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Antílopes em extinção são vítimas indefesas da caça no Uzbequistão

28 de setembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Vinicius Siqueira (da Redação)

Foto: FWS/Richard Reading
Foto: FWS/Richard Reading

De todos os distintos animais que já entraram em perigo de extinção e que receberam ajuda para continuarem a perpetuar sua espécie, com certeza o antílope Saiga pode ser considerado um caso que se aproxima do sucesso em algumas de suas regiões de estabelecimento, apesar de ainda serem espécie rara e caçado em outras. As informações são do Care2.

O animal, que vive em pastagens e desertos semi-áridos entre a Rússia e a Ásia Central, sobreviveu à predadores como o tigre dentes-de-sabre e o mamute, com populações que chegavam aos milhões no último século. Entretanto, nos últimos 15 anos a caça e outras intervenções humanas diminuíram seu número para 5% do que era estabelecido nas regiões.

Em 2002 o Saiga foi colocado na lista da International Union for Conservation of Nature (IUCN), organização que luta pela vida das espécies em extinção, como um dos animais em situação de extremo perigo. Entretanto, segundo o National Geographic, esta espécie voltou a se reproduzir sem qualquer intervenção humana negativa no Cazaquistão. Há agora 5 sub-espécies do antílope que habitam o Cazaquistão, principalmente, mas que também se estendem para o Uzbequistão, Rússia e Mongólia. O Uzbequistão é o lar genuíno da sub-espécie Saiga tatarica mongolica, que tem uma população de 750 animais, apenas, ainda em situação de perigo.

Com o fim da União Soviética, as leis e a fiscalização que impedia a caça ao Saiga também foram deixadas de lado, o que abriu um janela enorme para que – por conta da grande demanda chinesa pelos chifres translúcidos desses antílopes – a caça fosse intensificada e disseminada por todas as regiões em que habitava.

Foto: FWS/Richard Reading
Foto: FWS/Richard Reading

Foi a caça que desequilibrou a população de machos e fêmeas e, com isso, dificultou a reprodução. A proporção é de 1 macho para cada 100 fêmeas.

Organizações de proteção e preservação de espécies do Cazaquistão estão realizando um trabalho junto às populações locais para explicar o valor do Saiga e como ele se relaciona com o ambiente, desta forma, aumentando a rede de protetores destes animais. O resultado deste trabalho foi o aumento de 30 mil Saigas para 150 mil em poucos anos, de acordo com o National Geographic. Apesar de ainda estarem em número de risco em outras regiões, como no Uzbequistão, a situação no Cazaquistão é considerada boa.

Mesmo assim, os Saigas não estão completamente salvos. Mudanças climáticas podem retirá-los da região onde são protegidos por lei, os expondo aos diversos tipos de perigo como a já citada caça por seus chifres. Os predadores e as doenças também podem diminuir o número de antílopes, pois, segundo cientistas da região, a pasteurellosis matou 12 mil Saigas em 2010, seguido por mais duas quedas menos bruscas da população nos anos seguintes. A intervenção em nome do “progresso” também pode ser um dos problemas, já que o Uzbequistão pretende construir uma estrada justamente no local onde os Saigas sobrevivem, o que deverá afastá-los de seu habitat para um destino não planejado.

A caça movimenta 22 milhões de dólares e é um perigo constante que, somente sob dura fiscalização, consegue ser controlado.

“Apreensão da semana passada na China é ainda outro alarme chocante. De todos os mamíferos existentes, Saigas estão sofrendo a taxa mais rápida de declínio e extinção é um resultado dolorosamente realista. A única saída para o Saiga é que esperar que nós, seres humanos, comecemos a agir agora, senão vamos perdê-los para sempre” disse Maria Vorontsova, do International Fund for Animal Welfare Russia.

Como Peter Singer disse em entrevista para a Galileu, hoje vivemos em uma época onde é necessário haver total transparência em cada ato governamental. É somente com essa transparência que se pode provar, por exemplo, que há ações para a proteção do Saigas e que eles não estão largados à caça, como aconteceu logo após o fim da União Soviética.

Não é difícil lembrar dos casos de caça à elefantes por marfim. A discussão pública, juntamente com as seguidas denúncias dos locais onde a caça acontecia e para onde o marfim seguia, assim como a fiscalização rígida, ajudaram a diminuir tal empreitada cruel que ainda persiste e que ainda é combatida.

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