Também foi relatada a pouca conscientização dos moradores e dos guardas do local. “No domingo eu escutei uma mãe dizer ‘pode tocá-lo, não faz nada’, enquanto a sua criança acariciava a perna de um tigre de Bengala que ficava deitado no chão”, disse um jornalista do E-consulta que acompanhava as atividades no local.

A construção improvisada foi feita com chapas galvanizadas e de fibra de vidro que aumentam o calor do local, e boatos dentro do zoológico que indicam que as espécies ameaçadas de extinção são forçadas a se reproduzirem para a comercialização de seus filhotes.

No caminho, pode-se perceber a urina dos animais, usadas para expressar o temor dos ataques, como uma defesa aos maus-tratos praticados pelos seres humanos, uma amostra de que o lugar não tem as condições para que as dezenas de animais selvagens vivam com dignidade, disse o jornalista Francisco Sánchez. “A imagem de cada espécie mostra que as normas de proteção não são cumpridas para resguardar a vida selvagem que lá vive”, denunciou.

Vítimas

Um emu, que é um animal muito semelhante em tamanho ao avestruz, mostra sua pele nua. Suas penas foram arrancadas e o animal parece ter uma doença na pele. Ele caminha cansado a procura de refúgio em algum lugar, já que está sob o telhado, que é a pior localização para suportar os raios do sol.

“Enquanto o avestruz expôs a sua cauda nua, ​​ele deve apoiar-se no chão de cimento quente, não há chão de terra  e nenhum tipo de espaço adequado, também qualquer visitante alimenta com o que quiser qualquer animal”, disse Sánchez.

O jornalista também observou como um tigre branco foi colocado em um espaço de apenas um metro de largura e três de comprimento, e que têm problemas para se virar: quando ele toma fôlego para girar, sua pele esfrega-se contra as barras enferrujadas da gaiola.

Em outra gaiola de três níveis, foi observada uma “banheira” na qual convivem seis tigres, em uma extensão de seis metros por três metros, mas o lugar está praticamente seco. Os xoloixcuintles que são conhecidos como “Pelado mexicano”, uma raça de cães originaria do país, estão em uma gaiola sem limpeza e um dos cães tem uma malformação em uma de suas pernas, aparentemente devido ao contato constante com a umidade no chão. Uma caixa de madeira improvisada com uma entrada é o canil que os serve de habitação, mas as condições em que se encontram são deploráveis​, disse o jornalista.

O contato dos animais é direto com os visitantes, não há uma barreira protetora que impede que as pessoas coloquem as mãos na mesma jaula de um tigre, de uma pantera ou de um leão. A única recomendação é simples, “cuide das mãos de suas crianças”, e qualquer pessoa pode alimentar o animal com o que quiser.

Outra recomendação é “Não entre em pânico caso veja os bisões se açoitando contra a gaiola”. A denúncia também alerta o desespero destes animais que tem sinais claros de doenças pela desespero em sair das gaiolas que compartilham entre quatro animais, em um espaço de 80 metros para habitar, com pouca água e em condições deploráveis.

Embora as normas internacionais de zoológicos digam que é errado alimentar animais, vídeos nas redes sociais demostram que esta situação é comum. Há vídeos em que se pode perceber, por exemplo, pessoas alimentando uma serpente píton com um coelho vivo.

Fábrica de Animais

A denúncia também alega a suspeita de que o zoológico poderia servir como uma “fábrica de animais selvagens”. Sobre tudo pelas gaiolas dos pumas e outros felinos que constantemente têm crias que são vendidas em centros comerciais, em outros pontos do país e no exterior.

Aparentemente o comportamento dos animais poderia parece normal, mas para alguns especialistas sua reação pode ser estranha, gerando suspeita de hormônios estão sendo injetados  nos animais para manipular sua constante reprodução.

A denúncia assinalou que uma jaguar fêmea que perdeu uma perna – sem causas confirmadas – e iria a ser morta, foi polpada e teve logo vários filhotes, como uma fábrica de objetos.

O discurso sem fundo

No 25 de julho deste ano, o Congresso Legislativo Estadual aprovou criminalizar o abuso de animais e as sanções foram estabelecidas para quem realiza ações com a intenção de causar dor, stress ou atormentar os animais, situações que afetam gravemente a saúde ou bem-estar animal e que causam lesões que comprometem sua vida. Será imposta uma pena de seis meses a dois anos de prisão, além de uma multa de 50 a 100 dias de salários mínimos.

Da mesma forma, se a lesão está ameaçando a vida do animal e se os atos de abuso ou crueldade, tem como resultado a morte do animal, serão impostas multas de dois a quatro anos de prisão, e uma multa de 200 a 400 dias de salário mínimo. Além disso, tem uma pena de um a quatro anos de prisão e uma multa de 200 a 400 dias de salário para a pessoa que organiza, promove, divulga ou faz uma ou mais rinhas de cães, com ou sem uma aposta, ou permita que sua propriedade seja usada para fazer estes eventos.

As reformas incluem:

O artigo 471 afirma que, para os fins desta seção, deve significar como animal doméstico ou selvagem, todas as espécies que não constituem fauna nociva nos termos das disposições do artigo 3 da Lei sobre a Proteção dos Animais para o Estado do Puebla.

Além disso, o artigo 472 enfatiza que as sanções previstas nos artigos 470 serão aumentadas pela metade nos seguintes casos:

I. Se desnecessariamente se prolonga a agonia aos animais que sofrem;

II. Ao usar métodos de extrema crueldade, ou;

III. Se, além dos atos de abuso ou crueldade em qualquer animal, o sujeito ativo, fotografa ou filma o ato e os torna públicos por qualquer meio.

Posteriormente, o artigo 473 especifica que será imposto de um a quatro anos de prisão e uma multa de 200 a 400 dias de salário mínimo para a pessoa que organiza, promove, divulga ou faz uma ou mais rinhas de cães, com ou sem dinheiro, ou permita que estes eventos ocorram em sua propriedade.

Até agora nenhum deputado se declarou sobre o local, apesar de terem conhecimento dos abusos que lá acontecem.

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