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O espírito de guerra não nos serve mais

19 de março de 2012
2 min. de leitura
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Por que estamos sempre preparados para a guerra se queremos a paz? Se gostamos tanto de amar, e não tenho razão de duvidar que a maioria de nós deseja isso, por que nos entregamos tão facilmente ao ódio que consome o nosso espírito?

É que valorizamos a guerra. Aprendemos que a capacidade de lutar é uma qualidade absoluta. Por isso costumamos dizer que uma pessoa que vence grandes obstáculos é guerreira na vida.

É apenas uma questão de escolha da palavra? Questão semântica? Ser guerreiro poderia ser dito lutador? Ou um batalhador? Um combativo? Qualquer que seja a palavra, todas têm o mesmo sentido, o de vencer algum confronto.

A ação de deslindar uma situação adversa poderia não ser encarada como uma batalha, não ser comparada a uma guerra. Por que não chamá-la de desafio? Melhor ainda, de dificuldades?

Mas essas palavras não são as preferidas. Talvez porque desafios e dificuldades não sejam tão emocionantes. Faltam explicitar inimigos. Não evidenciam que existem pessoas a serem combatidas e que se sentirão derrotadas. Elas parecem ser batalhas menores.

Sabe por que estou falando sobre tudo isso? Porque outro dia vi uma manifestação em defesa dos animais e do vegetarianismo. A população se mantinha à distância tamanha era a violência do discurso. Não se estava buscando explicar a razão daquele movimento. Os manifestantes falavam em um tom como se todos ali fossem inimigos. Todos culpados.

Queremos cooptar as pessoas para uma causa que tem como conceito a não-violência, o respeito aos seres vivos e o convívio com a natureza, destruindo tudo o que é contrário ao que acreditamos?

Não se destrói milhares de anos de hábitos e costumes. O desenvolvimento tem como base a compreensão da história, a consciência dos tempos e a alegria da construção. E isso decorre num cenário de paz e de aprendizado, jamais de guerra de devastação.

O primeiro passo é a conquista da serenidade e da paz pessoal dos que lutam por uma causa tão pertinente para os dias de hoje. Claro que pela educação que recebemos temos mais forças quando estamos numa guerra, quando imaginamos que estamos diante de um inimigo. Mas o que vivemos hoje é mais do que uma guerra que tanto conhecemos. É uma construção até hoje desconhecida que exige um novo tipo de diálogo, uma linguagem inspirada em um novo tempo. A guerra já não nos serve.

Isso é complicado? É sim, muito complicado. Mas a alegria não está em construir uma nova relação entre todos os seres vivos?

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