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Lei que proibiria touradas na Galícia é vetada no parlamento

29 de junho de 2013
4 min. de leitura
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Por Sueli Fontes (da Redação)

Os votos do PP no Parlamento galego impediram nesta terça-feira (25) que uma iniciativa do BNG, para modificar a lei autônoma de proteção de animais domésticos e selvagens em cativeiros, com o objetivo de proibir as touradas na Galícia, comunidade autônoma espanhola, prosperasse.

Foto: galiciamellorsentouradas.org
Foto: Galicia Mellor Sen Touradas

A deputada nacionalista Ana Pontón recordou que a lei vigente proíbe a utilização de animais em espetáculos, brigas e outros tipos de atos, com a exceção das touradas e confinamentos.

Apontou que as touradas pressupõem a tortura de animais, que na Galícia não há arraigamento nem tradição e, que, além disso, os escassos festejos que acontecem são realizados com o apoio de instituições públicas governadas pelo PP. Esse foi um dos argumentos compartilhados pelos outros grupos da oposição, PSdeG e AGE.

O deputado do PP José Freire assegurou que na Galícia são celebradas umas sete touradas por ano e que acontecem de “forma localizada”, o que, em sua opinião, “não existe risco de proliferação” e defendeu uma modificação “mais ampla” da norma.

Freire adiantou que os deputados do seu grupo não votariam coagidos pela disciplina do voto e sim que fariam com liberdade, em alusão à petição dos grupos da oposição para que tivessem liberdade de voto.

O resultado foi que quarenta dos quarenta e um deputados do PP votaram contra a aceitação do trâmite. A deputada que faltava era a presidenta do Parlamento, Pilar Rojo, que esta tarde não participou da plenária.

O deputado do PP, além disso, assegurou que queria acreditar que a iniciativa partia “unicamente” do interesse pelos animais e “não por uma ruptura com a simbologia considerada hispanista” e questionou “a prioridade” de um projeto com estas características levando-se em consideração a situação atual.

Militantes protestam contra touradas em Pontevedra, cidade da Comunidade Autônoma da Galícia. (Foto: Miguel Vidal/Reuters)
Militantes protestam contra touradas em Pontevedra, cidade da Comunidade Autônoma da Galícia. (Foto: Miguel Vidal/Reuters)

A autora do projeto, Ana Pontón (BNG), defendeu a necessidade de eliminar a “excepcionalidade” da lei vigente que permite o espetáculo “cruel” com os touros e assinalou que a defesa dos direitos dos animais diz muito sobre uma sociedade civilizada e avançada.

Pontón criticou o emprego de fundos públicos para manter esta atividade na Galícia, que, segundo ela, “não é cultura, é tortura” e “não deve ter vez em uma sociedade que respeite a si mesma”.

Denunciou os “argumentos bastante pobres” do deputado do PP para rejeitar seu projeto e lhe pediu que ficasse tranquilo, pois esse grupo “não corre risco de ser considerado nacionalista por dizer que na Galícia não existe tradição de touros”, já que, isso é uma realidade.

Também protestou contra a intenção de que a tauromaquia e as touradas sejam proclamadas Bens de Interesse Cultural, argumento compartilhado pelas deputadas de outros grupos da oposição.

Patricia Vilán, do grupo socialista, defendeu o voto a favor da inclusão do trâmite para em seguida “tentar melhorar” o texto durante o percurso parlamentar.

Foto: Reprodução/ Facebook
Foto: Reprodução/ Facebook

O grupo socialista também concedeu liberdade de voto e todos os seus deputados votaram a favor da inclusão do trâmite da iniciativa.

A deputada da AGE, Eva Solla, relatou, assim como Pontón havia feito anteriormente, as diferentes “torturas” a que um touro é submetido antes e durante a tourada que provocam “dor e sofrimento insuportáveis ao animal”.

“Não se pode entender como criam animais com o fim único de tortura e assassinato para a diversão de poucos”, concluiu.

Nota da Redação: A deputada Ana Pontón insinua que o PP financia touradas e por isso vota contra sua proibição. Não podemos nos esquecer que no Brasil, com os rodeios, também é muito comum e lamentável que dinheiro público seja gasto para sua realização. Assim como há políticos diretamente envolvidos com o ramo dos rodeios, o que dificulta a aprovação de leis a favor dos animais. Em ambos os casos – em rodeios ou touradas – os animais são criados para servir como objeto de tortura em um espetáculo de entretenimento, o que é inaceitável.

Esperamos que a proibição das touradas por municípios espanhóis se alastre para darmos aqui boas notícias, ao invés de notícias tristes como esta.

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