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Danos sofridos pelos animais com a domesticação

18 de julho de 2013
6 min. de leitura
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Por Martha Follain (da Redação)

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A domesticação de animais é uma prática realizada desde os primórdios da humanidade, pois o homem sempre teve a necessidade de ter certos animais ao seu lado, seja para auxiliá-lo na caça de subsistência, ajudá-lo em certos serviços, ou apenas para fazer-lhe companhia.

O homem tornou-se produtor de alimentos após a domesticação do cão. Com isso, duas grandes alterações perniciosas aconteceram:

– monoculturas – predomínio de certas espécies é tolerável, mas não exclusivamente;

– domesticação de espécies – quando o homem intervém, fornecendo alimento e impedindo o animal de caçar, a Natureza cessa imediatamente essa condição.

É preciso distinguir o conceito de animais domesticados e de animais domésticos. Os primeiros designam os animais selvagens e silvestres que, uma vez amestrados pelo homem, passam a conviver com este, mas sem apresentar as características de apego doméstico. Os segundos são aqueles que vivem nas habitações, nas cidades, junto ao ser humano adaptados ao convívio familiar, e que pelo seu apego ao ser humano, torna-se impossível a sua sobrevivência fora do ambiente em que o homem vive.

Ambos sofreram e sofrem com a influência da espécie humana, desde os que são utilizados para experiências, alimentação, espetáculos, etc., ou “simplesmente” como animais de estimação:

– Vemos os animais criados em explorações pecuárias, em que muitos se encontram confinados em condições deploráveis, com dores intensas ao longo de toda a vida, para a produção de carne bovina. A execrável criação de bebês recém nascidos para fornecer “carne de vitela”;

– Exploração suína e aviária, de leite e ovos (vacas, aves, etc.), de gansos para a infame produção de foie gras, a indústria de peles, etc.;

– Na grande maioria dos circos animais explorados, exibição de mamíferos aquáticos, zoológicos, etc., O modo como são tratados os animais envolve maus-tratos, com dor e sofrimento. Mesmo que não haja sofrimento visível, os animais que estão confinados em jaulas foram privados do que sua natureza biológica necessita de mais básico. Sensações psicológicas como medo, estresse, pânico e ansiedade são provocadas pela privação da liberdade natural, realidade comum a todos os animais nessas condições. Animais privados de sua liberdade são forçados a alimentar-se e a “movimentar-se” inadequadamente por viverem confinados a espaços extremamente limitados. Algo muito diferente do que seria a vida em seu habitat natural – como por exemplo, os elefantes na África: estão acostumados a viver em um território de 800 km de extensão e sempre em manadas onde os filhotes aprendem com os pais a conseguirem o seu sustento;

– Entre as utilizações das mais cruéis de animais pelo homem, estão as dos animais de laboratório para experiências, que vão desde as de drogas e medicamentos a cosméticos. A anatomia e fisiologia dos animais diferem totalmente das do ser humano, sendo impossível prever com segurança os efeitos de drogas e medicamentos testados em animais em seres humanos. Por outro lado, mamíferos possuem um sistema nervoso cerebral similar, onde estão presentes duas estruturas correspondentes, de um lado, às emoções instintivas (sistema límbico) e, de outro, às funções nobres, como a vontade, a ideação e todos os mamíferos sentem as mesmas dores e aflições;

– Há também a retirada de animais da fauna silvestre para serem utilizados como animais de estimação, o que acarreta uma enorme pressão de captura, e que juntamente com a destruição de habitats, impulsiona a inclusão de cada vez mais espécies nas listas de animais ameaçados de extinção. Estes animais sofrem pela ruptura dos laços entre pais e filhotes e estresse e dor nesse momento de ruptura – estresse pela mudança de alimentação, ambiente, temperatura, aparecimento de doenças, perda do convívio social, da reprodução e da liberdade, e, no caso das aves, o sofrimento pela perda do que seria a movimentação natural da espécie em vida livre – o voo;

– A mesma coisa acontece com a criação comercial de animais domesticados, em que cães e gatos são tratados como se não tivessem valor inerente, mas sim um valor comercial (são considerados mercadorias pelos humanos e só têm valor enquanto satisfazem interesses econômicos ou estéticos dos humanos), além de serem privados de todas as suas interações naturais com membros da mesma espécie, de conviver em bando, e a mãe é impedida de ensinar os seus filhotes. O espaço é pequeno e impróprio para suas patas. Os filhotes irão depois ser vendidos como mercadorias e muitas vezes trancados em apartamentos ou em quintais com correntes, impedidos de procurar os nutrientes (não só biológicos, mas psicológicos também) que realizariam enquanto indivíduos de tal espécie. Psicologicamente, isto funciona como uma violência que na maioria das vezes, leva estes indivíduos a terem perturbações, estresse, pânico e tédio;

– Muitos animais evoluíram (?) para animal de estimação (ex: cão e gato) e sua relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma família, ele é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seus membros, e passa a compartilhar hábitos humanos, e, muitas vezes, adquire o status de uma pessoa. Mas podem aparecer distúrbios de comportamento quando não se cria o animal de acordo com a sua natureza, tais como: ansiedade, angústia, ciúmes, agressividade, etc..

Nem todos os seres humanos possuem sensibilidade quanto à guarda responsável em relação aos animais de estimação, pois por várias razões, tais como velhice, crescimento excessivo do animal, etc., abandonam seus animais à sua sorte, sujeitos a todo o tipo de maustratos, em ambientes hostis e ameaçadores, passando fome, frio, sendo atropelados, apedrejados…;

– O contato com o ser humano contribui para que os animais sofram estados patológicos da mente, os quais poderão ser a causa primária de doenças ou impedirem a recuperação da saúde. A desarmonia na saúde dos animais  surge devido a estes serem catalisadores dentro do ambiente doméstico e também porque os humanos tornam a energia menos positiva para eles;

– Os animais, devido ao processo de domesticação, deixam de viver sua verdadeira biologia, alterando hábitos de convívio com outros indivíduos da mesma espécie: caçar para comer, atividades reprodutivas, etc.. Muitas vezes, os animais apresentam distúrbios e transtornos, sem um motivo aparente:

– automutilação em diversos animais – sugere o tédio do cativeiro; em aves, além da automutilação (arrancar as penas), a oscilação da cabeça decorrente de estresse;

– destruir objetos, em cães e gatos, sugerindo a falta de atividades físicas naturais das espécies;

– mamar em si mesmo, em roupas, etc., decorrente do desmame precoce;

– compulsão pela limpeza corporal – lambeduras excessivas, provenientes do estresse de viver sozinho – estresse, frustração e tédio podem levar a compulsões;

– coprofagia – pode estar ligada à alimentação inadequada, solidão, competição com outros animais;

– hiperfagia – comer demais – animais em confinamento podem desenvolver esse comportamento, como consequência da ansiedade;

– ingestão excessiva de água;

– apetite pervertido – ingerir sacos plásticos, tecidos, metais, etc.. – pode estar ligado a transtornos nutricionais e à solidão, competição, tédio;

– morder o flanco e o rabo, principalmente em cães, decorrente de frustração, tédio; etc…etc..etc..

E, a única conclusão a que se pode chegar, é que o contato com os seres humanos trouxe muito mais distúrbios que benesses aos animais.

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