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Grupo defende o fim do urso panda

17 de setembro de 2013
5 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

As pessoas adoram ursos panda. São animais bonitos, meigos e desesperadamente ameaçados de extinção. O senso comum, mesmo em países nos quais se praticam atrocidades contra outras espécies, pede que se tente salvá-los. No entanto, um jornalista lançou recentemente uma questão provocadora: devemos simplesmente desistir do panda e deixá-lo morrer? As informações são da Care2.

Timothy Lavin, redator da Bloomberg, causou polêmica recentemente ao publicar um artigo chamado “Por que eu odeio pandas e você deveria odiar também”. Em resposta às alegres declarações de que um novo bebê panda nasceu no National Zoo de Washington, Lavin diz que estamos desperdiçando dinheiro, tempo e esforço tentando salvar os pandas.

O jornalista pretende, com sua declaração, levar ao questionamento da validade em todos se mobilizarem para salvar uma espécie considerada adorável em detrimento de usarem os recursos para salvar outras espécies. Ele acredita que se deve deixar que os pandas sejam extintos pois eles representam “fracassos evolutivos”, ou seja, “não se reproduzem naturalmente, são exigentes com a alimentação e sua manutenção é cara”.

Lavin pensa que os defensores de pandas precisam de uma intervenção urgente. “Tem havido uma corrida para salvá-los há milhares de anos. Todo esse dinheiro seria melhor gasto na preservação de habitats diversos ao invés da insistência em uma única e desesperançada espécie”, acrescenta.

Pandas: quase não há mais

O panda, conhecido como Giant Panda (branco e preto) para diferenciá-lo de seu primo, o Red Panda (panda de pelagem avermelhada), vive em apenas algumas áreas montanhosas da bacia de Yangtze na China. Desenvolvimento, agropecuária e desmatamento acabaram com quase todo o seu habitat natural.

O Giant Panda está listado como “ameaçado” na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Devem ter restado no máximo 1600 pandas na natureza. Somente 61% dos remanescentes pandas selvagens – aproximadamente 980 – vivem protegidos em 50 reservas chinesas.

Pandas são carnívoros, mas estranhamente 99% de sua dieta consiste em bambu. Costuma-se dizer que são carnívoros que evoluíram a algo próximo ao vegetarianismo. Segundo a reportagem, o bambu não apresenta densidade de nutrientes, e por isso um panda deve comer de 11 a 30 quilos de bambu todos os dias.

Pessoas que odeiam os pandas

Como Lavin aponta em seu artigo, ele não é o primeiro a sugerir que acabemos com os grandes esforços para salvar o panda. Chris Packham, um especialista em vida selvagem da televisão britânica, disse ao jornal The Telegraph, em 2009: “Aqui está uma espécie que, por sua própria vontade, foi para um beco sem saída. Não é uma espécie forte”. Eis o veredicto de Packham: “Eu acho que devemos puxar o plug. Deixá-los ir com um grau de dignidade”.

Outros disseram o mesmo, às vezes duramente:

  • Brian Barrett e Sam Biddle, escreveram ao Gizmodo: “A natureza deixou claro em termos inequívocos que os pandas precisam morrer. Agora”.
  • David Plotz, disse ao Slate: “Pandas não são de má índole. São piores: eles não têm índole. Tão fúnebres que você não pode imaginar. Eles são altamente anti-sociais, detestam interação com outros pandas e com pessoas… Já vai tarde, semi-urso”.
  • Lu Zhi, especialista em pandas da Universidade de Beijing, disse que “tentar reintroduzir pandas na natureza é tão sem sentido (…)”.
  • David Bellamy, especialista em vida selvagem, afirmou: “Você não pode soltá-los de volta à natureza se não restou natureza, e nós não devemos recriar animais para colocá-los em gaiolas”.

Outro ponto, em última análise, é que os seres humanos têm arruinado tanto o habitat do panda que quase não há literalmente lugar nenhum onde os pandas criados em cativeiro pudessem ser devolvidos com êxito à natureza. Isso leva à pergunta, por parte de alguns: Por que estamos tentando criar mais deles com tanto esforço?

Lavin sentiu a ira dos fãs do panda após a publicação de seu artigo contrário à espécie. “Você não tem alma?”, um amigo lhe perguntou, de acordo com o mynorthwest.com. A Care 2 diz que Lavin provavelmente não tem uma alma, mas talvez ele esteja dando voz a pensamentos que outras pessoas ainda não se deram conta: “Deve haver um limite? É hora de se dizer ‘chega?’ “.

Por que os pandas merecem nossa ajuda

Defensores do panda dizem que não irão desistir – “se formos para baixo, vamos cair lutando”. Eles dizem que opositores como Lavin escrevem histórias como esta principalmente porque é mais fácil e se ganha mais visualizações de página “sendo descaradamente errado do que aborrecidamente certo”.

Pandas não são “fracassos evolutivos”. Pelo contrário, nós causamos o seu fracasso. Antes da humanidade, por três milhões de anos ou mais, os pandas sustentaram-se a si mesmos admiravelmente, acasalando-se e se reproduzindo exatamente como agora, e alimentando-se da mesma forma que o fazem hoje. As inclinações únicas do panda só se tornaram “um problema” para a sua sobrevivência depois que as pessoas chegaram.

Então nós erradicamos seu habitat, retiramos suas fontes de alimento, caçamos -lhes por suas lindas peles, amontoamos os mesmos em reservas e assistimos os seus números diminuírem para níveis perigosamente baixos.

“O panda não pode começar a nascer mais frequentemente só porque está criticamente ameaçado; não é assim que funciona”, explica Dan Nosowitz, do PopScj.com. “Se te dissessem que a raça humana agora subitamente só poderia dar à luz a cada dois meses e deveria viver de folhas de carvalho, não ia funcionar”. Ou seja, o panda não é culpado por essa bagunça – somos nós.

A reportagem da Care2 termina comentando que, no entanto, uma pergunta permanece, e que os críticos criaram um cenário de “A Escolha de Sofia” para o assunto: “se podemos fazer mais bem para as outras espécies com os milhões que estamos gastando com os pandas, devemos reduzir nossas despesas, relegar o panda ao passado e ajudar os outros ao invés disso?”.

É um triste estado de coisas, uma vez que a humanidade destruiu tanto o ecossistema a ponto de achar necessário debater a sabedoria de tentar salvar um animal amado da extinção. Em outras palavras, os humanos começam a dizer algo como: “pandas, nós os adoramos, mas se vocês não têm um habitat em que possam sobreviver, como é que podemos salvá-los?”. De qualquer forma, muitas pessoas ainda querem tentar.

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