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Proteção animal, ecologia e espiritismo

21 de junho de 2013
4 min. de leitura
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Sandra Leoni
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Na qualidade de Protetora de Animais, Espírita e Vegana, sempre questiono o fato de Protetores Ambientais enfatizarem o discurso quanto à realidade dos animais em extinção e dos danos (às vezes irreversíveis) causados à Mãe Natureza com a poluição das águas e da atmosfera, enfim destruindo o próprio lar de todos nós chamado Terra.

Enquanto isso, porém, vão sendo extintos, nos matadouros, os animais considerados “não importantes para viver”. Assassinados de forma impiedosa e estarrecedora, abatidos e afogados no mar do próprio sangue, animais puros, inocentes e doces são exterminados sem perdão para que humanos possam usufruir de fontes proteicas, plena e satisfatoriamente substituíveis por outras fontes quiçá mais nutritivas, saborosas e saudáveis.

Bebês de 4 patas são arrancados, aos berros, de suas mães enlouquecidas, para que não falte ao bicho-homem o precioso leite e a carne tenra do pequenino retalhado para consumo de humanos, solenemente indiferentes a este drama. Prática milenar, arbitrária e anti-cristã é esta, a de desconsiderarmos o direito de existência de seres mais fracos sob o descabido pretexto de mascaradas convicções nutricionais.O importante mandamento “não matarás”, certamente não os excluiu, quando decretado pelo Criador dos seres e das coisas.

Particularmente, com referencia aos seguidores de nossa Amada Doutrina Espírita, meu DEUS, quantos equívocos! Entidades Beneficentes centenárias convocam para um rodízio de churrasco em benefício das criancinhas asiladas sob seu teto. Na tribuna espírita, o palestrante emociona e leva às lágrimas os seus ouvintes com exortações à caridade, ao amor e à compaixão mas, logo após, locupleta-se em seu almoço caseiro com os despojos fumegantes e sangrentos de pedaços de seres que precisaríamos proteger, orientar e sobretudo amar, concorde estivéssemos com as convicções que nos caracterizam: criados à imagem e semelhança de nosso Pai para respeitar todas as vidas, todas!

Há bem poucos anos (cerca de 125), sob o beneplácito da legislação humana, submetíamos homens de pele negra ao martírio da escravidão, às mais abjetas condições de confinamento, tortura, selvageria e exploração do trabalho sob o pretexto de serem inferiores (!?). Bebês, único tesouro de suas mães escravas, eram arrancados violentamente de seus braços entre urros de lamentação e pranto, à vista de seus companheiros, subjugados de horror e medo. Mulheres negras, jovens e bonitas eram violentadas por patrões sem escrúpulos porque consideradas propriedade, enquanto na casa Grande, o pároco benzia com água benta e sob o símbolo sagrado da Cruz, sua família tranquila e feliz.

Hoje escravizamos animais porque são animais, do mesmo modo que ontem escravizamos negros porque eram negros. Achamos natural e lógico (porque sempre foi assim) a prática de desconsiderarmos a dor de um animal no matadouro, seu extremo pavor ante o cutelo e sua luta improfícua para salvar a própria vida, porque precisamos continuar o vício milenar de enterrar despojos na sepultura do próprio estômago, a despeito de existirem opções alimentares, nutritivas e saudáveis.

Principalmente nós, Espíritas Cristãos, já deveríamos ter despertado desta hipnose que nos remete aos primórdios da civilização, no tocante às primeiras condições humanas, ou então, não discursássemos tão veementemente em favor da Vida, contra a Eutanásia, o Aborto e a Pena de Morte.

Um minuto de silencio para a necessária e urgente despoluição mental e posterior coerência de atitudes e propósitos, é imperioso, porque na dor somos todos iguais; e no medo e no amor, na sede, no frio e na fome – também! Mães dos animais sentem o mesmo carinho por seus filhos que nossas mães sentiram por nós, seus bebês. Roubamos o leite, o mel, a carne, a lã, as barbatanas, o marfim dos animais mas lá está, para ser vivido o “Não furtarás!” Esse território inviolável deveria ser sagrado, mais do que florestas, oceanos, lagos, rios e atmosfera – mas não o é.

Seremos irracionais sempre que, sob qualquer pretexto, excluamos da vida seres que a ela tem direito – como nós. Seremos incoerentes quando enfatizamos a necessidade de sermos fraternos e bons, compactuando com o cutelo que nos propiciou as garfadas de restos que, um dia foram um ser, pleno de vida que lutou, até o fim, para respirar o mesmo ar, poluído ainda pelas misérias humanas, do Planeta Terra.

Mais difícil do que despoluir ambientes contaminados é higienizar mentes arraigadas aos hábitos arcaicos e prejudiciais. Desintoxicar estômagos empanturrados do que não deveria estar ali é mais trabalhoso do que apagar incêndios florestais ou descontaminar afluentes de rios. Enquanto o lixo estiver em nós, estará fora de nós também. A natureza é o reflexo do que temos sido ou não e, enquanto não soubermos administrar respeito e proteção à vida de todos, o caos em nós será o caos do planeta.

A VIDA É VALOR ABSOLUTO…

Muita Paz.

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