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China e Mongólia tentam reintroduzir cavalo extinto na natureza desde os anos 60

15 de junho de 2013
3 min. de leitura
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Cavalos Przewalski na reserva natural West Lake, na China (Foto: Ed Jones/AFP)
Cavalos Przewalski na reserva natural West Lake, na China (Foto: Ed Jones/AFP)

China e Mongólia estão empenhadas em recuperar sua população de cavalos Przewalski, uma espécie considerada extinta na natureza desde a década de 1960. Ameaçados pelo clima, pelas dificuldades de se ambientar e, principalmente, por cavalos domésticos, existem atualmente apenas cerca de dois mil Przewalski no mundo.

De acordo com a bióloga Claudia Feh, uma das responsáveis pelos esforços mongóis para a reintrodução da raça na natureza, aproximadamente 500 deles só existem graças a essas iniciativas. A Mongólia já libertou centenas de Przewalski, mas, segundo Feh, o cruzamento com outras raças e as doenças contraídas delas são uma grande ameaça. “Eles possuem uma base genética muito restrita e irão desaparecer geneticamente se não prevenirmos os cruzamentos mistos”, ressalta, acrescentando que todos os cavalos Przewalski vivos atualmente descendem de apenas 13 ou 14 indivíduos.

A bióloga explica ainda que para uma espécie ter sua sobrevivência na natureza considerada segura por pelo menos 50 anos é necessário que existam pelo menos 1.500 animais, um número distante do atual. “Esta é uma espécie ainda muito frágil”, alerta, segundo a agência AFP.

Na China, os esforços começaram em 1986, quando o país comprou 18 cavalos nascidos nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha. Reproduzidos em cativeiro, eles chegaram a 70 e atualmente existem 27 vivendo na reserva natural West Lake, o mais próximo possível da liberdade. “São 16 fêmeas e 11 machos. Registramos inclusive o nascimento de um potro em julho de 2011, um novo sucesso no processo de reintrodução”, comemora Sun Zhicheng, funcionário da West Lake, que ocupa uma área de 660 mil hectares. Ali, o principal desafio dos Przewalski são as condições climáticas e o solo rígido e seco da estepe desértica de Gansu, uma região que registra apenas quatro centímetros de chuva por ano. Os animais precisam percorrer uma distância de 30 quilômetros para chegar a uma fonte de água que não congela durante o inverno e aos dez quilos de comida seca que consomem diariamente. Ampliamos dez poços para melhorar o suprimento de água e planejamos trazer a água do rio. No inverno, temos que quebrar o gelo para que eles possam beber”, conta.

Sun Zhicheng, funcionário da reserva natural West Lake, ao lado de um dos cavalos Przewalski que vivem no local. (Foto: Ed Jones/AFP)
Sun Zhicheng, funcionário da reserva natural West Lake, ao lado de um dos cavalos Przewalski que vivem no local. (Foto: Ed Jones/AFP)

Outro funcionário da reserva, Lu Shengrong, acrescenta que alfafa seca, palha, feijão preto e milho são providenciados durante o inverno, quando a grama e o restante da vegetação local se tornam escassas.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, os cavalos Przewalski, cujo nome faz referência ao explorador russo que os avistou pela primeira vez em 1880, já chegaram a ocupar uma área que se estendia até a Europa ocidental. Mas a redução de seu habitat e o alto índice da caça fizeram com que fosse considerado extinto na natureza na década de 60.

Com seus típicos pescoços curtos, crinas de pelo curto e espetado e pelagem amarelada, eles apresentam grande semelhança com animais pintados em cavernas europeias e, segundo uma lenda chinesa, foram descoberto há dois mil anos por um criminoso exilado perto de um oásis em Dunhuang. “Um homem havia sido condenado e banido de Dunhuang. Enquanto estava caminhando perto de um lago, viu um desses cavalos. Ele tinha um manequim e o colocou no caminho que o cavalo percorria. Um dia, ele tomou o lugar do manequim e conseguiu capturar o animal para presentear o imperador. O homem então, mentiu ao imperador Han Wudi, dizendo que o cavalo tinha brotado de uma fonte. E o chamou de cavalo celestial. O imperador adorou tanto o animal que escreveu um poema sobre ele”, conta Sun Zhicheng.

Fonte: G1

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