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Governo britânico sonda Twitter para interceptar protestos contra matança de texugos

26 de junho de 2013
5 min. de leitura
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Por Claudia Doppler (da Redação)

A estrela do rock Brian May estava entre os ativistas contra a matança de texugos no centro de Londres. (Foto: BBC)
A estrela do rock Brian May estava entre os ativistas contra a matança de texugos no centro de Londres. (Foto: BBC)

O Departamento dos Negócios Rurais (Department of Environment, Food & Rural Affairs em inglês, com a sigla Defra) usa o software horizon scanning – que proporciona a análise sistemática de ameaças potenciais – para obter um alerta antecipado sobre protestos públicos. As informações são da BBC.

Outros departamentos do governo estão sendo encorajados a seguir este “passo à frente” do Defra.

A tática foi revelada no Plano de Comunicação do governo para 2013/14, o qual também anunciou um corte de 16% nos gastos com publicidade e relações públicas.

O governo destinou 237 milhões de libras para Comunicação em 2013/14, menos do que os 285 milhões em 2012/13, embora mais dinheiro pudesse ser destinado a campanhas individuais que “foram desenvolvidas durante o ano, em resposta a novas prioridades políticas.”

O relatório encoraja departamentos do governo a fazer mais uso das redes sociais, tais como o Facebook e Twitter, para promover suas políticas, como uma alternativa mais barata e eficiente comparando-se à TV e à propaganda impressa.

Pânico público

O Departamento de Educação, por exemplo, está satisfeito por produzir arquivos de áudio digital, filmes e testes para promover o novo currículo aos professores ingleses, a quem são enviados links para o conteúdo durante as “horas de ouro de 18h às 20h em dias da semana e das 13h às 16h aos domingos, quando os professores são mais ativos nas redes sociais.”.

O Defra é identificado como um “centro de excelência” pelo uso do horizon scanning – algo que é cada vez mais comum no setor privado, da mesma maneira que marcas comerciais tentam sondar respostas negativas a seus produtos nas redes sociais.

“O Defra usa a análise social – feita por meio de relatos de discussões e tópicos inflamados nas redes sociais em tempo real – para funcionar como um alerta antecipado de problemas emergentes (demonstrações contra a matança dos texugos, protestos públicos de fazendeiros) que preocupam o departamento, a fim de que a equipe de comunicação responda rapidamente.”, diz o relatório.

A “equipe de resposta a incidentes” do Defra também usa o software, que é desenvolvido com o parceiro comercial Gorkana – grupo especializado em análise da mídia -, para “assegurar que a informação correta (enchentes, o evento da carne de cavalo, surtos de doenças) seja entregue rápida e efetivamente às audiências alvo.”

“A necessidade de se prevenir pânico público durante acidentes e emergências (falta de alimentos, evacuação devido a enchentes) é alta na agenda do Defra, e então o monitoramento das redes sociais tem sido construído para encontrar padrões precisos.”, diz o relatório.

Jogos de guerra

As redes sociais são largamente usadas por pessoas fazendo campanhas contra políticas do governo, para despertar apoio para petições e organizar demonstrações.

Qualquer um com um computador pode checar o que os ativistas de direitos animais estão falando sobre a matança de texugos, no Twitter, sob as hashtags #stopthecull e #badgercull.

Defensores dos direitos animais contam com a Internet para propagar sua mensagem. (Foto: BBC)
Defensores dos direitos animais contam com a Internet para propagar sua mensagem. (Foto: BBC)

Mas o software do Defra pode capturar uma distante e ampla gama de fontes, incluindo blogs e mensagens em redes como o Facebook e Linkedin, possibilitando que funcionários públicos encontrem uma maneira de combater os argumentos dos ativistas, podendo, assim, surgir uma mancha repentina em sentimentos que forneçam um alerta antecipado de algum levante que necessite de ação direta.

Milhares de pessoas, incluindo as celebridades Brian May e Bill Oddie, estiveram em Londres este mês para protestar contra a matança de texugos, em um evento que foi amplamente divulgado e planejado em conjunto com a polícia.

Mas, com a matança livre para começar em duas áreas teste, em Gloucesterhire e Somerset, a polícia está preocupada com tentativas “surpresa” dos ativistas para interromper a matança dos animais, que acontece à noite.

De acordo com The Guardian, jornal britânico, a polícia, ajudada pela companhia responsável pela matança, está combatendo demonstrações e até mesmo alguns grupos de protestos, que planejam usar luzes estroboscópicas e fazer barulho com vuvuzelas para interromper a matança.
Este mês, o Defra ganhou um prêmio da Associação Internacional de Medida e Avaliação de Comunicação, por “melhor uso do gerenciamento de comunicação do setor público”.

Elayne Phillips, funcionária responsável pelo programa, disse em um blog que os delegados na cerimônia de premiação ficaram surpresos com “a vasta gama e volume de fontes que informam ohorizon scanning, o processo de filtragem que envolve a coordenação do governo, incluindo o Primeiro Ministro, e os painéis de fácil assimilação que produzimos para apresentar a informação de maneira simples”.

Nota da Redação: O motivo da matança dos texugos seria tentar parar a disseminação de tuberculose bovina. Acredita-se que a tuberculose seja transmitida pelos texugos, embora avaliações anteriores mostrem que o extermínio de texugos não trouxe diferenças na contenção do problema. Os animais serão assassinados a tiros e a céu aberto, segundo matéria publicada na Anda.

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