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Caudectomia ainda é realizada em clínicas veterinárias em Goiânia (GO)

23 de julho de 2013
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A normativa do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por meio da Resolução nº 1.027, de 18 de junho de 2013, tornou proibida a prática de caudectomia (amputação ou corte da cauda de caninos para fins estéticos), no Brasil. A notícia foi divulgada no mês passado, no entanto tal prática ainda é realizada em alguns estabelecimentos veterinários de Goiânia. Em pesquisa feita pelo Diário da Manhã, das 10 empresas contactadas, quatro ainda fazem caudectomia. A justificativa dos estabelecimentos é de que ainda não foram informados formalmente sobre a resolução. De acordo com Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO), a fiscalização ainda não começou, mas em breve, após a devida divulgação da nova normativa, iniciarão os trabalhos para conscientizar os profissionais e posteriormente as fiscalizações.

Informações do site do CFMV mostram que o dispositivo modifica a Resolução nº 877, de 15 de fevereiro de 2008, que continha apenas uma recomendação do Conselho para que a cirurgia não fosse feita. Raças de cães, como cocker spaniel, pinscher, poodle, além de pitbull, rottweiller e doberman são alvos comuns do procedimento feitos corriqueiramente, com o intuito de “embelezar” o animal. “Queremos coibir a caudectomia e conscientizar o médico-veterinário a não recomendá-la, já que amputar parte de um animal por motivo torpe é inadmissível. Toda a população pode procurar o CRMV de seu Estado para denunciar a prática”, diz o presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda.

No ano de 2008, o CFMV passou a proibir também a cordectomia (cirurgia que retira as cordas vocais dos animais), a conchectomia (para levantar as orelhas) e a onicectomia (extração das unhas de gatos). De acordo com o conselho, o médico veterinário, que infringir as normas, estará sujeito a processo ético-profissional.

O presidente do CRMV-GO Benedito Dias de Oliveira Filho, explica que a resolução do CFMV, foi editada e divulgada  recentemente e, ainda, não houve tempo hábil para divulgar de maneira efetiva as informações cabíveis. “Vamos nos reunir com os profissionais e estudar uma maneira para divulgar essa informação, para aí então começarmos a fiscalizar. A resolução já esta em vigor, e existe, então deve ser seguida pelos profissionais da área, já está no site do Conselho Regional, inclusive”, ressalta.

Quanto à necessidade da resolução, o presidente do Conselho ressalta a importância dos profissionais seguirem a nova normatização. “Ela foi criada pensando exclusivamente no bem-estar do animal, e isso é papel do veterinário. Sou totalmente favorável à resolução, o rabo é uma das formas que o cão tem de manifestar seus sentimentos, seja de alegria, satisfação, enfim. As pessoas se enganam em alguns aspectos relacionados a esses animais, o corte da cauda do cachorro, principalmente nos filhotes é aparentemente simples, mas não é bem assim. Os tutores e principalmente exploradores de animais para fins de comércio, que trabalham com procriação, às vezes se confundem quanto a isso. Por mais simples que a cirurgia seja ou pareça ser, ela tem riscos. Quando pessoas não habilitadas insistem e fazem a cirurgia de qualquer jeito, correm o risco de causar sérios danos aos cães, inclusive em casos extremos, pode  levar o animal à morte”, diz.

Benedito ressalta que tal ação do CFMV, não pode ser entendida como forma de  abrir margem para que as pessoas façam a cirurgia de caudectomia, em casa ou com pessoas não capacitadas, como ele mesmo disse, tal procedimento pode ser um risco à vida e bem-estar do animal. “Os tutores e criadores devem ter a consciência de que o animal precisa de todas as suas partes intactas para ter uma vida plena.”

Ele também explica que o procedimento pode ser realizado quando a calda do animal está com enfermidades de difícil cura, ou danos irreversíveis, mesmo com isso, o animal deve passar por uma avaliação minuciosa, feita por um bom profissional, para constatar o procedimento mais adequado, que talvez seja a caudectomia. Nas orelhas podem existir doenças crônicas, embora seja raro, também podem ser acometidas por infecções muito graves. “Se levarmos em consideração como já dito, o bem-estar do animal, não é recomendado o corte em até 99.9% para os animais isso é negativo”, conclui.

Resolução favorável

A dona de casa Ana Maria Alves, 47 anos, tem cinco cães, mas o seu xodó é uma pinscher de cerca de quatro anos, segundo ela, assim que ganhou a cadelinha pensou em fazer a caudectomia. “Realmente cheguei a pensar nisso, no entanto eu deixei passar muito tempo, e quando procurei os veterinários disseram que não dava mais, ela já estava muito grande para isso. Meu filho também ficou com dó e disse que seria uma maldade, porque é o modo deles demonstrarem que estão felizes. Hoje, não faria isso, penso diferente, sou contra por que descobri que mutila o animal, não teria mais coragem para mandar cortarem o rabo de um cão”, ressalta.

O filho de Ana Maria, Higor Alves dos Santos, 22 anos, diz gostar mais da raça chow chow. “Além do  pinscher e da chow chow, temos mais três yorkshires não acho que um cão sem rabo seja feio, mas não vejo necessidade de fazer o corte. Isso é uma questão de estética, os  próprios veterinários dizem que não traz dano nenhum ao cão, mas prefiro os meus com os rabos”, diz.

Prova de que a caudectomia pode dar errado e ser muito negativa para o cão é a história da cadelinha Bia, que pertence a filha da dona de casa Sílvia Regina Pessoa, 52 anos. “Todas às vezes que a cachorrinha vai defecar, ela chora muito e parece sentir muita dor, ficamos morrendo de dó, por que tratamos tanto ela quanto outra cadela que eu tenho como filhas, como gente mesmo. Levamos a Bia em uma veterinária, e ela disse que a cachorrinha sente essas dores por causa do rabinho que foi muito cortado, então isso foi muito ruim para ela. No caso da outra que é minha cadelinha, eu já ganhei ela com o rabo cortado, mas eu mesma jamais teria coragem de fazer ou mandarem fazer isso com ela, durmo com ela para você ter uma ideia do tamanho zelo que tenho”, conclui.

Fonte: Diário da Manhã

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