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Brasileiros ainda cuidam pouco da saúde dos animais domésticos

7 de junho de 2013
5 min. de leitura
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O mercado de produtos para animais no Brasil é o segundo maior em faturamento no mundo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Com mais de 100 milhões de animais nas residências brasileiras, os produtos para eles movimentaram R$ 13,6 bilhões em 2012. Com esses números impressionantes, era de se esperar que todos esses bichinhos fossem muito bem cuidados, não? Não. A estimativa do setor é de que entre 30 e 40% dos animais domésticos recebem cuidados veterinários adequados. Ou seja, menos da metade.

Como os custos com a imunização nos primeiros meses de vida são mais altos, o ideal é pensar bem antes de adotar animais, para não ocorrer de oferecer condições inadequadas a ele.

Menos de 40% dos animais de estimação brasileiros recebem os cuidados veterinários adequados
Menos de 40% dos animais brasileiros recebem os cuidados veterinários adequados – Foto: Divulgação

O médico veterinário Andrei Nascimento, gerente Técnico da MSD Saúde Animal, explica que 70% dos animais que morrem antes dos 3 anos de idade são vítimas de doenças infecciosas, que seriam facilmente prevenidas com a vacinação. “Para citar alguns exemplos, os cães sofrem com parvovirose, cinomose, lepstopirose; e os gatos podem contrair rinotraqueíte, panleucopenia e calcivirose, entre outras. As doenças podem levar à morte do filhote em pouco tempo”, alerta o especialista.

Os filhotes com menos de 5 meses exigem mais cuidados. Antes de completarem todo o protocolo de vacinas, eles não podem ser expostos a todos os desafios que o animal adulto enfrenta. “Não é recomendado que eles tenham contato com aglomerações de pessoas, parques e praças com grande fluxo de cachorros. Na medida em que os anticorpos fornecidos pelo leite materno vão perdendo seu efeito, eles estão muito expostos a infecções. O sistema imunológico ainda não está totalmente desenvolvido”, alerta o veterinário.

Os filhotes de cães e gatos devem tomar três ou quatro doses de vacina múltipla – a partir da sexta até a 16ª semana de vida. Cada dose deve ter um intervalo de três a quatro semanas. Depois disso, é fundamental o reforço anual.

Mas, existem casos – e vacinas específicas – em que a imunização pode ser feita de forma precoce, com apenas 3 ou 4 semanas de vida. “Se um filhote tiver que viajar para outro estado ou país, por exemplo; ou se a mãe não teve leite ou morreu no parto; ou ainda se ele for introduzido em um ambiente antes habitado por um bicho que morreu em virtude de uma doença infecciosa, a vacina adequada à idade do filhote pode ser aplicada antes do período normal”, detalha Andrei.

O especialista explica que, principalmente nos casos em que o bichinho convive com crianças, os pais ficam muito ansiosos para adotar outro animal. “A criança tem febre, chora durante a noite e sente saudade do animalzinho que faleceu. Mas o ideal seria procurar a orientação do veterinário antes de introduzir um novo animal. O problema é que a maioria das pessoas só procura depois que o bichinho está em casa”, alerta o médico veterinário. Os pais costumam levar o novo animal para casa durante a semana e só vão vaciná-lo dentro de alguns dias, o que pode expô-lo a alguma infecção no novo ambiente.

Filhotes devem receber mais doses para ficarem completamente imunizados
Filhotes devem receber mais doses para ficarem completamente imunizados – Foto: Divulgação

Uma dica para essa situação é, seja em casos de compra ou adoção, que os pais levem a criança ao abrigo/canil/gatil, escolham o novo mascote e informem ao filho que aquele será o novo bichinho da família, mas que só irá para casa quando estiver com todas as vacinas em dia. A criança pode inclusive visitá-lo nesse período.

Durante essa fase mais crítica da vida do filhote – entre a sexta e a 12ª semana de vida – ele deve evitar alguns riscos, mas não pode deixar de socializar-se. “Em vez de levá-lo a uma praça ou parque, leve para a casa de um amigo ou parente que tenha outros animais saudáveis. É um risco mais bem calculado”, ensina o especialista.

Se o bichinho escolhido tiver mais do que cinco meses, será necessário fazer exames para avaliar se ao animal está saudável. Uma vez concluída esta etapa, duas doses de vacina múltipla – além da vacina antirrábica – são suficientes. E, é claro, o reforço anual.

Cuidados
Uma das preocupações dos tutores está na possibilidade de uma reação alérgica. “A vacina é produzida para não provocar reação. Mas, como cada animal reage de forma diferente, ela pode acontecer, principalmente na aplicação de vacinas múltiplas, que estimulam o sistema imunológico de maneira mais acentuada”, explica o veterinário.

Hoje, já existem inclusive vacinas para gripe canina, que é uma doença muito contagiosa. Ela pode ser aplicada anualmente e está disponível na opção intranasal. “Essa forma dispensa a injeção, é indolor e de fácil aplicação. Nesta época do ano, em que os agentes infecciosos permanecem nos ambientes por mais tempo e os animais tendem a se aglomerarem, a vacina pode ajudar a evitar doenças respiratórias comuns”, diz o especialista.

Em relação a outros animais que estão se tornando mais comuns no Brasil, como os coelhos, a oferta de vacinas é mais restrita. “Na Europa, já existem vacinas específicas para os coelhos. No Brasil, temos apenas para furões (ou ferrets)”, explica o veterinário. Esses animais devem sempre ser levados ao veterinário para avaliar suas condições de saúde.

Fonte: Portal Saúde Plena

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