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Zoológico de SP submete animais a intenso estresse com manipulação de visitantes

7 de outubro de 2013
3 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa   (da Redação)

Um zoológico localizado na cidade de São Bernardo do Campo, SP, tem submetido seus animais, que já vivem em confinamento e alheamento total de suas condições naturais de vida, à manipulação abusiva pelos visitantes do local.

Coruja manipulada por várias crianças ao mesmo tempo (Foto: captura de video/Rede Globo)
Coruja manipulada por várias crianças ao mesmo tempo (Foto: captura de video/Rede Globo)

São corujas, cobras, sapos, entre outros, colocados à disposição de adultos e crianças ávidos por novas experiências com o mundo animal. O pretexto dado pelo zoo para tamanha aberração é a possibilidade de fazer as pessoas perderem o “medo” de interagir com animais aos quais não estejam acostumadas.

Criança maneja sapo inchando em visível estado de estresse . (Foto: captura de vídeo/ Rede Globo)
Criança maneja sapo inchando em visível estado de estresse . (Foto: captura de vídeo/ Rede Globo)

Os pobres animais passam, então, de mão em mão e são manejados grotescamente por todos, sendo até mesmo disputados pelas crianças.

Uma matéria feita pelo jornal SPTV, que categoriza tais animais como “assustadores”, mostra que um dos sapos, de tanto ser manipulado, inchou, em evidente estado de estresse e medo. Tal fato é completamente desconsiderado por quem teve a infeliz ideia de aproximar ainda mais esses animais dos humanos. Enquanto as pessoas perdem o medo dos animais, estes têm cada vez mais motivos para temê-las.

Segundo o diretor técnico do zoo, a experiência promovida  “sensibiliza quanto à importância do respeito à natureza”, mostrando que eles não são tão perigosos quanto se imagina. No entanto, essa nova prática não representa respeito algum à natureza dos bichos ao submetê-los a um nível extraordinário de estresse, em troca de um happening com os humanos. Sua alma já foi arrancada pelo cativeiro e sua essência já foi exterminada pelos infindáveis dias de isolamento. Mas esses fatos parecem não ser suficientemente violadores: enquanto há possibilidades de se explorar até o íntimo de um animal, nada se desperdiça.

E assim segue o circo. A reportagem da TV ressalta que as araras que se encontram aprisionadas em gaiolas fazem uma “recepção calorosa” à visita dos humanos, pelo fato de estarem grasnando. A jornalista enaltece o ambiente, que propicia ao visitante sentir-se em uma “verdadeira floresta”, porém com a vantajosa conveniência de que os animais não fogem e até posam para fotos! (sic)

zoo sbc cobra
(Foto: captura de vídeo/ Rede Globo)

E qual é afinal o intuito de acabar com o medo que as pessoas teriam desses animais? Um dos meninos entrevistados declara, enquanto acaricia uma coruja em suas mãos, que tem vontade de levá-la para sua casa “para sempre”. Em vista de depoimentos como este e das demais reações de encanto, conclui-se que, se havia algum fundo de intuito ambiental nessa ação, o fracasso foi completo. Pois, dessa forma, apenas se desenvolve a ideia de que animais silvestres são tão dóceis e inofensivos que se pode até criá-los em casa.

Não há mais desculpa para atitudes desse tipo. Estão mais que comprovados os danos sofridos por animais mantidos em cativeiros como os zoológicos. Não existe qualquer cunho pedagógico em tolher por completo toda a liberdade de um animal em troca de um voyeurismo sádico, que humilha e traz muito sofrimento e distúrbios de comportamento. Vitimados por um sequestro e submetidos às excrescências humanas, os animais não têm escolha para a pena que lhes é imposta: condenação ao isolamento e infelicidade perpétuos.

Para assistir à matéria veiculada pela Rede Globo, clique aqui.

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