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Gralha-de-bico-vermelho pode entrar em extinção nos próximos 20 anos

11 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Especialistas nacionais e internacionais vão debater o estado de conservação e a distribuição da Gralha-de-bico-vermelho na Europa para definir estratégias de combate à possível extinção local da espécie, nos próximos 20 anos.

O 4º Workshop Internacional para a Conservação da Gralha-de-bico-vermelho realiza-se entre 10 e 12 de outubro na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, e pretende fazer uma atualização do número de indivíduos e a adoção de medidas para inverter o declínio da espécie na Europa.

(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

Segundo os dados mais recentes do Livro Vermelho dos Vertebrados, em 2006, a estimativa para as populações de Gralha-de-bico-vermelho, em território nacional, vai até às mil aves. Contudo, a monitorização continuada dos especialistas do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), revela a existência de metade dos animais, com totais que não ultrapassam os 500 exemplares.

Esta dramática redução populacional e a consequente ameaça da extinção local traduzem alterações profundas nos usos do território com implicações na perda da biodiversidade associada à paisagem rural e natural. Como explica o investigador João Cabral, Coordenador do LEA, “Sabemos que o desaparecimento de uma espécie tem sempre consequências no funcionamento dos ecossistemas que antes suportavam a sua ocorrência. Neste caso, com o declínio da Gralha-de-bico-vermelho desaparece um indicador ecológico da paisagem rural tradicional. Este indicador está conotado com a qualidade ecológica de um determinado tipo de habitats humanizados, dominados pelas pastagens e culturas de sequeiro, que parecem condenados a desaparecer”.

(Foto: Reprodução Internet)
(Foto: Reprodução Internet)

Entre as principais causas para o decréscimo do número de indivíduos da Gralha-de-bico-vermelho estão o abandono da agropastorícia tradicional, a perturbação causada pelas atividades humanas, como a pressão urbana, a construção de infraestruturas em áreas remotas, a pilhagem de ninhos e a caça.

O ornitólogo do LEA, Paulo Travassos, esclarece: “Se, por um lado, a ocorrência desta espécie acompanhou uma paisagem que se foi modificando paulatinamente durante séculos, beneficiando dos habitats proporcionados por uma paisagem moldada pelas atividades ancestrais humanas, como a agricultura e a pastorícia tradicionais (os dejetos do gado promovem a proliferação de larvas de insetos que são a base alimentar da dieta da Gralha-de-bico-vermelho), quando essas práticas desaparecem, estas aves não se conseguem adaptar e a espécie deixe de ocorrer nesses locais”.

Além disso, o decréscimo da espécie conduz a uma menor variabilidade genética, aumentando a probabilidade da manifestação de doenças degenerativas. O tema está já a ser desenvolvido no âmbito de uma tese de doutoramento que está a decorrer no CITAB, em parceria com o Centro de Genómica e Biotecnologia e com o Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid. “A avaliação do potencial isolamento genético das populações da Gralha-de-bico-vermelho em Portugal” é da autoria de Francisco Morinha e é financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.

Fonte: Notícias de Vila Real

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