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Budistas tibetanos ajudam a proteger leopardos-das-neves

11 de setembro de 2013
3 min. de leitura
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Por Patricia Tai (da Redação)

Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons

Os ameaçados leopardos-das-neves ganharam alguns aliados inesperados.

Eles têm sido protegidos por centenas de monastérios budistas do platô tibetano, conforme sugere nova pesquisa. As informações são da Mother Nature Network.

Os cientistas, que detalharam seus estudos na última semana ao jornal Conservation Biology, descobriram que metade dos monastérios estão dentro da área de habitat dos leopardos, e que monges têm patrulhado a natureza para prevenir caçadores de matarem esses raros animais.

“O Budismo tem como princípios básicos o amor, o respeito e a compaixão por todos os seres vivos”, declarou George Schaller, co-autor do estudo e biólogo que trabalha para o grupo conservacionista Panthera. “Esse relatório mostra como a ciência e os valores espirituais do Budismo Tibetano podem combinar sua visões e sabedoria para proteger o patrimônio natural da China”.

Animais ameaçados

Segundo a reportagem, entre 3500 e 7000 leopardos-da-neve vivem nas alturas das montanhas da Ásia, com aproximadamente 60% vivendo na China. Suas peles espessas garantem a proteção contra o frio congelante das elevadas altitudes, e suas patas grandes ajudam-lhes a caminhar graciosamente através da neve. Caçadores matam os felinos por suas peles quentes e órgãos internos, que são valorizados na medicina tradicional chinesa. Os pastores comumente também matam pois consideram os felinos uma ameaça aos seus rebanhos. Como resultado disso, a população dos leopardos-das-neves teve um declínio aproximado de 20% nas últimas duas décadas.

Círculo de proteção

De 2009 a 2011, Schaller e seus colegas estudaram a população de leopardos-das-neves de Sanjiangyuan, região que fica na província chinesa de Qinghai, no platô tibetano. Além de metade dos 336 monastérios estarem no habitat dos leopardos, a equipe observou que nove entre dez monastérios ficavam a 5 km desse território. Desde 2009, várias organizações conservacionistas têm trabalhado com quatro monastérios da região para reduzir conflitos entre humanos e leopardos e para treinar os monges na proteção da vida selvagem.

Mas o time descobriu que muitos monges budistas – não só aqueles dos quatro monastérios com os quais vinham trabalhando – patrulhavam ativamente as áreas para prevenir a matança dos leopardos-das-neves; os monges também ensinavam às pessoas locais que é errado matar essas criaturas majestosas. Ou seja, se não somente nos quatro ministérios abordados havia monges fazendo esse trabalho, pode-se inferir que a iniciativa por parte dos monges em fiscalizar e educar para proteger foi espontânea.

Em pesquisas domiciliares com 144 famílias, a maioria das pessoas disse que não mata animais selvagens, e muitas citaram o princípio budista da não violência como a sua razão.

Foi demonstrado pelo estudo que os leopardos-das-neves estavam sendo mais protegidos em regiões ao redor dos monastérios do que nas reservas naturais feitas para os grandes felinos.

As descobertas concluíram que programas como o trabalho com monastérios budistas para promover a preservação desses animais podem ser notavelmente eficazes.

Como aproximadamente 80% das pessoas dentro do habitat natural dos leopardos são seguidoras praticantes do Budismo Tibetano, então a estratégia poderia ser aplicada para além da área atual, escreveram os autores da pesquisa no artigo.
 

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