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Projeto Preguiça acompanha atendimento a animal acidentado

4 de setembro de 2013
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Pesquisadora monitora bichos-preguiça e realiza estudos em parceria com instituições. (Foto: Divulgação)
Pesquisadora monitora bichos-preguiça e realiza estudos em parceria com instituições. (Foto: Divulgação)

Difícil conhecer algum barramansense que não conheça o Parque Centenário. Mais difícil ainda é conhecer alguém que não ouça o local sendo chamado de Jardim das Preguiças. Estes animais, que têm no Parque a companhia de micos, cotias e pombos, ainda encantam os visitantes com sua presença que, de tão discreta, surpreende. O que poucas pessoas sabem é que os bichos são acompanhados há 14 anos pela bióloga Shery Duque Pinheiro, fundadora do Projeto Preguiça.

Com parceria de várias instituições e da prefeitura, que autoriza as ações do projeto, a pesquisadora coleta dados de biometria (peso e comprimento) e faz o censo populacional (idade e sexo). Por fazer esse acompanhamento, a bióloga pôde identificar qual dos vinte bichos-preguiça que vivem no Parque quebrou a pata esquerda ao cair de uma árvore na última semana.

“Nós convivemos com esses animais há muito tempo. Pra mim, são como filhos. Por isso, quando vi a foto já soube que se tratava do macho azul”, comentou Shery, que foi até a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) São Benedito, em Rio Claro, onde o bicho-preguiça foi atendido, procurar informações sobre seu estado. “Enquanto não vi o animal, não dormi. Ele já recebeu atendimento médico veterinário e voltou a se alimentar. Esperamos que ele retorne ao Parque em 30 dias”, informou a bióloga.

Segundo Shery, os bichos-preguiça do Parque Centenário são identificados pela cor das unhas, pintadas com esmalte. Por formarem um grupo sob pesquisa, os animais não recebem nomes próprios, como os domésticos.

Além da biometria e do censo, o Projeto Preguiça dá suporte para instituições parceiras (UBM, Inmetro (Unidade Xerém), UERJ, Unesp e UFRRJ) em pesquisas científicas sobre comportamento, reprodução, microbiologia, composição do leite e aspectos reprodutivos da espécie, entre outras.

O Projeto Preguiça de Barra Mansa faz parte do Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça, e conta com o trabalho de voluntários e estagiários não remunerados. O objetivo do programa, que integra diferentes projetos semelhantes ao de Barra Mansa, é criar um plano de ação para ser aplicado em diversos locais. “Nossa intenção não é retirar os animais do Parque porque eles não teriam condições de sobreviver; eles morreriam de fome e seriam alvos fáceis de predadores. Nós intentamos apresentar o plano. Aqueles que estiverem em melhor condição, poderão ser candidatos ao projeto de translocação”, frisou a bióloga.

Segundo Shery, é preciso ter muito conhecimento para fazer o manejo dos animais, devido aos riscos de colocá-los em locais onde eles não terão as suas necessidades atendidas. “O projeto atua em três frentes: garantir a saúde dos animais que estão no Parque; enriquecer o ambiente com o plantio de espécies que forneçam os alimentos de que precisam; e verificar os indivíduos aptos a retornar para o ambiente”, explicou.

Bradypus variegatus

Conhecida por cientistas como Bradypus variegatus, a preguiça-comum ou preguiça da garganta marrom, que habita no Parque Centenário, pode ser encontrada em quase todo o país. Como ela não tolera clima muito frio, só ocorre na América do Sul, sua casa no mundo; e das seis espécies que existem no continente, cinco vivem no Brasil.

“Esta não é uma espécie ameaçada de extinção, mas, como outros animais silvestres, é vulnerável. Nós observamos o aumento do número de preguiças encontradas em área urbana, o que demonstra um crescimento do desmatamento”, alertou a pesquisadora.

Shery Duque Pinheiro é bióloga, especialista em Morfofisiologia Animal, mestre em Biologia e comportamento animal, e doutoranda em Biologia animal. Toda a sua pesquisa, desde o projeto de conclusão da graduação, foi focada nos bichos-preguiça. “Nesse tempo de monitoramento, pudemos perceber, por exemplo, que a população no Parque Centenário variou entre 13 e 20 preguiças. Passando disso, começavam a morrer. Atualmente temos 20, contando com o macho-azul, que foi retirado para tratamento. O mais velho tem entre 43 e 46 anos”, finalizou.

Fonte: A Voz da Cidade

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