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84 cães aposentados foram mortos arbitrariamente pela polícia inglesa nos últimos anos

27 de setembro de 2013
5 min. de leitura
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Por Claudia Braghetto (da Redação)

Criminoso? Pelo menos 84 cães policiais aposentados foram sacrificados nos últimos três anos.
Criminoso? Pelo menos 84 cães policiais aposentados foram sacrificados nos últimos três anos.

A polícia sacrificou pelo menos 84 de seus cães aposentados nos últimos três anos, apesar de famílias estarem dispostas a adotá-los. Alguns dos cães sacrificados tinham apenas quatro meses de idade. Também é alegado que cães de várias Forças foram sacrificados apesar da longa lista de espera de pessoas querendo adotá-los.

A notícia, publicada no jornal The Sun, segue a revelação feita esta semana que o Ministério da Defesa matou 288 cães nos últimos dez anos, incluindo dois cães da RAF (Força Aérea Real) que protegiam o Príncipe William. Brus e Blade foram sacrificados apenas dois dias após o príncipe ter deixado seus serviços.

Âncora da Sky TV Kay Burley, madrinha da instituição de caridade de cães aposentados Fireside K9, se manifestou contra a forma como os cães têm sido tratados.

Ela disse: “Esses cães tem arriscado as suas vidas por nós, então agora nós precisamos dizer obrigado e tratá-los, em sua aposentadoria, com o respeito que eles merecem. Nós temos que fazer algo para evitar que eles tenham o mesmo destino terrível que os cães de guarda do Príncipe William tiveram”.

Fundadores do Fireside K9, Duncan Matthews, oficial da polícia de West Yorkshire e adestrador de cães em atividade, e o capelão da corporação Reverendo Paul Wilcock, tem o objetivo de ajudar a cuidar dos caninos combatentes de crimes, quando eles são considerados muito velhos para aguentar o ritmo.

Existem atualmente 22 cães policiais aposentados em West Yorkshire sendo cuidados pelos seus antigos cuidadores, todos oficiais da polícia na ativa.

Nos EUA, cães policiais recebem uma pensão vitalícia para cobrir seus cuidados e gastos com comida após terem cumprido seu dever jurado como oficiais da polícia. Na Grã-Bretanha, quando um cão policial pendura a sua coleira, todas as responsabilidades de seus cuidados são revertidas ao adestrador – incluindo as básicas, como comida, juntamente com altas contas médicas e veterinárias.

A instituição teme que os cães possam ser sacrificados porque seus adestradores não tem condições de cuidar dos mesmos – e espera poder fazer com que os oficiais não tenham que tomar tais decisões de vida ou morte em relação aos seus cães devotos puramente por causa de dinheiro.

O Reverendo Wilcock disse: “Nós montamos a Fireside K9 porque cães policiais são mais do que apenas ferramentas para fazerem um trabalho. Isso pode se aplicar aos nossos veículos, nosso helicóptero e nosso kit – mas nossos cães são mais do que isso”.

“Eles são parceiros, colegas leais e amigos confiáveis. Um oficial pode passar tanto tempo na companhia do seu cão quanto com a sua família. É essencial que, quando eles se aposentarem, exista apoio e cuidado disponível a eles até o fim natural de suas vidas.”

“Cães militares e policiais são animais incríveis. Nós acreditamos que esses cachorros dedicaram todas as suas vidas a nós – agora é hora de retribuir o favor.”

Companhia leal: Fundador da Fireside K9 Duncan Matthews e o cão policial Kiro, que acabou de se aposentar.
Companhia leal: Fundador da Fireside K9 Duncan Matthews e o cão policial Kiro, que acabou de se aposentar.

Como um oficial da ativa, o parceiro confiável de Matthew é um pastor alemão chamado Tia, substituto de Kiro, que acabou de se aposentar e mora com o oficial em seu lar em West Yorkshire.

Ele disse: “Os cães são o meu trabalho. Se nós somos chamados em uma situação que poderia ser muito perigosa para um policial entrar, o cão policial e eu muitas vezes temos que ir primeiro. Ou talvez o cão tenha que ir sozinho para liberar o ambiente e dar aos policiais uma indicação de que possa ter um suspeito, possivelmente armado, escondido. Não há dúvidas de que esses cachorros salvam vidas humanas”.

“Um vínculo muito estreito é desenvolvido entre o oficial e o cachorro, eles são como melhores amigos e parte da família, e quando eu recebo ligações dos oficiais dizendo que eles não podem arcar com as contas do veterinário para os seus muito amados cães, é desolador”.

A senhora Burley ficou chocada ao saber do tratamento dado pela polícia aos seus cães. Ela disse: “Quando Duncan me chamou para ser madrinha, eu fiquei honrada e aceitei imediatamente. Eu sempre tive um enorme respeito pelo trabalho vital que esses corajosos cães policiais fazem para manter a nós, humanos, a salvo. Eu fiquei chocada ao saber que não há patrocínio quando eles terminam suas vidas de trabalho, e eu estou determinada a ajudar a consertar esse erro”.

“Eu acho maravilhoso que os cães nos EUA se aposentem com uma pensão – nós precisamos valorizar os nossos cães militares e policiais com o mesmo respeito. Ainda assim nós deixamos os adestradores lutando para alimentar e cuidar de, às vezes, dois cães aposentados, assim como do animal na ativa – e nós sabemos o quão caro as contas dos veterinários podem ser.”

Ela tem sido uma orgulhosa tutora de cachorros por mais de 20 anos. E acrescentou: “Eu tenho três Setters Irlandeses – Gordon, Alf e Dill – e eles significam tudo para mim. Eles sempre ficam arrasados quando eu saio de casa, encantados quando eu volto e são os únicos que não me dizem como eu poderia fazer melhor o meu trabalho!”

O oficial Matthews compara os cães policiais aos seus colegas humanos. Ele disse: “Eles são trabalhadores, combatentes do crime altamente treinados. Eles localizam pessoas e bens, dão suporte ao departamento de armas de fogo e são, muitas vezes, os primeiros a entrar pela porta e liberar um ambiente antes de um oficial entrar”.

“Eu sei, em primeira mão, como esses cães nunca vacilam em seus deveres de proteger seus adestradores e o público, e eu acredito que oferecer a eles este apoio durante a aposentadoria é o mínimo que podemos fazer.”

Para mais informações, siga @FiresideK9 no Twitter.

Nota da Redação: Convém esclarecer que a aposentadoria digna do cão é o mínimo tolerável, já que o próprio uso de cães na polícia já é um abuso ao animal. São estes cães que entram em zona de perigo antes de humanos, porque suas vidas são consideradas menos valiosas que a vida de cada policial.

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