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Professor desperta nos alunos o interesse por debater ética e experimentação animal

13 de junho de 2013
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Por Veridiana Sganzerla (em colaboração com a ANDA)

Alunos engajados no projeto sobre Direitos dos Animais - Foto: Divulgação
Alunos engajados no projeto sobre Direitos dos Animais – Foto: Divulgação

Cosméticos, remédios, roupas, acessórios. Itens tão presentes na vida de todos nós, e certamente grande parte da população consumidora desconhece o que está por trás da fabricação dos produtos. É difícil imaginar, mas muitas vezes para que um simples batom chegue às lojas, algum animal, como um coelho, passou por testes torturantes, para que o fabricante aprovasse a maquiagem.

O mesmo acontece com macacos, cães, gatos, ratos e dezenas de outras espécies, que têm seus olhos irritados, perfurados, sua pele arrancada, seu estômago revirado, para que cada um de nós chegue ao supermercado e leve um xampu, um desodorante, um comprimido, uma caixa de suco. Mas afinal, o uso de animais nestes tipos de testes é realmente necessário? Pois se os produtos são para o consumo humano, por que não testar em humanos?

Essa é uma questão para ser melhor aprofundada em debates e explicada por especialistas e industriais. Quanto a nós, consumidores, resta ter consciência e conhecimento para saber se vale realmente a pena comprar um produto que foi testado em um animal. E de que maneira.

É importante fazer com que as novas gerações tenham essa consciência, e em poder do conhecimento, saibam o que fazer com tal informação. Deste modo, o advogado e professor garcense José Honório de Oliveira acabou por despertar em seus alunos o interesse pelo assunto.

Lecionando Administração Jurídica na ETEC Antônio Devisate, em Marília (SP), José Honório não tinha o intuito de “misturar” defesa ambiental com a disciplina, mas ao se apresentar aos estudantes, ele mencionou seu engajamento pela causa animal, e assim eles quiseram saber mais: “Eu estava me apresentando aos alunos, comentando sobre minha projeção educacional e profissional desde que entrei na faculdade, passando pelo meu Trabalho de Conclusão de Curso e, posteriormente, meu projeto de pesquisa para entrar no Mestrado, ambos abordando a experimentação animal. Disse que já fiz algumas apresentações, inclusive com a exibição de um vídeo da ONG estadunidense PETA, ‘Testing 1…2…3’ , mas sem a intenção de apresentá-los o vídeo”, relata o professor.

Conforme ele explica, o vídeo fala sobre a experimentação animal, mostrando os testes realizados em animais não humanos e tocando na questão da ética, ao indagar se o que fazemos com estes seres é certo. “Ocorre que, imediatamente, a classe toda se interessou em assistir o vídeo, e após algumas insistências (por parte dos estudantes) eu o apresentei. Eles ficaram surpresos e nem imaginavam que os animais eram submetidos à tamanha crueldade”, destaca.

Embora o vídeo não faça parte do cronograma de sua matéria, o professor acabou entrando no tema já que ele tem muito a ver com Direito Ambiental, e consequentemente, Direitos Animais.

O vídeo “Testing… 1,2,3” foi exibido no mês de abril, e os estudantes imediatamente pensaram em um projeto envolvendo os direitos animais, pensando em levá-lo à FETEPS – feira tecnológica do Centro Paula Souza – que reúne os alunos das ETECs de todo o Estado, a fim de expor seus trabalhos. “Quando fiquei sabendo (do intuito sobre a feira) pedi para a representante da classe informar a sala que se alguém se interessasse pela área de Direitos Animais (ou qualquer outra área jurídica), que me procurasse. Tive a grata surpresa de ter seis alunos, divididos em 2 grupos, que me procuraram e enviamos o projeto. Um dos trabalhos desenvolvidos ficou com o título ‘A Face Oculta da Vivissecação/Experimentação Animal’ e o outro ‘Laboratórios: um grito de socorro’”, revela José Honório.

O professor afirma que a espera pela aprovação do projeto vai até o dia 18, mas que independente do resultado, ele já sente-se recompensado por ver que os jovens demonstraram sensibilidade com a causa animal. E pensa que se os alguns estudantes de Marília estão pensando desta forma, por que não tentar levar esse tipo de informação aos alunos garcenses?

O advogado conta que essa espécie de vídeo – que pode chocar muita gente -, faz parte das campanhas da PETA e de outras ONGs que, através de pressão e muita briga, vêm conseguindo bons resultados, “tanto é que os testes em cosméticos na União Europeia já foram proibidos”, afirma. O professor lembra-se que os alunos, diante das imagens, tiveram reações visivelmente fortes, mas que são fatos importantes que a mídia de modo geral oculta, e que precisam ser conhecidos. Não se trata de puro sensacionalismo, é o que acontece de verdade nos bastidores de muitas indústrias: “É como se eles tivessem tomado a pílula vermelha de ‘Matrix’, que mostra a realidade que não é visualizada devido à alienação. Muitos alunos ficaram chocados com o vídeo sim, até choraram ou viraram o rosto para não assisti-lo, mas acho que eles deram um sinal para rever seus os conceitos”.

Entretanto, o professor afirma que esse tipo de transformação de consciência ainda vem de uma minoria, que reflete sobre o assunto, “mas, por mais que seja a menor parte, tocando um ou outro aluno, já é importante para quem luta pelos Direitos Animais. Uma aluna, que não é minha orientada, começou a assistir vídeos de como os animais são explorados em diversas áreas; ela disse que nunca tinha pensando nisso. Então quem sabe é mais uma que não abriu os olhos, não é!?”, indaga o ambientalista.

Assim, o professor, advogado e defensor dos animais espera que o interesse por saber como os animais são tratados em determinados laboratórios, como os testes são realizados, como nosso consumo pode influenciar na vida dos animais, seja disseminado a outros estudantes, que outros projetos possam ser idealizados e que o debate sobre os direitos animais esteja cada vez mais presente dentro e fora das escolas.

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