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Animais silvestres são mortos e comercializados no Acre

8 de setembro de 2013
3 min. de leitura
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Foto: Genival Moura / G1
Foto: Genival Moura / G1

O comércio de aves e outros animais silvestres para consumo, no município de Cruzeiro do Sul (AC), pode estar se tornando uma ameaça à fauna da região. A reportagem do G1 encontrou com facilidade no comércio, animais abatidos, entre eles, inhambu, cutia, além de queixada, no cardápio de pensões que comercializam comida, na principal área comercial da cidade.

“Aqui quase todos os dias chega gente trazendo animais, alguns trazem poucos bichos, outros vêm pelo Rio Juruá com duas ou três caixas de isopor cheias. A venda é aqui mesmo nos arredores dos mercados, acho que não tem mais ninguém que fiscaliza isso”, comenta um comerciante que presencia diariamente todo o movimento do mercado.

Dois atravessadores ainda permitiram que os animais fossem fotografados, na condição de não serem identificados. “A gente compra dos caçadores e revende, dá pra ganhar alguma coisa”, resumiu um dos vendedores.

O mercado de animais silvestres conta com clientes fiéis que guardam sigilo sobre a fonte fornecedora dos produtos. Um dos fregueses, também na condição de não ser identificado, aceitou mostrar três inhambus que tinha acabado de comprar no centro de Cruzeiro do Sul. “Sempre tem alguém oferecendo, tanto aqui, como em Guajará (AM) que é mais barato”, explicou o funcionário público que não nega a preferência por carne de animais silvestres.

Um microempresário exibiu o prato com carne de queixada que encomendou em uma das pensões de comida. Segundo ele, é comum encontrar no cardápio opções como: paca, tatu, veado, queixada, entre outros animais típicos da floresta amazônica. “A gente paga um pouco mais caro do que as outras comidas, mas a carne é bem saborosa e vale a pena”, afirma.

O comércio de animais silvestres em Cruzeiro do Sul, aumentou desde o fechamento do escritório do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) há quase dois anos, por falta de servidores. O superintendente do órgão no Estado, Diogo Selhorst, diz que a fiscalização não é uma atribuição apenas do Ibama, mas dos órgãos ambientais.

“É claro que ausência do Ibama traz prejuízos, quando o escritório funcionava em Cruzeiro do Sul, agíamos com mais celeridade nos casos de infrações. Agora, mudamos a nossa forma de atuação, mas já realizamos algumas operações em lugares que são fontes que alimentam esse mercado”, explica.

Selhorst lembra que o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) tem um escritório em Cruzeiro do Sul e é competente para fiscalizar. “O órgão estadual é um ator que eu acho que tem que ser envolvido mais ativamente neste tipo de pauta, como a gente já faz aqui em Rio Branco. Assim, o Ibama vai atuar em grandes ações para combater os problemas maiores”, explica.

O chefe local do Imac, Isaac Ibernon, reconhece que o órgão também tem o dever de fiscalizar o comércio de animais silvestres, mas destaca que a demanda aumentou significativamente com o fechamento do escritório do Ibama. Ele ressalta que o órgão é responsável por todo tipo de licenciamento ambiental e não dispõe de pessoal suficiente para agir em todas as áreas de fiscalizações com a efetividade que é necessária.

Fonte: G1

Nota da redação: o aumento e a preferência pelo consumo de carnes de animais silvestres mostra o status de “mercadoria rara” que eles têm dentro do mercado local. O que é duplamente alarmante, já que não são mercadorias e já que precisam ter sua vida resguardada de qualquer ação destrutiva humana. Cabe aos órgãos responsáveis fiscalizarem com eficácia este tipo de prática e construir o mais rápido possível uma equipe para esta atividade. Se trata da vida de vários animais e eles não podem esperar ou tolerar a “falta de pessoal” para a fiscalização.

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