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Beagle Ricardinho e a matéria veiculada na Folha de São Paulo

28 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Liga do Focinho Amigo LFA
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Sobre o Beagle Ricardinho e a matéria veiculada na Folha de São Paulo e como age a propaganda: será que essa matéria vem para acalmar meu coração?

Beagle Ricardinho, levado por ativistas do Instituto Royal, corre riscos, dizem especialistas (Foto: Reprodução/ Folha de S. Paulo)
Beagle Ricardinho, levado por ativistas do Instituto Royal, corre riscos, dizem especialistas
(Foto: Reprodução/ Folha de S. Paulo)

Tendo a Comunicação como a minha primeira formação, observo como a direção do Instituto e certos órgãos da mídia tentam manipular os maus-tratos, concretos, como animais em luz clara dia e noite, sem condições de higiene ou o que foi encontrado congelado em nitrogênio (fotografado).

Em muitos casos percebe-se claramente que a mídia é coadjuvante nesta história, e como sabemos, a propaganda é a alma e o negócio, vide tempos hitlerianos.

Qualquer confusão mental na sociedade agora é válida para que o caso acalme e a sociedade fique a favor do Instituto e de suas pesquisas com animais (ou neutra, o que para eles e seus clientes já é bom).

Trabalho com percepção, adaptação e comunicação de mudanças climáticas e o mesmo se deu nesta área da ciência, quando empresas petrolíferas a exemplo da Exon patrocinaram Institutos científicos em 2008 para que fossem escritos artigos científicos que encontrassem falhas no relatório do IPCC (International Panel for Climate Change) e que isso fosse divulgado para a sociedade (divulgado pelo Le Monde Diplomatique). Estes artigos que diziam que o aumento da temperatura era natural (e é, mas não no ritmo que se dá atualmente), levaram muitas pessoas a acreditar que não era importante mudar o ritmo do desenvolvimento e reduzir emissões. Há pouco tempo um cientista esteve no “Programa do Jô” falando sobre isso e, logo depois, se arrependeu e desmentiu o que ele mesmo havia dito.

Não queremos ouvir a verdade porque como já disse AL GORE, ela é inconveniente. Assim se dá com o caso do Instituto Royal.

Quem quer ouvir que os beagles e coelhinhos eram maltratados?

Quem quer ouvir que a Johnson & Johnson, nossa marca tão querida, ou a L’Oréal, que nos ajuda a ficar belas, faz experiência com animais (ou compra matéria prima de quem faz, caso da AVON)?

Quem quer ter que controlar o que compra o tempo todo, ou pensar que a maquiagem que usa gastou vidas? Ninguém.

Assim, com uma boa veiculação midiática, (vejam, não estou duvidando de que este animal especifico precise de tratamento adequado, até porque não tenho dados para tal), e um nome carinhoso como “Ricardinho”, o inconsciente coletivo vai se formando e traçando novos contornos e dúvidas: será que os ativistas não estão exagerando? Os animais estavam gordinhos. Veja, tinham até nome, como esse Ricardinho. Tadinho, precisa tomar remédio. E se acalma, para não se sentir culpado.

Pessoas, atenção: isso é para tentar comover a sociedade e dizer que “cuidavam bem dos animais”. Como esse era um reprodutor, pode ser que tivesse mais cuidados sim, o que não muda o cenário encontrado pelos ativistas. Um simples pedaço de papel no lixo com os sintomas possíveis após a experiência (atrofia de musculatura, edema subcutâneo, degeneração muscular multifocal, entre muitos outros) está aí para mostrar os resultados destes testes.

Assim, caros amigos, vai dar trabalho mesmo. Pois é muito dinheiro envolvido, patrocinado pelos nossos impostos e sequer temos o direito de saber quem são os clientes do Instituto Royal. Não se deixem enganar pela notícia e “preocupação sincera” com “Ricardinho”.

Ps. Também sou cientista, mas minhas mãos estão sujas de tinta, computador e giz.

Maria Cecilia

Ph.D. em Ecologia Social e Psicossociologia

Diretora de Comunicação da Liga do Focinho Amigo

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