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A mensagem libertária das ações diretas contra pesquisas em animais

16 de setembro de 2013
4 min. de leitura
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A ação direta do grupo ativista Fermare Green Hill (em português, Parem Green Hill), ocorrida em abril de 2012, passa uma mensagem à comunidade científica do mundo inteiro: o escravismo científico que vitima animais não humanos e condena à dependência os humanos não será tolerado pelos abolicionistas. E essa mensagem precisará ser levada a sério, porque a ideologia do especismo e dos interesses econômicos farmacêuticos não vai para sempre governar as ciências biológicas experimentais e manter mesmo os mais compassivos e empáticos humanos reféns do consumo de medicamentos e terapias de origem cruel.

Na ocasião, ativistas abolicionistas do grupo mencionado fizeram em Milão, na Itália, uma operação de resgate e sabotagem de um experimento que havia condenado de nascença centenas de camundongos e coelhos a problemas graves, como autismo, esquizofrenia e imunodeficiência. A operação contou com o resgate de cerca de cem animais e o embaralhamento dos números das gaiolas onde eles eram mantidos perpetuamente presos, além de alguns terem se acorrentado a portões e centenas de pessoas estarem protestando do lado de fora do centro de pesquisas.

A falta de senso ético da pesquisa era tão gritante que mesmo o próprio resgate das vítimas do experimento acabava sendo algo prejudicial a elas, que só podiam ser mantidas vivas sob condições rigidamente especiais, já que sua incapacidade neuro-psiquiátrica e sua imunodeficiência os impediam de sentir o gosto da liberdade e de uma vida próxima do que seria o natural de sua espécie.

Os cientistas lamentam que poderão demorar anos para recompor a pesquisa. Já os defensores dos Direitos Animais comemoraram a parcial mas existente vitória, embora talvez já estejam lamentando a morte massiva dos roedores condenados à debilidade. Essa possível mortandade vem sendo usada pelos defensores das pesquisas em animais não humanos como aquilo que justifica que, por causa das limitações impostas às vítimas desde o nascimento, essas experiências não sejam impedidas de continuar. “Animais vão morrer e pessoas vão deixar de ter acesso a terapias que poderiam salvar ou melhorar suas vidas”, dizem.

É justamente esse acorrentamento dos seres humanos à dependência de pesquisas antiéticas e assassinas (já que, em sua maioria, as cobaias são abatidas após a sua conclusão) que precisa ser questionado por todos. Isso inclui botar na berlinda a ideologia especista, que considera “verdadeira” e “objetiva” a hierarquia moral a inferiorizar os animais não humanos e “superiorizar” os humanos e justifica a “validade moral” de se causar sofrimento e privar de direitos os animais vitimados a cada experimento.

E é esse aberlindamento que ações diretas como as do Fermare Green Hill e da Animal Liberation Front promovem. Elas demonstram que não será para sempre que experiências antropocêntricas que causam sofrimento vão continuar acontecendo de forma desimpedida,  impune e sem uma oposição suficientemente forte. Urgem as ciências biológicas experimentais a apressarem (e não estagnarem ou atrasarem – atenção!) seu avanço, de modo a pôr prioridade máxima no desenvolvimento de modelos de pesquisa que alforriem tanto os animais não humanos das doenças geneticamente programadas, da prisão, da tortura e do sacrifício, como os animais humanos do status de reféns da vivissecção.

Além disso, um segundo lembrete é transmitido ao mundo a cada ação direta contra laboratórios e biotérios: a ciência não é, nem nunca foi, político-ideologicamente neutra. Enquanto ela refletir uma ideologia conservadora, antropocêntrica e mancomunada com os interesses daquelas indústrias farmacêuticas que estão interessadas em promover, ao invés da cura, tratamentos perpétuos que demandarão a compra e consumo de certos medicamentos por toda a vida da pessoa, haverá ativistas protestando, sabotando, atuando contra… Enfim, opondo-se a isso e reivindicando uma ciência (supra-)humanista, abolicionista e que realmente se interesse completamente em libertar os animais humanos e não humanos das doenças e do sofrimento dentro dos domínios humanos.

A grande mensagem que foi passada e continuará sendo passada enquanto necessária é: não toleraremos uma ciência movida por hierarquia moral e interesses econômicos, ambos baseados na violência, na exploração – em sentidos como o escravista e o financeiro –, na dependência e na chantagem de dizer que “exploramos e matamos animais para permitir a você viver”.

Com isso as ações diretas, por mais que os vivisseccionistas lamentem a cada vez menor liberdade de aprisionar, adoentar, explorar e matar animais, vão continuar e terão o apoio daqueles que não suportam mais ser acorrentados a uma ciência experimental que trata os animais humanos como reféns e clientes compulsórios e os não humanos como escravos-objetos.

 

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