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Aposentada de Campinas (SP) pede ajuda de entidades para cuidar de 40 cães

13 de março de 2012
3 min. de leitura
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Maria Aparecida cuida de 40 cachorros em sua casa em Campinas, SP (Foto: Bárbara Bretanha / G1)

A aposentada Maria Aparecida Silva “não aguenta ver um bicho sem cuidados” e com dedicação, tenta reverter um quadro cada vez mais grave em Campinas, interior de São Paulo: o do abandono de animais nas ruas.

Dados da Secretaria de Saúde revelam que pelo menos 30 mil cães estão nas ruas da cidade. Segundo informações do Disque-Denúncia, o número de ligações relacionadas aos maus-tratos de animais subiu em 122,7% nos último ano. Foram feitas 571 reclamações em 2011, e 257 em 2010.

Aos 70 anos, a voluntária cuida de 40 cachorros em sua casa, na Vila Costa e Silva, já que não existe lei ou órgão municipal que ofereça esses cuidados.

Maria Aparecida não se considera uma protetora e apenas diz “sentir muita dó”. Ela começou com cinco cães, mas perdeu o controle. “As pessoas sabem que eu cuido, então jogam os bichos por cima do muro e a maioria, doente”, afirma. Em seis anos ela chegou a cuidar de 52 cães, mantidos dentro da casa pequena. Dez morreram, dois foram adotados, mas o fardo continua pesado. “Não tenho mais condições. Perdi o amor. Mas se eu não cuidar, quem cuida?”, disse.

A preocupação com os cuidados necessários chegou a causar danos à saúde da aposentada. “Duas vezes o resgate teve que vir me levar para o hospital. Eu já tenho o joelho ruim, pressão alta, diabetes (…) E agora, estou com depressão”, explica.

Cães foram abandonados (Foto: Bárbara Bretanha / G1)

Segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas, cerca de 70 animais de pequeno porte, como cães e gatos, são recolhidos todos os meses, mas o centro trabalha apenas com animais que apresentem riscos à população. “A cidade é grande demais e os cães procriam rápido e não é possível fazer o recolhimento completo. Então o poder público trabalha com programas de castração, campanhas de posse responsável e em parceria com as entidades protetoras”, afirma Marco Aurélio Capitão, assessor da secretaria de Saúde.

Maria Aparecida apelou para as ONGs, mas ficou decepcionada. “Alguns voluntários de associações vieram aqui, deram vermífugo, um saco de ração (…), mas e agora? “. Uma das entidades procuradas foi a UPA (União Protetora dos Animais), que informou que não faz recolhimento dos animais e cabe à pessoa tirar fotos e enviar para eles, para que possam procurar lares adotivos.

A aposentada diz não saber mais a quem recorrer. “Pedi até cesta básica na igreja, falei com assistente social, me humilhei, tudo para alimentar esses bichos, mas ninguém se importa”, disse.

De 52, 10 cães faleceram (Foto: Bárbara Bretanha / G1)

Abandonar os cachorros novamente está fora de questão, no entanto, Maria não recolhe mais novos bichos. “Deixaram um cachorro aí na frente, amarrado num poste. Eu peguei e levei até a esquina, larguei lá. Voltei com lágrimas nos olhos”, justifica. “Eu já não posso mais sair de casa. Queria minha vida de volta, mas eu tenho medo que seja tarde demais.”

Estatística

Somente nos primeiros oito dias de março, foram feitas 17 denúncias de maus tratos animais, ao Disque-Denúncia de Campinas. Ao todo, foram 107 denúncias em 2012.

Maria Aparecida cuida de 40 cachorros em sua casa em Campinas, SP (Foto: Bárbara Bretanha / G1)

Fonte: G1

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