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Felinos selvagens estão morrendo de cinomose em santuário do Texas

18 de agosto de 2013
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Por Patricia Tai (da Redação)
Leões do santuário In-Sync, que sofrem de Cinomose. (Foto: AP/LM Otero)
Leões do santuário In-Sync, que sofrem de Cinomose. (Foto: AP/LM Otero)
 Apollo estava com seu amigo incomum na hora da alimentação, embora esse amigo, um tigre de 12 anos de idade, também estivesse lutando contra o vírus que atingiu inúmeros felinos selvagens neste santuário animal no Texas. Mas horas depois, ele teve uma convulsão e morreu. Outros quatro tigres e uma leoa logo tiveram o mesmo destino em um surto que a fundadora do refúgio chama de “absoluto pesadelo”.

Mais de doze leões e tigres ainda estão sofrendo de cinomose no Centro Educacional e de Resgate In-Sync Exotics Wildlife, em Wylie. O surto da doença – que não tem cura e é usualmente associada a cães pelo vírus CDV (Canine Distemper Vírus) – foi descoberto no final de Maio neste refúgio que está localizado a aproximadamente 48 km do nordeste de Dallas. As informações são do Huffington Post.

“Eu olho para eles num dia e acho que estão bem, e no próximo dia eles têm crises convulsivas e morrem”, disse Vicky Keahey, fundadora do santuário. A porta-voz do local, Lisa Williams, acrescenta: “Nós apenas podemos dar a eles o melhor cuidado e suporte e esperar que seus corpos lutem contra isso”.

Especialistas acreditam que provavelmente guaxinins começaram a eclosão do vírus quando rastejaram-se ao redor das imensas jaulas que abrigam mais de cinquenta leões, tigres, pumas, linces e outros felinos. A doença pode progredir dos sistemas respiratório e digestivo até a parte neurológica.

Pesquisadores descobriram há mais de trinta anos que o vírus, que pode afligir muitas espécies diferentes, também pode infectar felinos de grande porte, segundo informa Claire Sharp, professora assistente de Ciências Clínicas da Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Cummings. Em 1994, um surto ocorrido no Parque Nacional Serengeti da Tanzânia matou um terço dos três mil leões que lá habitavam.

Apesar de haver vacinas contra a doença para cães e ferrets (“furões”), estudos têm demonstrado que as vacinas para cães não são seguras para felinos selvagens e tampouco há evidências de que as vacinas para ferrets lhes sejam efetivas, de acordo com Sharp. Williams disse que, após o surto ter sido descoberto no santuário, a vacina para ferrets foi aplicada nos animais mas não apresentou resultado. Cinco dos seis animais que morreram estavam entre os que haviam sido vacinados.

Funcionários do santuário estão reunindo informações para ajudar os cientistas a aprender mais sobre o vírus, enquanto tentam recuperar a saúde dos animais. O local permanece aberto, e os especialistas dizem que o vírus não representa ameaça para os humanos.

Dez dias após a morte de Apollo em 7 de Julho, outros três felinos morreram: uma leoa chamada Layla e dois tigres, Abrams, que recebeu o nome em homenagem a um tanque militar, e seu irmão Harley, “um bonachão gigantesco”. Williams disse que Lucca, uma tigresa que Williams conta que cruzava as patas quando alguém lia para ela, foi eutanasiada no dia 08 de Agosto, três dias depois da morte de Kazuri, que tinha um gosto por brincar de “esconde-esconde”, segundo o tratador.

“Você realmente fica muito, muito apegado a eles”, fala Williams com lágrimas nos olhos enquanto para diante de um memorial criado para um dos tigres.

O surto está sendo estudado por Sharp e cientistas da Universidade de Boston. “Há definitivamente algo diferente sobre o que ocorre quando este vírus entra na corrente sanguínea de um felino selvagem em comparação com outras espécies, mas nós ainda não sabemos o que é”, diz Sharp.

Sharman Hoppes, que leciona Zoologia na Universidade A&M do Texas, afirma que mesmo após cães terem aparentemente vencido o vírus, problemas neurológicos fatais podem se desenvolver. Mas não se sabe se isso poderia acontecer também aos felinos.

“Baseados em cães, certamente há o risco de uma reincidência futura em suas vidas”, conta Hoppes, que prestou consultoria ao refúgio.

O santuário In-Sync abriga animais abusados, negligenciados e rejeitados, muitos de fazendas clandestinas de procriação ou de tutores particulares que querem abandoná-los por não conseguir cuidar deles. O refúgio tem operado como organização sem fins lucrativos desde o ano 2000.

Williams diz que não sabe o que esperar dos felinos que ainda estão vivos e doentes.

“Vai demorar para que possamos dizer se estaremos fora de perigo com cada um deles”, disse ela.

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