EnglishEspañolPortuguês

Associação do RS busca parcerias para melhorar atendimento aos animais

10 de março de 2012
6 min. de leitura
A-
A+
(Foto: Reprodução/Jornal Dimensão)

A AIMPA (Associação Imbeense de Proteção aos Animais) é uma ONG sem fins lucrativos, sem aporte financeiro da prefeitura, que se sustenta apenas com doações. A organização deveria ser um orgulho para o município, mas o descaso com o local se torna vergonhoso para os amantes dos bichos. No ano de 2010, a AIMPA recolheu 560 animais, entre gatos e cachorros, em 2011 foram 248, e em 2012, de janeiro até o dia 22 de fevereiro, já foram recolhidos 56 gatos e cachorros.

A associação iniciou suas atividades no ano de 2009, na própria casa de Virna Alice Marciel Cruz, com seu esposo Julio Efrain Puglia. O casal residia na cidade de Novo Hamburgo e, devido à violência local resolveram se mudar para a praia de Marisol, há 7 anos e junto com eles, vieram dois gatos e uma cadela. “Em menos de dois meses eu já tinha 20 bichos dentro de casa, porque a vizinhança ficou sabendo que eu cuidava, e largavam na minha porta de madrugada os cachorros com sarna e abandonados. Juntamos o dinheiro que tínhamos na poupança e compramos o terreno ao lado, e ali começou a associação”, afirma Virna.

O Poder Executivo criou uma lei para que a associação tivesse um terreno próprio, que foi locado pela prefeitura no ano de 2010, pelo valor mensal de R$ 1.500/aluguel, pago somente até o final do mesmo ano. Em 2011 foi repassado para a associação R$ 4.500 no mês de dezembro, o que causou o atraso nos aluguéis. Para que a população tenha noção do quanto custa manter uma ONG sem ajuda financeira do município, Puglia explica que eles receberam da Câmara de Vereadores de Imbé o valor de R$ 20 mil em 2011. Este dinheiro foi repassado mensalmente, gerando assim, mais ou menos R$ 1.500 por mês. “Com mil e quinhentos reais por mês eu não faço, praticamente nada aqui. Sabe quanto custa cada saco de ração? Custa R$ 55,00. Nós usamos por mês 90 sacos de ração para cães adultos de 25 kg cada”, salienta. “A prefeitura não nos ajuda com nada. Trabalhamos aqui 24h, porque os bichos são que nem gente e precisam de cuidados o dia todo. Somos eu, Virna e dois funcionários. A Verna Irene iniciou como voluntária, mas agora nós pagamos para ela poder vir ajudar todos os dias, e o Alexandre Santos, que é bolsista pela prefeitura recebe R$ 350 (do Executivo) para trabalhar no turno da manhã, e nós pagamos mais R$ 300 para ele vir no turno da tarde”, destacou. Ainda de acordo com Puglia os pagamentos de luz, remédios, vacinas, castrações e tudo o que precisar, sai do próprio bolso do casal, e das doações recebidas. “A AIMPA precisa sempre, de qualquer tipo de doação. Seja de madeira, matérias para construção, costaneira, casinhas para cachorros, ração para cães adultos, filhotes e gatos, ajuda de médicos veterinários, jornais antigos para por no chão, coleiras, potes de água e para ração, entre outros, pois tudo ajuda”, afirmou Puglia.

Vários cães são deixados na AIMPA com sarna, cegos, mal tratados, com traumas anteriores e outros diversos problemas. A associação tem gasto com remédios, como gardenal, cefalexina, cetoconazol, advocate, polivalente, entre outros. No ano de 1998 uma lei foi criada proibindo a eutanásia de animais e, “por mais que esta lei exista, parece que as pessoas não se dão conta, que o que fizerem para os bichos pode voltar e acontecer com elas. Nenhum animal merece ser mal tratado. Eles não têm culpa da irresponsabilidade dos humanos. Aqui nós temos um abrigo canino, que não quero que se transforme e, muito menos, que as pessoas pensem que é um depósito canino. Não, aqui nós cuidamos dos bichos como se fossem filhos. Tenho 38 cachorros que dormem na minha casa, comigo e com meu marido, porque não tenho mais espaço para tanto cachorro na associação. Precisamos de doações, não temos mais lugar para tantos bichos carentes, infelizmente. Temos que aumentar tudo, necessitamos e muito da ajuda da prefeitura e dos moradores!”, afirma Virna. “Assim que construímos a AIMPA, várias cidades vizinhas, como Capão da Canoa, Pinhal, Cidreira entraram em contato conosco para questionar como nós havíamos conseguido o apoio da prefeitura nesta causa e para parabenizar-nos pela iniciativa. Explicamos que era uma ONG e que não tínhamos ajuda do município. Hoje, em Balneário Pinhal, o prefeito montou um Canil Municipal com 20 casinhas e está construindo mais 20, com verba do município, e além de montar ele ainda dá uma grana para o pessoal conseguir manter. Aqui não temos nem a metade disso. Aqui me disseram que ele fez isso por interesse, para conseguir votos. Eu perguntei: e tu não queres votos? Ele conseguiu, e com certeza vai se reeleger. O município deveria se orgulhar do trabalho sério que fizemos aqui com o mínimo de dinheiro. Poderia ser muito melhor!”, lamenta Virna.

(Foto: Reprodução/Jornal Dimensão)

A principal função da AIMPA é preparar os cães e gatos para a adoção. “Nenhuma cadela adulta sai para adoção sem estar castrada. Nós queremos evitar a proliferação em massa. Pedimos junto à Receita Federal a doação de um ônibus, daqueles que ficam nas garagens esperando os leilões, para fazermos uma Unidade Móvel de Castração, e acreditamos que ainda não recebemos por falta de interesse da prefeitura. Porque lá eles devem se perguntar, onde fica Imbé? O que é AIMPA? Este é o único pedido do município na Receita Federal”, afirma Puglia. “No município de Imbé existem hoje 6 mil cachorros nas ruas, se nós formos recolher e cuidar de todos, como é a nossa vontade, é claro, não teríamos condições de cuidar de todos, pois não temos mais dinheiro! Se nós recebemos 10 ligações por dia, 1 é para fazer a doação de ração e as outras 9 são para largar animais abandonados. É muito triste”, lamenta Virna.

Na data de 2/08/2011, a Prefeitura de Imbé, com autorização da Câmara dos Vereadores, doou à associação uma área de 3.150 m² próxima ao cemitério de Albatroz, para que a AIMPA se retirasse da chácara que hoje ocupa. Sete meses já se passaram e ainda não foi demarcada a área que deve ser ocupada. Por lei, se no prazo de dois anos, não houver construção pronta no terreno, ele será devolvido para a prefeitura. Virna e seu marido estão dependendo novamente da ajuda do município para começar a construção. “O descaso com a AIMPA é fora de sério. Sem contar que aqui onde está situada a associação, temos disponíveis mais de 1 hectare. Teremos que organizar muito bem para que os 260 cachorros e 54 gatos se adaptem a este novo ambiente, muito menor”, salienta Virna.

Neste final de semana (10 e 11), a AIMPA estará organizando um brechó na Escola Tiradentes, localizada na Av. Paraguassu, nº 2365, para arrecadar fundos para a associação. E no dia 17/03 haverá uma ação no Posto de Saúde da Nova Nordeste, juntamente com a Associação de Amigos do bairro Nova Nordeste, com aplicação contra o cio e a sarna, limpeza de ouvidos e corte de unha dos animais. Para expandir e arrecadar fundos a AIMPA vende também camisetas, sacolas recicláveis, broches e chaveiros com o símbolo da associação. Mais informações podem ser obtidas no site www.aimpa.com.br

Fonte: Jornal Dimensão

Você viu?

Ir para o topo