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Maricá (RJ) conta com ação voluntária dos moradores em prol dos animais

17 de agosto de 2013
6 min. de leitura
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Foto: Divulgação/MaricáInfo
Foto: Divulgação/MaricáInfo

Essa época de frio e chuva nos remete à realidade daqueles que não têm um lar. Assim, vivem animais abandonados, sobremaneira cães e gatos, que ficam a vagar pela cidade. Em Maricá (RJ), não é diferente. Não se sabe a quantidade deles, mas, basta andar pelas ruas da cidade e logo nos deparamos com vários.

Sem qualquer projeto voltado aos animais abandonados por parte dos poderes públicos, Maricá conta apenas com a ação de voluntários para tentar reduzir o sofrimento desses animais.

São diversas pessoas empenhadas que fazem o trabalho de resgate de animais, bem como fornecem cuidados veterinários, abrigo e adoção. Uma verdadeira corrente do bem, com pessoas que trabalham no anonimato e sem qualquer auxílio.

O grupo de amigos AGIR é o resultado de algumas destas pessoas. O trabalho deles é amplo. Por onde passam, deixam água e ração para animais, mas também resgatam aqueles que estão doentes, feridos ou foram abandonados. Realizam os primeiros cuidados e procuram seus tutores ou um novo lar.

Cássia Roza Martins, moradora de Maricá há 26 anos, conta que desde sempre faz o resgate de animais nas ruas, fornece cuidados veterinários e procura um lar para eles. “Meu primeiro resgate ocorreu quando eu tinha apenas 8 anos de idade”, diz.  De lá para cá, conta que já resgatou diversos animais, entre cães, gatos e até gambás, chegando a ter em casa mais de vinte bichinhos. Hoje, apesar de resgatar e cuidar de todos os animais que encontra em situação de fragilidade, se especializou em filhotinhos, principalmente devido ao pouco espaço que conta em casa. “Atualmente, tenho quatro cãezinhos, e um já está adotado – o Andrezinho”, diz. O trabalho é voluntário, a base de muito coração e auxílio dos amigos. O dinheiro das despesas dos animais sai do próprio bolso, do auxílio de seu empregador e de doações. Além disso, muitas vezes pede para amigos com mais espaço físico, para ficar temporariamente com os animais resgatados até eles se curarem e encontrarem um lar. Emocionada, Cássia diz que o trabalho é gratificante, mas muito penoso, porque não tem qualquer auxílio. Particularmente em época de férias e, agora, no inverno, as dificuldades são maiores: cresce o abandono e o sofrimento dos animais com o frio é maior. Faltam caixas de papelão e pallets para isolamento térmico, já que esta época é muito fria.

Foto: Divulgação/ Marco Bechkert
Foto: Divulgação/ Marco Bechkert

Cássia comenta que sente muita falta de um trabalho educativo e preventivo por parte da Prefeitura Municipal. “Em Maricá, as pessoas adultas têm o costume de deixar seus animais soltos na rua, sem consciência dos perigos a que ficam expostos, desde possíveis atropelamentos, até bicheiras, prenhez e carrapatos. Tudo poderia ser evitado se seus animais fossem vacinados e ficassem em casa”, diz. Chama especial atenção para campanhas de conscientização contra o abandono e maus-tratos, principalmente nas escolas, já que as crianças têm um poder de persuasão grande sobre seus pais, além de ser a sementinha para um futuro melhor.

A realidade de Andréa Gianini também não é diferente. Ela conta que faz parte de um grupo voluntário designado Fadas do Bem.  O seu trabalho também consiste em recolher animais nas ruas, vaciná-los, castrá-los e colocá-los para adoção. Realiza este trabalho há cerca de três anos, quando resolveu sair de seu apartamento no Rio de Janeiro (RJ), mudar para Maricá e adquirir uma casa com mais espaço.

Andréa, em sua casa, tem mais de sessenta cães e também alguns gatos, além de duas tartarugas. Mensalmente, compra cerca de 700kg de ração, para alimentar toda a “tropinha”. São cães de diversos portes e idade, em sua maioria sem raça definida, que estão à procura de um lar. São altas as despesas com vacinação e veterinários, além de seus auxiliares para o trato dos bichinhos, limpeza do espaço e resgate dos animais. Em casa, já conta com espaço para primeiros socorros. Depois dos cuidados após o resgate, os bichinhos são vacinados, vermifugados e vão para adoção.

“Os recursos utilizados para o tratamento desses animais é do nosso bolso e de ajuda de amigos”. Andréa trabalha também com o sistema de apadrinhamento, que consiste em auxílio financeiro para um cão específico, principalmente de pessoas que gostam de animais, mas não contam com espaço ou tempo para os cuidados que estes demandam.

Ela reclama também que não conta com qualquer ajuda do Município, nem mesmo para uma feira de adoção. “Infelizmente não temos nenhuma feira de adoção em Maricá, então participo de duas em Niterói e uma no Rio”. Ações municipais para vacinação, castração e campanhas educativas contra os maus-tratos aos bichinhos seriam muito bem vindas.

Foto: Divulgação/ Andréa Gianini
Foto: Divulgação/ Andréa Gianini

De coração aberto, Andréa conta que resolveu viver para os animais resgatados, já que precisam de toda sua atenção diariamente. A gratificação que recebe é o amor dos seus tantos animais,os quais ela sabe todos os nomes de cor, além de suas manias e traquejos.

Maus-tratos e abandono:
Caso você veja ou saiba de maus-tratos cometidos contra qualquer tipo de animal, não pense duas vezes: vá a delegacia de polícia mais próxima para lavrar boletim de ocorrência ou, se preferir, compareça ao Fórum para orientar-se com o Promotor de Justiça (Promotoria de Justiça do Meio-Ambiente no RJ: Ouvidoria fone 121). A denúncia de maus-tratos é legitimada pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). É importante levar uma cópia do número da Lei (no caso, a 9.605/98) e do Art. 32 porque, em geral, as autoridades policiais nem tem conhecimento dessa lei. Leve também o Art. 319 do Código Penal, caso a autoridade se recuse a abrir o Boletim de Ocorrência.

Caso ainda assim não consiga atendimento satisfatório, denuncie ao Ministério Publico. Tenha em mãos tudo o que você conseguir como fatos. Provas devem ser anexados junto à ocorrência para auxiliar no seu B.O.: relatos de testemunhas, fotografias, laudo veterinário, placa do carro que abandonou o animal, etc.

 

Os atos de maus-tratos e crueldades mais comuns são:

Abandono;
Manter animal preso por muito tempo sem comida e contato com seus tutores;
Deixar animal em lugar impróprio e anti-higiênico;
Envenenamento;
Agressão física e covarde;
Mutilação;
Utilizar animal em shows, apresentações ou trabalho que possa lhe causar pânico e sofrimento.

Fonte: Maricá Info

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