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A Conexão Conakry - Zoológicos chineses depredam a fauna africana

12 de setembro de 2013
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Um extenso e meticuloso trabalho realizado por um grupo de defensores da fauna e pela organização Pax Animalis desvenda uma rota criada por traficantes africanos de animais para abastecer os mais novos zoológicos chineses.

De 2009 até 2012, mais de 130 chimpanzés bebês e jovens, assim como 10 gorilas, foram contrabandeados da Guiné-Conakry, no oeste africano, para China. Os primatas viajaram, na maioria das vezes, com documentação do CITES, originada na Guiné e constando como nascidos em cativeiro. A maioria dos primatas provém de países limítrofes, como Mali e Serra Leoa, e foram tirados da natureza a um custo altíssimo de vidas de seus familiares, que os defenderam até a morte. Por cada bebê capturado, 10 adultos geralmente morrem.

Esta rota Conakry-China existe há mais de duas décadas, sendo abastecida inicialmente com pássaros e depois migrando para primatas.

Os traficantes da Guiné têm uma extensa lista de animais disponíveis. Um chimpanzé vale 20 mil dólares, um gorila chega a ser vendido por 37 mil dólares.

O segredo deste comércio é que nos certificados CITES, que são exigidos para exportação de qualquer animal da África ameaçado de extinção, eles são classificados como nascidos em cativeiro, quando, na verdade, são capturados na natureza. A permissão CITES de importação na China também os classifica como nascidos em cativeiro.

As permissões CITES são geralmente compradas ou falsificadas na Guiné, o que motivou que, em 2011, o Secretariado da CITES, que é um órgão da ONU, fosse à Conakry para investigar as denúncias e tentar colocar ordem no trabalho realizado lá, que estava colaborando com os traficantes ao depredar as selvas africanas de sua fauna mais representativa.

Os zoológicos chineses, muitos deles novos ou renovados, devido ao crescimento explosivo da economia daquele país, tentam trazer o maior número de animais africanos possíveis, considerando que o público se interessa muito por eles. Em alguns zoológicos, são apresentados até espetáculos circenses, com alguns daqueles chimpanzés bebês trazidos da África.

O extenso relatório de 143 páginas, dirigido pelo premiado fotógrafo e documentalista internacional Karl Ammann, levanta um problema crítico: como repatriar todos aqueles chimpanzés e gorilas que foram levados ilegalmente para zoológicos chineses e que se sabe onde estão localizados. Ante as várias alternativas, dificilmente conseguirão as colaborações das autoridades chinesas e de Conakry, que no fim, foram cúmplices neste sórdido contrabando.

O Projeto GAP condena, ante ao mundo, esta atitude dos zoológicos chineses que estão provocando uma verdadeira sangria de valiosas vidas dos últimos sobreviventes de grandes símios nas florestas africanas.

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