EnglishEspañolPortuguês

Irã pretende enviar gato persa ao espaço

21 de setembro de 2013
4 min. de leitura
A-
A+

Por Vinicius Siqueira (da Redação)

Irã pretende enviar gato persa para o espaço (Foto: Reprodução)
Irã pretende enviar gato persa para o espaço (Foto: Reprodução)

O Irã planeja enviar um gato persa como mais um teste para sua primeira missão tripulada ao espaço, prevista para 2020, de acordo com a IRNA, agência de notícias oficial do Estado iraniano. As informações são do portal Terra.

Segundo a IRNA, o alto escalão do programa espacial iraniano Mohammad Ebrahimi também afirmou que a missão com o felino poderá ser realizada em março do ano que vem, mas qualquer data pode ser modificada sem aviso prévio. Com este passo, o programa espacial iraniano continua uma tradição nada digna com os animais que se iniciou na guerra-fria.

O anúncio gerou protestos por parte de grupos de defesa dos direitos animais, como a PETA. “Agências europeias e francesas pararam de enviar animais ao espaço, não só por serem antiético, mas também porque eles viraram modelos pobres das experiências humanas”, disse Ben Williamson, porta voz da organização, e completou “Atualmente estão disponíveis métodos científicos mais aprimorados, sem uso de animais”.

No início do ano a agência espacial iraniana enviou um macaco para o espaço e alegou que a missão foi um sucesso, com a viagem de ida e volta do animal em plena segurança. Este seria o argumento principal para desconsiderar as críticas de grupos de defesa dos direitos animais, entretanto, a informação já foi contestada, quando um macaco diferente do que fora enviado para o espaço foi apresentado em uma coletiva de imprensa sobre a missão.

Os primeiros animais enviados ao espaço

Dentro do histórico de animais enviados as missões espaciais, as duas primeiras experiências resultaram em desastre. Os animais são enviados principalmente para se analisar os efeitos da radiação em altitudes elevadas e da microgravidade em organismos vivos.

Esta parece uma experiência confortável para Able? (Foto: Reprodução)
Esta parece uma experiência confortável para Able? (Foto: Reprodução)

O macaco Albert II foi o primeiro animal a ir para o espaço, aconteceu em 1949. Ele foi enviado como tripulante do foguete americano V2, em um voo suborbital (que não tem velocidade o suficiente para permanecer girando na órbita da terra). Seu lançamento foi um sucesso, mas o retorno não garantiu sua segurança. Abert II morreu na aterrissagem.

Oito anos mais tarde, foi a vez da cadela Laika, enviada pela União Soviética e tinha objetivo verificar se um animal era capa de permanecer em órbita, na terra. A cachorra foi enviada pela Sputnik 2 e conseguiu entrar em órbita, mas morreu durante a missão.

Os macacos Able e Baker foram os primeiro a sobreviver, em 1959, conseguindo realizar a viagem completa pelo foguete americano Jupiter AM-18. Entretanto Able morreu em uma cirurgia para retirar um eletrodo infectado que fora colocado para o controle sobre as respostas de seu organismo.

A exploração animal “por um bem maior”

Diversos outros bichos foram enviados, alguns retornando com vida e outros morrendo em missão, mas não chegaram a ter o nome tão marcado na história da corrida espacial como esses quatro animais apresentados. A falta de tecnologia para prever o que aconteceria com um organismo vivo foi a justificativa das agências espaciais no início das missões, justificativa essa que também não passa em um teste ético simples: seria do interesse destes animais ir pro espaço sem garantia de vida? Ou seria uma face da exploração animal perpetuada pela espécie humana?

Nenhuma agência espacial, atualmente, envia animais para o espaço. Como já dito, é antiético e ineficiente. Como um país que consegue ter um programa espacial não tem o necessário para aplicar métodos substitutivos que já estão disponíveis?

O histórico do Irã, com o macaco enviado no início do ano, não é dos mais favoráveis, já que há a possibilidade  do primata não ter voltado vivo da missão e, pelo embaraço que isso causaria ao programa espacial do país, a opção menos constrangedora (mas ainda constrangedora) foi substituir o animal por outro parecido.

Existe a possibilidade do gato (e de qualquer animal enviado) morrer por estresse na viagem, superaquecimento, não resistir à variação de gravidade e não resistir à aterrissagem. São perigos que um humano também enfrentaria em uma missão para o espaço em que teste preliminares não fossem realizados. Isso significa que utilizar um animal como teste (o utilizando como um mero instrumento de experiência humana) é justo?

Não é justo para nenhum animal, humano ou não humano. Os métodos substitutivos já existem e precisam ser utilizados, tanto pela segurança de futuras missões, como pelo respeito à integridade dos animais, que não são objetos para a exploração.

Você viu?

Ir para o topo