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Deputado que acolheu beagles diz que pesquisa com animais é ultrapassada

24 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Fiel depositário de dois cães da raça beagle oriundos do Instituto Royal, em São Roque (SP), o deputado federal Ricardo Tripoli defende uma discussão a respeito dos limites éticos ao uso de animais em pesquisas científicas. De acordo com o deputado, os indícios de maus-tratos sofridos pelos cães são suficientes para uma busca por métodos alternativos.

“É algo muito duro de você imaginar que nos tempos de hoje a ciência ainda utilize métodos ultrapassados. (…) A gente discute isso há quase 20 anos, essa questão dos estudos científicos. O mundo já está mudando isso. Não dá para admitir que a ciência que avançou tanto, com células que são elaboradas em laboratório, você imaginar que esses métodos retrógrados e ultrapassados ainda sejam utilizados. E nem sempre de forma correta”, afirmou o deputado.

O deputado conseguiu a guarda temporária de dois beagles recapturados pela polícia (Foto: Divulgação)
O deputado conseguiu a guarda temporária de dois beagles recapturados pela polícia
(Foto: Divulgação)

De acordo com o deputado, os ativistas que invadiram o Instituto Royal na madrugada da última sexta-feira (18) apresentaram diversos relatos de maus-tratos sofridos pelos animais, que teriam uma série de distúrbios decorrentes do confinamento. “Você observa que os animais estão obviamente estressados. Um animal confinado, não só num espaço diminuto, mas que tem que ficar numa gaiola por cinco, seis meses, você imagina o trauma que é. Ele sai de lá, vai para o teste, volta para a gaiola”, diz Tripoli, que alega haver um “absurdo de irregularidades” cometidas pelo instituto.

Apesar de não terem sinais evidentes de lesões, as cadelas que estão sob os cuidados do deputado também demonstram transtornos. “Os que estão comigo, eu imagino pelo que me disse o próprio veterinário, eram animais de procriação. As duas cadelas eram matrizes. O que você percebe é que elas não têm ainda muita mobilidade. Como ficaram confinadas muito tempo, quando você coloca elas num espaço aberto, elas andam e voltam pro mesmo lugar. Você tem que ir devagarzinho acostumando elas. (…) Como eram de procriação, elas não eram de experimento, elas forneciam animaizinhos para experimento”, relata.

Na opinião de Tripoli, a grande repercussão do caso do Instituto Royal será de grande valor para a discussão de novas práticas científicas. “Há necessidade que essa discussão seja ampla, seja aberta, seja irrestrita e leal. (O caso Royal) vai ajudar muito. Eu acho que as entidades, bem ou mal, recolocaram o assunto na pauta. O Brasil inteiro está revoltado, você não tem ideia do que eu recebo de e-mails”, conta o deputado.

Ativistas receosos

No Facebook, ativistas ligados à ação no Instituto Royal se mostram receosos com a possibilidade de serem denunciados pelo furto dos cães. Nas discussões da página dedicada ao assunto, circulam mensagens que alertam para a possibilidade de os animais terem chips de identificação, que poderiam ser rastreados. “Os beagles estão com chip de identificação e há ordem judicial para pegá-los em clínicas veterinárias e devolver ao Instituto Royal. ATENÇÃO: chamem APENAS veterinários de confiança e, se possível, um que vá até o seu local. Tomem cuidado com clínicas veterinárias e lojas PET”, alerta uma das mensagens.

O deputado Ricardo Tripoli diz manter um diálogo frequente com alguns dos ativistas, que, segundo ele, devem ser protegidos. “Eles têm que tomar cuidado, porque são todos protetores, são pessoas de paz. Eles só visam o bem-estar dos animais. Eu, como deputado da área de meio ambiente e da proteção animal, trabalho para a defesa dos animais e também dos protetores. A luta deles é uma luta legítima”, conclui.

Fonte: Jornal do Brasil

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