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"Augustine": filme francês abusa de cenas de tortura e crueldade contra animais

1 de agosto de 2013
5 min. de leitura
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Por Fernanda Franco (da Redação)

Diretora e roteirista parisiense Alice Winocour utiliza-se da crueldade contra animais em seu novo filme “Augustine”

Alice Winocour, diretora e roteirista francesa (Foto: Reprodução)
Alice Winocour, diretora e roteirista francesa (Foto: Reprodução)

O filme “Augustine” foi lançado na Europa em 2012, mas só estreou no Brasil recentemente, em junho de 2013. O drama francês, que se passa no século 19, aborda a relação entre um médico e sua paciente Augustine, uma jovem de 19 anos, portadora de uma perturbação denominada histeria. Mas a sinopse do filme pouco importa, pois o que poderia render um roteiro de crítica social, ou mesmo uma conflituosa história de amor, cai por terra quando nos deparamos com o conteúdo de crueldade contra animais presente no filme.

Logo nas primeiras cenas, caranguejos são filmados agonizando dentro de uma panela com água fervente. Em outra cena, uma galinha é degolada, ainda viva, pela jovem protagonista Augustine. Sem a cabeça, o animal é então filmado se debatendo desesperadamente, numa agonia sem fim. Um primata também foi utilizado durante as filmagens (não se sabe a que tipo de tratamento o animal foi submetido, mas alguma desnaturalização certamente lhe foi imposta). E ainda que todas essas cenas não fossem reais (que não tivessem sido utilizados, de fato, animais nas filmagens), ainda assim as cenas mostrariam um olhar nada preocupado com o sofrimento dos animais.

Histórico de crueldade

Lagostas se debatem durante filmagens do curta “Kitchen”, dirigido e escrito por Winocour em 2005 (Foto: Reprodução)
Crustáceos se debatem durante filmagens do curta “Kitchen”, dirigido e escrito por Winocour em 2005 (Foto: Reprodução)

Em seu curta-metragem “Kitchen” , lançado em 2005, Winocour utiliza dois crustáceos vivos durante as filmagens, expondo-os a situações estressantes. O filme se torna medíocre e patético à medida em que usa animais e os submete a condições de medo, sofrimento e estresse, como se fossem coisas-sem-vida a serviço da suposta “necessidade dramática” da cineasta.

Winocour chega a sugerir, ainda, ao longo dos aflitivos 15 minutos de “Kitchen“, atos de crueldade contra os crustáceos (como cutucá-los com uma faca ou triturá-los vivos em um liquidificador), tratando as cenas em tom de comédia (como se houvesse algo de engraçado no sofrimento dos animais se debatendo de medo e desespero).

Em entrevista ao jornal francês Télérama, a cineasta explicita seu sadismo ao descrever um certo fascínio pelo sofrimento dos animais: “No meu primeiro curta-metragem Kitchen, filmei as convulsões de lagostas vivas no momento de serem escaldadas, pois vejo uma expressão de bestialidade e selvageria adormecidos em todos nós”, justifica Winocour.

Zoossadismo

O termo zoossadismo (adaptado do inglês “zoosadism”), criado pelo antropólogo alemão Ernest Bornemann, refere-se ao prazer obtido por meio de atos de crueldade contra animais. Diferentemente do zoófilo, que obtém prazer ao estabelecer relações sexuais com animais, o zoossádico obtém prazer do sofrimento causado aos animais.

Estudos psiquiátricos incluem o zoossadismo, assim como todas as práticas ligadas a atos de violência contra animais, entre os comportamentos associados ao perfil de serial killers, sociopatas e agressores em potencial. Nos EUA, o zoossadismo está classificado como crime de abuso contra animais desde 2010, sendo considerado ato criminoso “exibir animais não humanos sendo submetidos a lesões corporais graves”.

Um dos sintomas das pessoas que possuem uma natureza zoossádica é, portanto, a obsessão por causar dor aos animais. Qualquer observador minimamente atento percebe essa obsessão em Winocour – basta atentar ao sofrimento dos animais em seus filmes e notar que a dor dos animais explorados é sempre mostrada como algo sem importância ou como algo engraçado – um forte indício de zoossadismo na cineasta.

Boicote

Na época em que foi lançado na Europa, “Augustine” foi alvo de campanhas de boicote por ativistas da causa animal. Algumas críticas publicadas em veículos internacionais, como o americano “Screenpicks”, também classificaram as cenas de violência contra animais como “descabidas”, “gratuitas” e totalmente deslocadas do eixo temático da obra.

É possível enviar mensagens educadas de conscientização ao público e à própria cineasta, deixando uma crítica aberta na página do filme, no site francês “AlloCiné”.

Diferentemente de um ator humano, que voluntariamente se propõe a contracenar ou a infligir dor em seu próprio corpo, os animais explorados não escolhem estar ali, sendo ridicularizados enquanto sofrem. Talvez seja necessário alertar Winocour sobre o fato de que ela não possui direito sobre o corpo do outro – seja esse outro um animal humano ou não humano – e que ela deve se empenhar em utilizar, ou aprender a utilizar, sua criatividade (capacidade de criar) sem escravizar vidas e corpos alheios.

Nota da Redação: Nenhum argumento, como a suposta “necessidade dramática” alegada pela cineasta francesa (e por tantos outros pseudo artistas que se utilizam do sofrimento animal em suas obras), justifica o uso da violência contra seres sencientes, sejam animais humanos ou não humanos. Da mesma forma que se solidariza diante do sofrimento humano, a sociedade deve também se escandalizar – e agir – jamais consentindo quaisquer atos que desrespeitem e violem o direito à vida e ao bem-estar dos animais. O mínimo que podemos fazer para não alimentar esse tipo de violência é não consumir ou financiar nada que advenha da exploração e do sofrimento dos animais. 

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