EnglishEspañolPortuguês

Projeto que estuda e preserva o tatu-canastra completa 3 anos no Mato Grosso do Sul

17 de junho de 2013
4 min. de leitura
A-
A+

Primeiro projeto de pesquisa a longo prazo que estuda a ecologia do tatu-canastra completa 3 anos em julho. Atualmente, o Projeto Tatu-Canastra está localizado no Hotel Fazenda Baía das Pedras, no município de Aquidauana, Mato Grosso do Sul e estuda a maior espécie de tatu do mundo no Pantanal Sul Matogrossense, podendo alcançar mais de 50 quilos e medindo mais de um metro e meio de comprimento. Para o estudo são usados transmissores de rádio, armadilhas fotográficas, monitoramento das tocas dos animais e entrevistas. Esta espécie é classificada como “vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em Inglês). Seu habitat é amplo, podendo ocorrer em 12 países na América do Sul.

Tatu-Canastra
Foto: Divulgação

“O principal objetivo do projeto é investigar a ecologia e biologia da espécie e entender sua função no ecossistema. Nós simplesmente não sabemos nada sobre esta espécie”, disse Arnaud Desbiez, biólogo conservacionista e coordenador do projeto.

Segundo o coordenador, o projeto visa analisar diversas características da espécie na área de estudo, como a ecologia espacial do tatu-canastra e suas interações com outros tatus da mesma espécie. Estudam também a densidade populacional, demografia, uso e seleção de habitat, padrões de atividade e impacto da temperatura ambiente, escavação das tocas e comportamento de escavação, ecologia alimentar e disponibilidade de recursos, comunicação, comportamento reprodutivo, incluindo o comportamento de acasalamento, nidificação e cuidado parental, bem como o status genético e de saúde da população.

“Uma vez que os protocolos de pesquisa forem estabelecidos e o estudo estiver perfeitamente em andamento, novas áreas de estudo serão criadas para fins comparativos”, explica Desbiez.

Além de seus estudos sobre a espécie, os pesquisadores procuram dar palestras nas escolas rurais e das cidades para conscientizar a população.

“O tatu-canastra tem um grande potencial para educação ambiental e divulgação. A espécie tem uma história de evolução fascinante, apresenta adaptações distintas (garras dianteiras e uma carapaça), um papel interessante no ecossistema, possui uma aparência intrigante que cativa audiências e, em geral, as pessoas nunca ouviram falar deles”, disse Desbiez.

Um fato muito interessante apontado pelo pesquisador é que nestes três anos de projeto foi descoberto que o tatu canastra é um engenheiro do ecossistema, isto é, ele é um organismo que cria ou modifica seus habitats.

“Nossos estudos mostram que as tocas do tatu canastra são abrigos importantes e refúgios termais para uma grande variedade de espécies (mais de 25), desde pequenas lagartixas a grandes catetos”, disse o pesquisador.

Outro fato importante que os pesquisadores encontraram nestes estudos foram os primeiros dados sobre a reprodução da espécie, mostrando que o tatu canastra tem só um filhote por gestação.

Desbiez explica que o apoio da comunidade local ao projeto é importante e procura envolvê-la nas atividades. “Os vizinhos do projeto nos dão muito suporte. Quando tem captura tentamos chamá-los na soltura para eles verem o animal”.

Rita Maria Jurgielewicz, empresária, de 52 anos, acompanha de perto o projeto desde o início em suas várias fases, como colocação de radiotransmissores nos tatus, monitoramento e localização das tocas. “Pedimos aos nossos funcionários que avisem quando avistam os buracos”, disse Rita.

O suporte da comunidade a este projeto se manifesta pela própria cultura pantaneira, segundo a empresária. “Sempre tivemos a consciência de que devemos preservar e estudar uma espécie ameaçada. Os pantaneiros são conservacionistas por natureza, desde a época do meu avô e do meu pai nós já tínhamos essa consciência. Amamos o Pantanal e suas belezas e somos sempre os mais interessados em sua preservação. Por isso estamos sempre divulgando as novidades relacionadas a eles (projetos)”.

Rita confessou nunca ter visto um tatu-canastra antes do projeto chegar. “Sabíamos da sua existência, sabíamos de alguns peões que já tinham visto e algumas vezes avistávamos os buracos também. Mas só fui ver o animal mesmo depois do projeto”, disse Rita.

O pesquisador alerta que o tatu canastra pode ser localmente extinto sem que ninguém perceba. “Ele ocorre em baixas densidades populacionais, tem hábitos noturnos e secretos e pode facilmente passar despercebido. Na nossa área de estudo no Pantanal, quase ninguém da população local, alguns deles vivendo na área por mais de 30 anos, jamais viu essa espécie”, disse Desbiez.

O projeto é realizado com parceria da organização não-governamental (ONG) escocesa Royal Zoological Society of Scotland, a ONG brasileira Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e outras instituições em vários países. Para mais informações sobre o projeto, acesse o site, em inglês.

Fonte: Epoch Times

Você viu?

Ir para o topo